Bernadette Fox é notável. Aos olhos de seu marido, guru tecnológico da Microsoft e rock star do mundo nerd, ela se torna mais maníaca a cada dia; para as demais mães da Galer Street, escola liberal frequentada pela elite de Seattle, ela só causa desgosto; os especialistas em design ainda a consideram uma gênia da arquitetura sustentável, e Bee, sua filha de quinze anos, acha que tem a melhor mãe do mundo. Até que Bernadette desaparece do mapa. Tudo começa quando Bee mostra seu boletim (impecável) e reivindica a prometida recompensa: uma viagem de família à Antártida. Mas Bernadette tem tal ojeriza a Seattle – e às pessoas em geral – que evita ao máximo sair de casa, e contratou uma assistente virtual na Índia para realizar suas tarefas mais básicas. Uma viagem ao extremo sul do planeta é uma perspectiva um tanto problemática. Para encontrar sua mãe, Bee compila e-mails, documentos oficiais e correspondências secretas, buscando entender quem é essa mulher que ela acreditava conhecer tão bem e o motivo de seu desaparecimento. Maria Semple revela, em seu segundo romance, a influência de grandes escritores contemporâneos como Jonathan Franzen e Jeffrey Eugenides, ao mesmo tempo que se afirma como uma voz original, marcada pelo melhor humor das séries de TV norte-americanas. Sem sentimentalismos, mas com muita empatia, Cadê você, Bernadette? trata do amor incondicional de uma filha por sua mãe imperfeita.
Editora: Companhia das Letras l 376 Páginas l Romance l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
Cadê você Bernadette? me surpreendeu de formas variadas. Quando peguei o livro pela primeira vez fui tomada pela sensação de que seria mais um livro chato, contudo fui enganada pelo meu sexto sentido!
Escrita inteligente, sensível, envolvente, capaz de fazer o leitor refletir se de fato conhece aqueles com quem convive há anos. O livro é narrado em parte por Bee, ou melhor Balakrishna Branch (mas não conte a ela que a chamei pelo nome completo…ela surtaria…rsrsrs) e em parte por cartas, bilhetes, e-mails e sms trocados pelos personagens adultos: pai, mãe, mosquinhas (como Bernadette chama sua vizinha e as demais mais de Galer Street, escola onde Bee estuda), Manjula (assistente virtual indiana? Como assim?) e o FBI.
Eu sei, eu sei, é muita informação de uma vez só! Eu também me senti assim ao virar as primeiras folhas. Mas mesmo com essa confusão de documentos, trocas de e-mails e bilhetes, me senti incrivelmente grudada ao livro. É uma fórmula estranha que a autora usou. O leitor fica curioso pra saber quem e sobre o quê estão escrevendo, e quem está montando esses documentos.
Mas falando um pouco sobre a história. Cadê você Bernadette? conta a história do amor incondicional de uma filha por sua mãe estranha e perigosa. Durante seus primeiros anos de vida Bee sofreu frequentes internações hospitalares devido a um problema congênito no coração. Por decorrência, desenvolveu asma viral e teve seu crescimento afetado. Sua mãe (a dita Bernadette Fox) abandonou tudo para cuidar da filha, enquanto seu pai, Elgie Branch se enterrou na Microsoft, onde é um programador aclamado.
A vida seguia dessa forma, Bee se tornando cada vez mais brilhante, inteligente e amiga de sua mãe; Bernadette se tornando cada vez mais arredia, reclusa e antissocial e Elgie mergulhando cada vez mais no trabalho.
O livro começa exatamente quando Bee propõe uma viagem de férias a Antártida e Bernadette começa a trocar e-mails com sua assistente indiana que reserva desde as passagens da dita viagem até pedir o jantar para a família toda noite – uma vez que Bernadette se recusa a cozinhar e lavar a louça. Acontece que Manjula não existe, é um disfarce de uma organização criminosa russa que rouba as contas, os dados bancários, senhas de cartões dos Branch através dos e-mails ingênuos de Bernadette. É aí que entra o FBI investigando a relação de Bernadette com a organização.
O fato é que o comportamento arredio de Bernadette começa a incomodar seu marido e ele pensa em interná-la em um hospital psiquiátrico. Bernadette desaparece no dia da intervenção e Bee começa procurar por sua mãe. Mas antes recebe misteriosamente os arquivos do FBI, os e-mails que sua mãe trocou com Manjula, os e-mails trocados por seu pai e sua secretaria, os e-mails e fax trocados entre as mosquinhas e começa a descobrir a mulher genial que sua mãe foi e é e toda a rede de fofocas e mentiras que tornaram sua mãe um ser recluso, esquivo e egoísta.
No final do livro fiquei meio…como assim? Como não previ isso? O final é meio óbvio, mas a forma como foi escrito é que te surpreende. O que me encantou foi a maneira como Maria Semple escreveu sua história. De forma nenhuma eu achei que o final seria tão óbvio, mas o final óbvio, da forma como foi mostrado, não me decepcionou, ao contrário, amei a simplicidade de como tudo foi narrado na tentativa de surpreender o leitor com o óbvio e nos fazer pensar se de fato conhecemos as pessoas que amamos.
Você sabe o que levou seus pais a ser quem são? E seu namorado? Há uma história por trás de todos e ninguém conhece plenamente os outros. Vale a pena gastar um tempo investindo em conhecer o próximo e vale a pena gastar tempo para conhecer Bernadette Fox e Bee Branch! 😉
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