A chegada de um jovem solteiro e rico à vila de Longbourn causa um grande alvoroço na família Bennet, cujas cinco filhas – a bela Jane, a sensata Elizabeth, a culta Mary, a imatura Kitty e a desvairada Lydia – foram criadas com um único propósito na vida: encontrar um bom marido. Orgulho e preconceito, livro que a própria autora considerava “seu filho mais querido”, foi publicado originalmente em 1813, e atravessou os séculos dotado de uma assombrosa vitalidade. Além de uma das mais comoventes histórias de amor já escritas, é uma brilhante comédia de costumes e um estudo profundo da sociedade de seu tempo. A plena compreensão do mundo feminino e o domínio da forma e da ironia fizeram de Jane Austen uma das mais notáveis e influentes romancistas de sua época. A obra Orgulho e preconceito ganhou oito adaptações para a televisão e o cinema, sendo a mais recente estrelada por Keira Knightley e Matthew Macfadyen.
Editora: Edições BestBolso l 392 páginas l Romance l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
“[…] podemos aprender uma valorosa lição: que a perda da virtude em uma mulher é irremissível, que um passo em falso a envolve em uma ruína infinita, que sua reputação não é menos frágil do que a beleza, e que não existe a cautela suficiente contra a indignidade do sexo oposto”.
“Orgulho e Preconceito” foi o primeiro romance que li da talentosa Jane Austen. Minhas expectativas quanto ao mesmo eram altíssimas, contudo, a autora as superou, me deixando atônita não apenas com o romance ou com o bom humor da trama, mas principalmente, com a crítica social feita da época. Para uma amante de história e de romances de época como eu, a obra é um deleite.
Sem reservas, Jane Austen narra minuciosamente os costumes, tradições e preconceitos do início do século XIX, período em que a Inglaterra era conhecida por seu avanço econômico. Ressalto que a autora por viver nesse período, possui um conhecimento minucioso da sociedade inglesa, o que torna sua obra rica em detalhes e descrições reais de tal sociedade. Aqui, diferentemente dos romances históricos que estamos acostumados a ler, o preconceito é legítimo e palpável. Sem floreios vemos o quanto a sociedade daquela época se vangloriava por sua hierarquia, elemento esse que separava os bem abastados dos mais simples, de forma que o encontro entre as diferentes classes era meneado apenas pelo respeito aos costumes da época, o que demonstra não só o preconceito que perpetuava em tal época, como também, o demasiado orgulho.
O Sr. Darcy, rico, culto e extremamente exigente, é um exemplo perfeito de como o orgulho e o preconceito eram tão comuns em tal época. Criado sob a luz de sua posição social, ele se diferencia com orgulho, ostentando sua estima com suas atitudes e escolhas. Entretanto, saindo de Londres para acompanhar o amigo Sr. Bingley a uma temporada no campo, sua posição, riqueza e títulos são, finalmente, questionados. Seu amigo, ao se envolver com a simples e volumosa família Bennet, o coloca mais próximo da inteligente e bela Elizabeth, por quem ele de início nutre uma antipatia baseada em sua “inferioridade” social.
“Qual delas? – perguntou ele, voltando-se e detendo o olhar em Elizabeth por um instante, até que, encontrando-lhes os olhos, desviou os seus e disse friamente: – É tolerável; mas não tem beleza suficiente para tentar a mim […]”
Elizabeth por outro lado, não possui nenhum sentimento positivo com relação ao Sr. Darcy, para ela, ele é mais um homem orgulhoso que, sustentado em sua riqueza, busca se diferenciar dos outros. Preocupada com a recente aproximação de sua irmã mais velha com o Sr. Bingley, ela se envolve com os novos visitantes, ficando na presença do Sr. Darcy mais do que gostaria. Lizzy não se deixa intimidar pelo ar de superioridade mantido por Darcy o que torna o convívio deles engraçado e bem humorado. Inteligentes, eles nos fazem rir com seus diálogos irônicos, permitindo que possamos conhecer mais sobre a personalidade de ambos.
“- O Senhor pretende me intimidar, Sr. Darcy, aproximando-se com toda esta imponência? Mas não ficarei inibida, embora sua irmã toque tão bem. Possuo uma obstinação que impede a vontade alheia de me amedrontar. Minha coragem sempre é despertada quando tentam me intimidar.”
As idas e vindas do destino fazem com que Elizabeth e Darcy se encontrem constantemente, os aproximando, derrubando barreiras. Logo Darcy se vê apaixonado, contudo, Elizabeth ainda vê nele um forte preconceito e orgulho, o que o distancia dela, independente do sentimento que ele diz ter. Entretanto, quando o amor é forte e real, é possível superar qualquer problema, e para Darcy, a única forma de tê-la é deixar de falar, e mostrar com ações, o quanto a ama.
O amadurecimento dos personagens, os encontros e desencontros, os diálogos engraçados e as leves críticas sociais feitas a época dão a narrativa de Jane Austen um caráter único, envolvente, delicioso. O Sr. Darcy nos mostra a força do amor, tudo isso de uma forma viva e real. Por ele continuamos a ter esperança no amor, nas mudanças que esse sentimento é capaz de fazer.
Mesmo sendo um clássico a trama é atual, abordando o preconceito de uma forma que perdura até hoje. Com boas doses de emoção, divertimento e inteligência, “Orgulho e Preconceito” é uma obra completa e envolvente, que além de descrever a grandiosidade do amor, demonstra com destreza as surpresas que a vida tende a nos reservar.
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