um gênero literário que abrange a vida da mulher moderna, sendo voltado,
principalmente, para o sexo feminino. São romances leves, com um toque
de humor, que narram o quotidiano e entram fundo nas dúvidas e emoções das
personagens, transmitindo, normalmente, a sensação de estar lendo o relato
de uma amiga. As história nesses livros poderiam facilmente ser uma conversa
entre garotas ou mulheres, na qual há compartilhamento de sonhos, segredos,
confissões.
A leitora Leticia Golz, em uma das minhas últimas postagens, expressou sua dúvida sobre a diferença entre chick-lits e sick-lits, porque, para ela, se tratava de apenas um gênero. Achei então que seria interessante fazer esse post, como ela sugeriu, fazendo os devidos esclarecimentos para quem mais tiver a mesma dúvida! E já adianto: embora sejam termos bastante próximos na sonoridade e na grafia, são bastante divergentes com relação aos seus significados!
Sick-Lits
“Esse tipo de história — voltada para adolescentes, mas trazendo personagens envoltos em doenças graves, depressão, anorexia, tentativas de suicídio e outros problemas realistas que a fantasia costumava ignorar — vem sendo chamado de sick-lit, algo como ‘literatura enferma’ em português. É um termo que traz uma conotação negativa e muitas vezes ignora a qualidade dos livros, mas que tem gerado polêmica e pode indicar uma tendência.”
Fonte: O Globo, 2013
Pois é! Como vocês podem ver, o termo chick-lit não tem nada a ver com o sick-lit, apesar da sonoridade das palavras (a pronúncia de ambas seria algo como “txic” e “ssic”). Talvez, a única coisa que ambos tenham em comum seja a conotação negativa que recebem em inglês (“chick”, por significar algo como “mulherzinha”; “sick”, pelo próprio peso da palavra “doença”), algo felizmente não trazido para o português, visto que as expressões chegam aqui “livres” dessas conotações – ao menos para quem não está muito habituado com o idioma.
Os sick-lits passaram a ser mais frequentes no Brasil mais ou menos em 2012, principalmente com a publicação de A Culpa É Das Estrelas (Intrínseca; 2012). De lá para cá, tivemos um boom de livros do gênero, ainda que não tenha sido somente a partir dessa data que os sick-lits tenham sido publicados tanto aqui quanto no exterior.
Na época, geraram diversas polêmicas, bastante abordadas pela matéria d’O Globo, citada acima. No resumo, foi questionado se essa seria uma literatura positiva para os jovens, considerando-se os pesados temas que abordam, e se esses livros poderiam ser considerados como “boa” ou “má” literatura: são realmente bons livros ou são assim vendidos pela mídia e editoras simplesmente porque são positivos para o mercado?
“— Uma questão para se debater é se esses livros são boa ou má literatura. A boa literatura pode abordar o tema que for. Mas, quando se faz proselitismo acerca de um assunto, seja nazismo, homofobia ou suicídio de jovens, aí não se está fazendo boa literatura. A culpa não é do tema, e sim do autor que faz uma literatura ruim — diz. — Minha grande dúvida é se esses livros fazem sucesso porque são bons ou se é do interesse do mercado que eles sejam feitos. Esse público é suscetível a seguir tendências e pode estar sendo levado por uma novidade.”
Fonte: O Globo, 2013
Particularmente, como leitora, fiquei muito feliz com a publicação desses livros, de um modo geral. Como também foi exposto na própria matéria d’O Globo, livro algum pode despertar em um leitor algo que não esteja nele. Pelo contrário, ao menos no que pude perceber, essas obras trabalham temáticas que precisam ser debatidas e expostas, de forma a combaterem preconceitos, propagarem informações (quando adequadamente trabalhadas) e, claro, auxiliarem aqueles que sofrem com esses problemas, tanto diretamente quanto indiretamente (conhecendo alguém em uma dessas situações, por exemplo). Um livro sozinho não curará alguém de uma depressão, mas pode fazer tanto com que um depressivo não se sinta sozinho em sua doença quanto mostrar a ele que há esperanças de melhora – e aí entra a importância de se buscar ajuda e um tratamento.
Como falei, não serão os livros diretamente que curarão doenças graves como essas, porém eles podem ser muito úteis na disseminação da informação, ainda mais entre aqueles que, infelizmente, ainda não encaram esses transtornos dessa maneira. Mesmo que o livro não aborde uma doença em si, mas situações de perda, por exemplo, acho que se tornam importantes, também, por trabalharem formas de lidar com a morte e o abandono.
Bom, partindo dessas informações e exemplos de sick-lits e sobre tudo o que vocês já estão carecas de me ouvirem falar sobre os chick-lits (ao menos para aqueles que acompanham a coluna), vocês devem ter percebido que é praticamente impossível conciliar um sick-lit com um chick-lits, certo? Afinal, com todo esse peso dos sick-lits, é difícil combiná-los com a leveza dos chick-lits. E se eu falar que é possível sim aliar os dois gêneros em um único livro?
São poucos os exemplos que me vêm a mente, mas, ainda assim, eles existem. O que melhor exemplifica, em minha opinião, é À Procura de Audrey, da minha diva master, Sophie Kinsella. Audrey é adolescente (como costumam ser os protagonistas de sick-lits) e sofre de transtornos de ansiedade e depressão. Sophie Kinsella tanto foi capaz de trabalhar esse aspecto da trama, sem subestimar Audrey e sua condição, quanto trouxe leveza e diversão à história – simplesmente um feito, em minha opinião. Sei que sou suspeita para falar da autora, mas me apaixonei pela leitura e por essa habilidade em reunir os dois gêneros (algo bastante difícil de se fazer). Para quem se interessar, deixo meu vídeo dando cinco motivos para que livro seja lido. Ah, gravei o vídeo para o mesmo projeto que a Pah que, no caso, falou de Eu Te Darei O Sol.
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