Na praia de Boa Viagem, Recife, um menino porto-riquenho, órfão, sem-teto e de passado sombrio, entra em ação. Seu nome é Chunk DeLuna, e ele jamais será pobre novamente. Vinte anos mais tarde, ele é o criminoso mais poderoso do Brasil, proprietário de uma grande construtora e está encarregado de construir um estádio para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Com a aproximação das Olimpíadas, os obstáculos se acumulam para DeLuna: protestos populares, o temor do Zika vírus, a ameaça oculta de um rio subterrâneo, o COI e a FIFA não querem realizar jogos em seu estádio. Ao mesmo tempo, o amor de DeLuna, Lívia, começou a questionar seus valores e motivações para continuar ao lado dele. Chunk DeLuna, a Fera do Brasil, está à beira do abismo!
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As Olimpíadas do Rio chegaram ao fim. E, apesar de alguns imprevistos, a imagem que o Brasil transmitiu foi de organização, respeito e união. Contudo, e se não tivesse sido assim? E se durante essas semanas o mundo fosse bombardeado com o que temos de pior: assaltos, assassinatos, prostituição, tráfico de drogas, corrupção e, principalmente, o temido Zika Vírus? Em um cenário recheado de conflitos políticos e dominado por grandes mentes do crime, Tom Connolly criou uma história recheada de mistério e reflexões acerca da triste realidade por trás da criminalidade brasileira.
A obra gira em torno da vida de Chunk DeLuna, conhecido no auge de sua carreira como A Fera do Brasil. Acompanhamos desde a infância até a vida adulta de Chunk, observando o motivo dele e de sua família terem vindo para o Brasil, a vida sofrida que ele teve desde pequeno, a fome e o desespero que o levaram a roubar para sobreviver, e seu amadurecimento no mundo do crime: de pequenos roubos à posição de dono de empresas de tráfico, prostituição e até mesmo de construção. A figura de Chunk é um mistério a ser desvendado, entretanto, fica claro que sua mente é perversa e que ele usa manipulação e agressão para conseguir o que quer. O sonho de Chunk é ser conhecido como um grande líder, e ao lado de sua gangue – a mesma que ele conheceu quando ainda era um garoto –, DeLuna fará história e será conhecido pelo mundo inteiro. O problema é que esse sucesso obtido de formas ilícitas, uma hora ou outra, vai ruir.
O que mais gostei na leitura foi da oportunidade de acompanhar a construção da personalidade de Chunk. Como observamos o personagem desde seus quatorze anos, fica mais instigante ver sua mente má ser desenvolvida e passar de um simples ladrão de praia para um grande executivo. O autor deixa claro que a maldade do personagem é nata, ao mesmo tempo em que nos mostra que ele é uma cria do sistema ao seu redor. Desde pequeno Chunk conviveu com abuso, roubo, solidão e preconceito, portanto ele usou o que tinha de melhor – sua inteligência para o crime – para mudar sua vida. Claro que nada justifica as ações do protagonista, mas achei interessante a forma como ele foi posto como um mero coadjuvante de uma sociedade que incentiva a miséria e a corrupção da alma. Gostei também de como o personagem vai crescendo dentro do crime, como vai se envolvendo com peixes grandes (vulgo nossos queridos e corruptos políticos), e de como ele alcança seu objetivo de fama, dinheiro, mulheres e sucesso, mas vê tudo isso ruir graças às Olimpíadas do Rio.
A obra promete um suspense grandioso ao redor das Olimpíadas – Será que o Brasil dará conta do evento? Porém, apesar de termos os jogos olímpicos como pano de fundo, eu não achei que esse é o verdadeiro enfoque da trama. E confesso que senti falta desse suspense ao longo da leitura. Temos sim a história de Chunk interligada com a das Olimpíadas, mas o fato é que apesar do mistério e do alto teor de criminalidade, o livro é antes de qualquer coisa um salto na mente de um homem assassino, manipulador, corrupto, preconceituoso e ardiloso. Portanto, temos que iniciar a leitura sabendo que o foco está na vida do personagem principal e nos caminhos tortuosos que o levam a se tornar A Fera do Brasil.
Gostei dos personagens e dos tabus abordados pelo autor (que, apesar de ser estrangeiro, criou um cenário nacional instigante e contundente). Vemos aqui muitos dos preconceitos a respeito do nosso país: criminalidade, prostituição, drogas, corrupção na política e até mesmo uma visão fantasiosa sobre a nossa extensa fauna. Mas no final, toda obra – assim como as coisas ruins que encontramos no Brasil – gira em torno de homens maldosos e dos erros que eles cometeram. Nosso país, apesar das falhas, é maravilhoso, rico e cheio de pessoas boas e de enorme coração, então não podemos deixar que Feras como o DeLuna tirem esse brilho. Assim, apesar de ter achado a narrativa lenta e mais focada no personagem central do que no suspense em si, indico a leitura para os fãs de obras psicológicas e ricas em cultura nacional.
Agradeço o autor pela oportunidade de conhecer seu livro. Para quem quiser saber mais, acompanhe a página do livro no Facebook (aqui) ou a do autor (aqui).
Beijos!
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