Dez anos depois de seu primeiro romance, rompido de modo tão dramático, Sebastian e Caroline se encontram novamente, desta vez, em circunstâncias completamente diferentes, tendo como pano de fundo a guerra no Afeganistão. Agora uma jornalista de sucesso e correspondente de guerra, Caroline encontra o oficial da Marinha Sebastian Hunter. Ele a havia esquecido ou ainda esperava por ela? Podem antigas paixões ser revividas?
Editora: Novo Século l 382 Páginas l Romance l Compare & Compre: Buscapé • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Quem leu minha resenha de A Educação de Sebastian sabe que fiquei dividida entre o amor e o ódio. Não consegui amar completamente a história, mas também não fui capaz de me desligar dela. E o mesmo aconteceu com sua continuação, A Educação de Caroline. Não nego que achei o segundo volume infinitamente melhor, porém o problema principal continua: uma imaturidade constante dos protagonistas (que brigam por coisas supérfluas mesmo quando juram amor eterno). Ainda assim, o livro surpreende por seguir caminhos inimagináveis. Deixando de lado o romance e os encontros e desencontros típicos do destino, Jane Harvey-Berrick elaborou um cenário que envolve um tema real e complexo: a guerra do Afeganistão. Desta forma, entre um amor arrebatador que durou anos, os traumas do passado que constantemente afastam o casal, e a tragédia que só uma guerra é capaz de causar, mergulhamos em uma história emocionante, imatura em alguns pontos, mas em totalidade extremamente envolvente.
Em A Educação de Caroline reencontramos nossos personagens principais dez anos depois do final do primeiro livro. Depois da separação abrupta do casal, Caroline correu atrás do tempo perdido e construiu uma nova vida. Agora, aos quarenta anos, ela tem boas amigas, uma casa para chamar de lar, e um emprego como uma das jornalistas mais renomadas do país. Por causa da sua história com militares, Caroline se aprofundou em política e guerra, e agora viaja o mundo em busca de matérias que descrevem a realidade do dia a dia militar. Seu trabalho mais recente é no Afeganistão, coincidentemente onde Sebastian está servindo como intérprete, o mesmo Sebastian que ela não vê há dez anos. O reencontro entre eles é doloroso e sentimental. Para Sebastian, Caroline desistiu do amor deles ao não ir procurar por ele. Assim, ele assumiu um papel de cafajeste mulherengo que não se importa com nada. Já Caroline imaginou, durante esses anos, que estava fazendo um bem para Sebastian ao deixar ele viver sua vida sem o peso de estar ao lado dela – a mulher mais velha e com bagagem. Porém, quando se reencontram ambos percebem que estão errados, que são melhores juntos, e que agora precisam lutar para ficar juntos enquanto vão para o Afeganistão.
Depois de dez anos Sebastian e Caroline estão mais maduros, entretanto eles continuam brigando pelas mesmas coisas: diferença de idade, ciúmes, insegurança, medo do futuro. Confesso que fiquei sem paciência com eles, principalmente pelo ciclo constante de briga, separação, conversa, sexo de reconciliação. O reencontro é bonito porque, até embarcarem para o Afeganistão, eles possuem um período livre para se conhecer novamente, para descobrir como foram os dez anos separados, e para fazer a viagem pela Europa pela qual sempre sonharam. E não vou negar que, mesmo irritada com eles em alguns momentos, amei vê-los aproveitando um momento juntos e conhecendo países incríveis. Adoro histórias com viagens pelo mundo, então fiquei de queixo caído com as paisagens descritas entre França, Suíça e Itália.
Mas, como já disse, o que realmente surpreende neste livro é o momento em que Caroline e Sebastian embarcam para o Afeganistão. Confesso que meu lado racional martelava: Será que a autora não tem dó desses dois? Será que eles já não passaram por dificuldades demais? Será que não é fantasioso em demasia fazer com que eles se reencontrem em uma mesma missão de guerra? Porém, não dei ouvidos para ele, pois a essa altura meu coração já estava completamente imerso no cenário de guerra, nas dores narradas e presenciadas pelos protagonistas, na força que os dois demonstram no campo de batalha, e nas novas dificuldades que eles precisam superar. É doloroso e reflexivo acompanhá-los no olho da guerra, tanto do lado militar de Sebastian (e dos jovens ao lado dele que se entregam e morrem em nome do seu país) quanto do lado repórter de Caroline, que é vista como prêmio pelos extremistas em guerra que querem a publicidade por trás da captura de alguém envolvido com as grandes mídias. Achei que a autora foi muito inteligente e perspicaz em suas colocações, é nítido o quanto ela pesquisou e se aprofundou no tema para tentar mostrar um lado real da guerra, e é notável o quanto esse momento de tensão ajuda no amadurecimento de seus personagens principais – o que deixa o romance belo e tocante.
Como disse, minha relação com essa trama é repleta de altos e baixos. Mas verdadeiramente consegui me envolver com esse segundo volume e com as emoções que ele traz. Não é fácil falar de temas tabus, eles nem sempre são aceitáveis sob os olhos do leitor, mas no final o que importa é se o autor foi ou não capaz de gerar alguma reflexão. E, entre traição, imaturidade, diferença de idade, separação, reencontros, guerra, dor e crescimento, a Jane Harvey-Berrick foi capaz de criar uma trama envolvente e reflexiva. Mas se vale a pena ler ou não, só lendo para descobrir. Só sei que vale dar uma chance.
Sobre a Série
A Educação de Caroline é o segundo volume da trilogia “A Educação”. Os dois primeiros livros são sequenciais, já o terceiro é a recontagem do segundo livro só que na visão do mocinho da história.
Beijos!
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