Beleza estranha é a história de Roberto. A história de Roberto é a história de uma relação afetiva, da dinâmica de uma família em torno de um pai autoritário e controlador. Um pai que faz com que Roberto, menino, sinta muito cedo a dor da rejeição paterna e busque encontrar o seu lugar, mudar o rumo da sua vida. A decisão de mudar instalou-se a partir de uma revelação dolorosa a que teve acesso inesperadamente. A história de um homem que constrói a sua vida a partir das carências instaladas pela falta de afeto paterno, pela observação do sofrimento da mãe. E, na luta pela superação, ele revela sua grande generosidade quando o pai vem bater à sua porta. E, no final surpreendente, ele se dá conta de que “a vida é mesmo estranha, mas é bela”.
Editora: Chiado l 188 Páginas l Drama Familiar l Compare & Compre: Editora • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Beleza Estranha é o tipo de livro que cativa desde a primeira página. A sinopse já promete muita emoção e reflexão, pois ao falar de um tema tão comum quanto à agressão física (e consequentemente o abuso moral), o autor dá vida a realidade de milhares de famílias espalhadas pelo mundo. Aqui, temos a descrição de um lar marcado – física e emocionalmente – pelas surras de um pai autoritário e agressivo. E ao mergulhar no clima agridoce dessa casa, Tércio nos faz enxergar a beleza estranha da vida que, mesmo em instantes de infinita dor, nos reserva momentos de surpresa, amor e perdão.
A trama tem como ponto de partida a década de 70 e, por girar em torno da história de Roberto, permite acompanharmos o protagonista desde a infância até o ápice de sua vida adulta. Sendo assim, mergulhamos no dia a dia de um jovem que não entende o motivo da família estar deixando a capital e mudando para o interior – tudo o que ele sabe é que o pai, comunista assumido, resolveu que viver no interior seria melhor. Vamos então seguindo os passos dessa família: a mudança, a adaptação no novo lar, as descobertas e as traquinagens do menino Roberto e, principalmente, a relação que ele tem com o pai. Vivendo em um lar no qual as brigas e as surras fazem parte da rotina, Roberto cresce com um sentimento negativo perante a figura paterna. Para o garoto, é impossível que aquele homem bruto, grosso, ríspido e maldoso, seja mesmo seu pai. Em meio a gritos, socos, cobranças e traições, Roberto não vê a hora de se livrar do domínio do pai. Porém, o destino tinha outros planos para eles.
“Era daqueles caras que achavam que mulher é produto de cama e mesa. Os filhos são posses, quase escravos. Homem nunca chora. Não hesitava em usar a violência. Se tivesse que partir para a agressão, não pensava duas vezes.”
O que mais gostei na trama, sem dúvida, foi da narrativa fluida e direta do autor. Tércio escreve com simplicidade e objetividade, deixando a leitura muito mais rápida e prazerosa – tanto é que iniciei e terminei a obra em questão de horas. Além disso, desde o início fica claro para o leitor que a história, mesmo quando foca nas descobertas e no amadurecimento do protagonista, quer trabalhar o conceito de amor familiar e abordar temas tabus como agressão, abuso e preconceito. Confesso que pensei que o livro traria uma narrativa minuciosa a respeito do dia a dia de Roberto, porém ao invés disso encontrei a descrição dos principais momentos da vida do jovem contrabalanceados com o amadurecimento da sua relação com o pai: quando criança Roberto é um filho questionador e esperançoso; na adolescência um jovem revoltado; no início da vida adulta um rapaz decidido a esquecer o passado; e no avançar de sua vida adulta um homem capaz de perdoar e recomeçar. E eu amei isso, amei o processo de crescimento do Roberto e os altos e baixos do relacionamento dele com o pai. Acho agressão e violência crimes injustificáveis, ainda mais de um pai para com os filhos ou de um marido para a mulher, mas também acho o perdão uma dádiva de Deus que liberta e cura nossos corações. Então gostei de ver Roberto aprender a perdoar e se deixar curar das sequelas deixadas pelo pai.
Minha relação com o livro foi bem pessoal – meu avô, apesar de ser um homem amoroso e de caráter – era violento e agressivo. E isso deixou várias sequelas em minha família, sequelas que até hoje meu pai e meus tios carregam. E digo isso porque é aqui que está a verdadeira essência da obra: falar sobre assuntos reais que fazem parte da história de milhares de famílias. Acho que em raros momentos o autor se perdeu e descreveu situações que não agregam em nada (principalmente no quesito sexualidade), contudo o fato é que apesar desse detalhe esse é o tipo de leitura simples e verdadeira que nos faz repensar nossas mágoas e buscar a cura dos nossos corações. Ou seja, eis um livro cheio de reflexão, sinceridade, crueldade (do tipo real que marcou gerações, principalmente as de nossos pais ou avôs) e amor – um amor feio, mas que faz a vida valer a pena.
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