Britt Pfeiffer passou meses se preparando para uma trilha na Cordilheira Teton, um lugar cheio de mistérios. Antes mesmo de chegar à cabana nas montanhas, ela e a melhor amiga, Korbie, enfrentam uma nevasca avassaladora e são obrigadas a abandonar o carro e procurar ajuda. As duas acabam sendo acolhidas por dois homens atraentes e imaginam que estão em segurança. Os homens, porém, são criminosos foragidos e as fazem reféns. Para sobreviver, Britt precisará enfrentar o frio e a neve para guiar os sequestradores para fora das montanhas. Durante a arriscada jornada em meio à natureza selvagem, um homem se mostra mais um aliado do que um inimigo, e Britt acaba se deixando envolver. Será que ela pode confiar nele? Sua vida dependerá dessa resposta.
Editora: Intrínseca l 304 Páginas l Suspense l Compare: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Por ser fã assumida do trabalho da Becca Fitzpatrick (sim, sou das antigas e adoro Hush Hush) não resisti e embarquei com tudo na leitura de Gelo Negro. Minhas expectativas eram altas, afinal imaginei que a trama seria semelhante aos outros títulos da Becca, os quais sempre me conquistaram logo nas primeiras páginas. Entretanto, me deparei com uma leitura inicialmente maçante que quase me fez abandonar o livro. Ao ler os primeiros capítulos tive a sensação de estar caminhando para lugar nenhum. Mas a boa a notícia é que me empenhei para continuar a leitura e, graças aos céus, acabei me surpreendendo muito com ela. Além de acompanhar o amadurecimento da autora como escritora, a história nos faz mergulhar em um mistério eletrizante, do tipo que vai além do suspense ao descrever uma jornada tanto de sobrevivência quanto de crescimento pessoal. Portanto, por mais que o começo da obra não seja arrebatador, seu desenvolvimento é para lá de instigante e perturbador.
Britt passou por um rompimento amoroso que mexeu com ela. O fim do relacionamento fez com que a jovem quisesse provar para todos, principalmente para o ex-namorado, o quanto é forte e durona. Por isso, ao invés de ter férias na praia (opção da maioria das garotas da região), ela e a melhor amiga vão para a Cordilheira Teton, um lugar recluso, dominado pela neve, que prometia muita aventura e trilhas incríveis. Entretanto, ao invés das férias dos sonhos, Britt acaba em uma grande enrascada. Depois de uma nevasca inesperada, ela e a amiga – ainda distantes do destino final – precisam abandonar a segurança do carro e procurar abrigo. Nessa busca elas encontram uma cabana e dois rapazes, inicialmente possíveis salvadores. Porém, o que elas não sabem é que ao entrar nessa cabana estão assumindo o risco de não sair de lá salvas… Quem são esses estranhos? Serão eles os mocinhos ou vilões? Será que Britt e a amiga viverão para contar suas aventuras?
Uma das coisas que mais gostei nessa história foi, sem dúvida, do mistério por trás dela. Antes da viagem de Britt a autora nos apresenta o caso de uma jovem que, ao sair bêbada com um estranho, acaba em uma cabana abandonada nas montanhas. Seu fim? Não sabemos, pelo menos não até Britt começar sua jornada. Assim, logo de cara fica óbvio para o leitor que tem algo – ou alguém – causando o desaparecimento e a morte de jovens mulheres. E isso é ainda mais assustador porque ao sabermos disso logo de cara, e ao ligarmos o passado com o presente, nos damos conta de que, provavelmente, é para esse fim que Britt e a amiga caminham. E isso é extremamente apavorante! Além disso, o diferencial da obra é que seu enigma não é tão previsível quanto pensamos. Não trata apenas de entender o que aconteceu com as garotas desaparecidas ou o que acontecerá com Britt e a amiga, mas também de desvendar o verdadeiro motivo por trás das mortes. E nesse ponto a autora inova, não apenas por nos enganar com pistas falsas, mas principalmente por fugir do clichê ou do previsível. O que intensifica a vontade de unir as peças e montar, de uma vez por todas, esse intrincado quebra-cabeças.
Fora o suspense, outro ponto bacana da obra é o amadurecimento da protagonista. Passar por tudo o que ela passa não é para qualquer um, tanto é que ao longo do livro vemos Britt se transformar em uma nova garota. Talvez o risco constante de morte faça isso, mas é incrível acompanhar como os olhos da jovem se abrem para o mundo ao seu redor. Adorei ver que, de uma garota insegura e mimada, ela vira uma mulher decidida a se salvar. E também adorei que a autora usou isso para falar sobre o empoderamento feminino, para mostrar para Britt e para as leitoras em geral que não precisamos de um salvador, que somos fortes o suficiente para batalharmos por nossas vidas. Tanto é que o romance desenvolvido na obra não coloca o homem como herói e a mulher como a donzela em perigo, mas sim como seres complementares que juntos, apenas juntos, poderão se salvar. O único ponto falho, pelo menos para mim, é que o romance é fantasioso em demasia. Entendo todos os aspectos sociais abordados pela autora nas personalidades do casal protagonista, mas acho que a autora pecou ao transformar uma experiência de vida ou morte em um episódio romântico.
No geral a obra é bem escrita, inteligente, fluida (só achei o começo um pouco maçante, como disse anteriormente) e extremamente real. Aprendi muito com a leitura, me emocionei com ela, e no final fiquei com uma sensação gostosa de ter lido um ótimo livro. Super recomendado!
Beijos!
Comente via Facebook