Sua Alteza Real, a princesa Mia Thermopolis da Genovia, cujos diários se tornaram sucessos de venda, agora mostra ao mundo inteiro seu primeiro romance — cheio de perigo, desejo e um amor que vencerá todos os obstáculos… com a ajuda da incrivelmente talentosa Meg Cabot! Finnula é a caçula de seis irmãs e um irmão na Inglaterra do século XIII. Enquanto suas irmãs se contentam em fofocar sobre maridos, crianças e afazeres domésticos, Finnula é alvo de comentários maldosos de toda a vila por caçar nos terrenos do conde e por andar por aí em calças de couro justas! Mas de repente Finnula se vê envolvida numa complicação sem tamanho… Uma de suas irmãs acabou com o seu dote comprando vestidos e bugigangas, e a única forma em que as duas conseguem pensar para recuperar esse dinheiro é muito pouco usual… Sequestrar um lorde ou um cavaleiro rico que possa pagar um resgate! O que ela não esperava é que esse sequestro fosse criar mais problemas do que soluções: o cavaleiro recém-chegado das Cruzadas que é escolhido por Finnula vai acabar se mostrando alguém muito diferente do esperado, e a moça pode acabar tendo que abrir mão do resgate… e de seu coração.
Editora: Galera Record l 404 páginas l Romance Histórico l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Nada menos do que extremamente divertido. Como característico da narrativa da Meg Cabot o bom humor é um traço constante na trama de “Liberte meu Coração”. Em um cenário singular – Inglaterra, 1291 – a autora nos envolve com o romance presente em sua estória, nos ganha com a personalidade ferina de seus personagens e nos encanta com um contexto medieval rico em costumes e formalidades específicos da época, ou seja, a narrativa remete a época dos feudos, dos impostos pagos sobre o uso das terras do Lorde, das Cruzadas, e claro, das donzelas em perigo.
Contudo, a “donzela” a qual somos apresentados é bem diferente das moças de sua época. Finnula é totalmente avessa às tradições e convenções sociais que determinam o que é, ou não, apropriado no comportamento de uma mulher, assim, ela não é do tipo de moça calma e amável, nascida e criada somente para cuidar da casa, costurar, lavar e cozinhar, ou ainda, do tipo que usa vestidos longos e rodados e que vive em busca de um marido. Com a graça do dom de possuir uma ótima pontaria, Finnula prefere caçar e cavalgar, andando por aí, para o espanto da grande maioria, em uma justa e inapropriada calça de couro. Sua personalidade é forte e dominadora, com a língua afiada ela não tem medo de expressar e de fazer valer sua opinião, traço comum nas heroínas criadas pela Meg, contudo, a grande diferença entre elas e a Finnula é a ação, ela definitivamente age de acordo com seus próprios conceitos, o que é no mínimo, bem atrevido para a época em questão.
Entretanto, Finn possui um coração bondoso e diante de um pedido aflito de uma de suas irmãs, se envolve em uma tremenda enrascada. O fato é que sua querida irmã gastou todo o dote em frivolidades e para juntar o montante novamente, recorre a Finn, a qual sabe que possui coragem suficiente para tal artimanha – O plano das jovens é sequestrar um homem de posses, para então, com o valor do resgate, ganhar o dinheiro suficiente para ajudar uma delas a reconstruir sua vida. Finn sabe que a prática é perigosa, mas segundo sua irmã várias mulheres da redondeza já recorreram a essa técnica, desta forma, sem muitas escolhas, sai em busca de uma “presa perfeita”.
Assim que ela escolhe um alvo, não mede esforços para encurralá-lo e sabendo da sua posição como mulher, usa esse artifício para distrair aquele que imagina ser um nobre que retorna para casa depois de alguns anos servindo no exército das cruzadas. Contudo seu sequestrado, muito maior e mais forte que ela, possui uma irritante calma com relação à situação, parecendo fazer pouco caso do sequestro. O que Finn não sabe é que ele, ao mesmo tempo em que está surpreso com os modos incomuns de sua sequestradora, está encantado com sua beleza e bom humor e que por isso, de bom grado, resolveu deixar ser raptado por ela.
“Que tipo de mundo era este onde estava? Quando, em nome de Deus, donzelas tinham começado a usar calças de couro, a capturar homens adultos e prendê-los para pedir um resgate? Estava longe da Inglaterra fazia muito tempo, ele percebeu, mas era possível que tanta coisa tivesse mudado durante esses anos? Porque, dez anos antes, adoráveis donzelas coravam ao falar com um estranho. Não tiravam a roupa na frente de um e depois pulavam em suas costas e seguravam uma faca em seu pescoço.”
Juntos, Finn e seu sequestrado nos divertem com a inusitada contradição existente na relação que os une. Ela, por um lado, quer provar a ele o quanto é forte, ameaçando-o constantemente, e ele, a contrapartida, divertido com a atitude de sua bela sequestradora, quer desvendar os mistérios que envolvem sua personalidade cativante. Nesse impasse eles vivem um longo período de brigas recheadas de muito bom humor e uma leve dose de desejo.
“(…) Bem, meu irmão mais velho, Robert, tenta cuidar de mim, eu acho. Mas somos seis… — Seis o quê? — Seis irmãs. E não é fácil para ele… — Meu Deus — ele exclamou. — Você está dizendo que existem mais seis de você em casa?”
Hugo, o sequestrado, tem uma personalidade envolvente, ameaçador quando precisa, ele sabe como intimidar as pessoas, irônico não poupa palavras, mas quando quer, sabe ser sedutor e encantador. Logo descobrimos seus segredos e a forma com a qual eles colidem com o passado de Finn, um passado repleto de lembranças que ela quer, de todas as formas, esquecer. Assim, não demora muito para a autora inserir boas doses de mistério na trama, surpreendendo-nos com o caminho para o qual ela segue.
Gostei muito do livro, me diverti muito com Finn e Hugo, me emocionei com a história do passado de cada um deles, me encantei com o cenário, mas principalmente adorei ver a forma como eles passam a se amar. O início da paixão, o leve indício do amor, tudo é belo e contagiante, mas como um bom livro de romance, não é fácil, afinal, Finn tem uma grande resistência ao charme natural de Hugo.
“— Você acha que sou tola? — ela perguntou. — Que vou ficar extasiada por suas lindas palavras e implorar para você me tomar em seus braços? — ela riu com sarcasmo. — De jeito nenhum! — Vai ser uma longa noite. — Hugo suspirou. — Longa e fria. Pense no conforto que encontraríamos um nos braços do outro… Finnula ergueu-se e, com o punho, desferiu um golpe sonoro no meio da testa do cavaleiro, fazendo com que a cabeça dele batesse contra o pé da grade da manjedoura”
Toda a diversão e encanto do livro são previsíveis, afinal, não esperamos menos do que isso nos romances históricos escritos pela Meg Cabot, mas nesse, em particular, teve um ponto que me incomodou, a grande semelhança da trama com os outros livros desse gênero escritos pela autora. Não me entendam mal, o livro é ótimo, contudo, em alguns pontos eu me questionava – Sério que novamente a estória vai caminhar para esse rumo?. O ponto central é que os romances históricos da Meg seguem um ciclo vicioso – mocinha fora dos padrões da época, paixão avassaladora, resistência que o casal tem em assumir o sentimento de amor que os liga, ambição por poder de alguns e suspense quanto ao “final feliz”, claro que a trama varia, mas a semelhanças existentes entre elas, como já disse, me incomodou, principalmente pelo fato de que esse livro, em particular, ter me lembrado, e muito, a narrativa do livro “A Rosa do Inverno”.
Entretanto, mesmo com as semelhanças, a autora conseguiu me surpreender com a força de seus personagens e claro, com a riqueza do cenário criado. Confesso que talvez tenha esperado mais, mas isso é devido a minha preferência pelos romances históricos, e pelo fato de que ultimamente tenho lido uma grande variedade de livros dessa classe, o que com certeza, modificou minhas expectativas quanto aos mesmos.
De qualquer forma, super indico o livro, ele é leve, divertido e romântico, talvez um pouco previsível e clichê, mas vindo da Meg, isso é relevante, afinal, sua escrita bem humorada nos proporciona uma leitura super agradável, independente dos artifícios de sua narrativa.
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