Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Com 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo o maior sucesso editorial do ano, atrás apenas da Trilogia Cinquenta tons de cinza , “Garota Exemplar” alia humor perspicaz a uma narrativa eletrizante. O resultado é uma atmosfera de dúvidas que faz o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy , Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?
Editora: Intrínseca l 448 Páginas l Thriller l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
Ainda estou surpresa com a magnitude dessa história. Eu sou uma garota de romances, de histórias previsivelmente encantadoras e perfeitas, do tipo que terminam de uma maneira bela, feliz e eterna. Entretanto, mesmo receosa, fui conquistada pela narrativa inovadora da autora Gillian Flynn, que optou por mostrar uma faceta obscura e psicótica dos casamentos, indo muito além do “viveram felizes para sempre”. A trama é intensa, confusa, surpreendente e dolorosamente real. Aqui as aparências enganam, a lógica é trapaceada pela imaginação, e os personagens são de carne e osso: rancorosos, vingativos, mentirosos… Nunca imaginei que diria isso, mas Garota Exemplar é um dos melhores e mais verdadeiros livros que já li. E isso não significa que a história seja um reflexo puro de nossa sociedade, mas sim que a trama é capaz de mostrar com veracidade a obscuridade da mente humana – o que, sem dúvida, dá margem para infinitas reflexões sobre quem nós verdadeiramente somos sem máscaras e sem falsidades.
“O amor faz você querer ser um homem melhor – certo, certo. Mas talvez o amor, amor de verdade, também lhe dê permissão para ser apenas o homem que é.”
O livro é narrado sob duas perspectivas (intercaladas entre presente e passado): a de Nick, que descobre que sua mulher desapareceu e segue os dias a procura dela; e a do diário de Amy, que retrata o casamento dos dois, mostrando as falhas de Nick como marido e dando vida ao medo que ela estava sentindo de seu esposo. De começo a leitura é meio arrastada entre as reflexões emocionais de Nick, entretanto em menos de cinquenta páginas o clima do livro esquenta e as dúvidas começam a afligir o leitor. O fato é que os pontos de vista dos protagonistas são completamente discrepantes, de forma que enquanto Nick descreve uma esposa fria e um casamento desmoronando, Amy escreve sobre amor, recomeços, e um Nick alheio às tentativas de reconciliação de sua esposa. Portanto a grande dúvida da trama não é apenas a respeito do que realmente aconteceu com Amy, mas sim de quem, nesse emaranhado de emoções e lembranças, está dizendo a verdade: Nick, com sua frieza e indiferença calculada, ou Amy, com seu sorriso dócil e memórias calorosas? E o charme da história é que, independente de nossas teorias, a autora consegue surpreender completamente o leitor, deixando-nos de queixo caído com seu talento e criatividade.
“Essa era minha décima primeira mentira. A Amy de hoje era agressiva o suficiente para você às vezes querer machucá-la. (…). Minha esposa não era mais minha esposa, mas um nó de arame farpado me intimando a desfazê-lo, e eu não estava à altura do trabalho, com meus dedos grossos, insensíveis e nervosos.”
Por tratar-se de uma narrativa intercalada cada capítulo me fez acreditar em um final diferente. Em um primeiro momento eu acusei Nick pelo sumiço de sua esposa, depois quis de todo meu coração que a culpa não fosse dele, só para em um novo momento querer estapeá-lo com todas as minhas forças – sendo sincera, cheguei ao ponto de ofendê-lo com nomes pouco bonitos. Já Amy sempre foi uma incógnita, me conectei com seus diários, com as lembranças de seus pais carinhosos e ainda assim abusivos, com suas reflexões a respeito dos relacionamentos amorosos, e com sua esperança em salvar seu casamento. Como já disse, eu sou a garota dos romances, e foi deliciosamente emocionante ver a personagem detalhar seu amor por Nick: o primeiro encontro, o primeiro beijo, as piadas internas, as noites de riso e cumplicidade. Porém, mesmo torcendo por ela, a Amy descrita por Nick me enojava, então eu não sabia em quem acreditar, o que esperar ou, principalmente, o que supor que aconteceria com eles. E tal confusão só fica mais intensa com o passar das páginas e conforme a autora vai revelando a mente inteligente e monstruosa de seus personagens. Tal leitura foi completamente misteriosa e inesperada, simplesmente não tenho palavras para descrever a intensidade dramática e emocional contida nessas páginas. Ou melhor, talvez eu tenha uma palavra: majestosa.
Além do romance, do mistério, da crítica velada às aparências, e da construção de personagens reais e psicologicamente perturbados, a autora também faz uma boa crítica às convenções sociais, as mídias televisivas mentirosas e gananciosas, e a mudança na forma de propagação da informação – fato que eu apreciei porque dá abertura para a discussão de profissões como o jornalismo, por exemplo, que sofreu (e ainda sofre) com a era digital. Outro ponto positivo é o final impactante que a trama reserva. Nunca imaginaria algo assim, tão comum e perturbador. Fiquei horas refletindo, dissecando e tentando compreender os motivos por trás das ações de Amy e Nick, mas, ainda assim, não obtive sucesso. E esse é o diferencial da narrativa da autora, ela gera reflexão, confusão e, de certa maneira, a aceitação do impossível, a banalização das mentes insanas. Sem contar que essa leitura marca o leitor pelo fato de enganá-lo, confundi-lo e surpreendê-lo repetitivamente, de forma que o sentimento final é: como é que eu não pensei nisso antes?
De fato Garota Exemplar possui tantas camadas que é possível compreendê-lo e lê-lo de diversas maneiras. É como se cada palavra tivesse mil significados contraditórios, fazendo com que cada leitor enxergue a trama de um modo diferente. Eu mesma, por exemplo, vi aqui romance, mentira, destruição, verdade nua e crua, e loucura. Já vocês poderão tirar conclusões completamente diferentes. E isso é tão grandiosamente incrível, pois torna o livro ainda mais humano e único, porque é definitivamente isso que o livro aborda: as nuances diferentes e incompreensíveis da mente humana, mentes maníacas, mas ainda assim humanas. Simplesmente amei!
Adaptação Cinematográfica
O livro Garota Exemplar, como a maioria de vocês já sabem, foi adaptado para o cinema. A estreia ocorreu no início de outubro e, pelo menos até o momento, a adaptação ganhou ótimas críticas dos fãs e da Academia – dizem as más línguas que o filme será um dos grandes indicados para o Oscar. O fato é que eu ainda não assisti ao longa-metragem e que estou MUITO ansiosa para fazê-lo. Dá uma olhadinha no trailer:
Incrível, não é mesmo?
Beijos!
Comente via Facebook