Desapegar: remover da sua vida tudo que torne o seu coração mais pesado. Loucos são os que mantêm relacionamentos ruins por medo da solidão. Qual é o problema de ficar sozinha? Que me desculpe o criador da frase “você deve encontrar a metade da sua laranja”. Calma lá, amigo. Eu nem gosto de laranja. O amor vem pros distraídos. Tudo começa com um ponto-final: a decisão de terminar um namoro de dois anos com Gustavo, o namorado dos sonhos de toda garota. As amigas acharam que Isabela tinha enlouquecido, porque, afinal de contas, eles formavam um casal PER-FEI-TO! Mas por trás das aparências existia uma menina infeliz, disposta a assumir as consequências pela decisão de ficar sozinha. Estava na hora de resgatar o amor-próprio, a autoconfiança e entrar em contato com seus próprios desejos. Parece fácil, mas atrapalhada do jeito que é, Isabela precisa primeiro lidar com o assédio de um primo gostosão, das tentações da balada e, principalmente, entender que o príncipe encantado é artigo em falta no mercado. Isabela Freitas, em seu primeiro livro, narra os percalços vividos por sua personagem para encarar a vida e não se apegar ao que não presta, ainda assim, preservando seu lado romântico.
Editora: Intrínseca l 256 Páginas l Chick-Lit • Autoajuda l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Não se apega, não é a mistura perfeita entre ficção e realidade. Unindo chick-lit com autoajuda, ou seja, dando vida aos verdadeiros dramas do universo feminino, a autora criou um romance belo e reflexivo. Não posso dizer que as palavras contidas nessa obra revelam os segredos por trás dos relacionamentos – não, mesmo após essa leitura eles continuam difíceis de decifrar e rotular – contudo, com bom-humor e toques de veracidade a autora fala sobre amor, desilusão, recomeços, amadurecimento e, principalmente, sobre amor próprio, abordando tais temas de uma forma feminina e direta, auxiliando-nos a enxergar o quanto complicamos algo que, tecnicamente, deveria ser extremamente fácil.
O livro começa com a personagem Isabela, que sim tem o mesmo nome da autora, contando-nos que terminou um namoro de dois anos com o rapaz que todos consideravam um príncipe encantado. O fato é que de príncipe o cara não tinha nada, então desapegando das expectativas e do medo de ficar sozinha a jovem decide pôr fim à relação. Isso quer dizer que ela é uma mulher forte e decidida? Não, ainda não. Ao longo dos capítulos vamos acompanhando Isabela passar pelas várias fases pós-término: a negação, a solidão, a vontade de ir para a balada, a primeira ficada descompromissada, e o vazio que o passar do tempo traz. Isa é uma mulher que, mesmo durona, sonha com o amor e o visualiza em qualquer demonstração de afeto. Ela quer amar desesperadamente e, por isso, quebra a cara constantemente. Temos então choros, desilusões e pequenas lições que são tiradas de tudo isso.
Gostei bastante da jornada de Isa. Foi fácil me identificar com ela e com seus ensinamentos. Em linhas gerais ela vivenciou o que eu demorei alguns anos para aprender: que o amor vem no seu tempo e que, antes do final feliz, precisamos aprender a nos amar e desapegar do que não nos faz bem; o primeiro amor não é o do príncipe, mas sim o da princesa, que aprende a se amar como é. Em meio a esses aprendizados rimos com as trapalhadas da protagonista, que como uma perfeita mocinha de chick-lit, passa por momentos extremamente constrangedores – e pior, momentos muitos parecido com os quais nós já enfrentamos. Fora que Isa tem dois melhores amigos incríveis, um deles muito apaixonantes confesso, que a ajudam a crescer e a manter a cabeça erguida nos momentos de dificuldade. Sendo assim, é fácil gostar da protagonista e de suas trapalhadas, afinal somos, pelo menos um pouco, parecidas com ela.
A parte do chick-lit quase me fez esquecer o toque de autoajuda presente na trama, quase. Como o livro é narrado em primeira pessoa temos a união de duas Isabelas: a autora, que já teve uma boa cota de erros e acertos e que aprendeu com eles o que hoje tenta passar com o livro, e a personagem, que está em fase de crescimento e amadurecimento. Confesso que sem seguir uma ordem cronológica a narrativa fica confusa, dificultando a compreensão de quem está narrando a história, se é a Isabela personagem e atrapalhada, ou a Isabela autora bem resolvida e repleta de lições. Eu gostei das duas facetas da história, mas a maneira como elas se misturaram não me agradou, até porque ambas Isabelas estão em momentos muito diferentes, e é incoerente que uma jovem que acabou de depositar o amor no cara errado – mais uma vez – fale sobre o quanto é importante não criar expectativas e saber reconhecer o amor. Portanto, o que me incomodou de fato foi a junção de memórias, ensinamentos e personalidades conflitantes em uma linha de raciocínio inconstante.
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