[…] Começou a revolução. A coragem de Katniss nos jogos fez nascer a esperança em um país disposto a fazer de tudo para se livrar da opressão. E agora, contra a própria vontade, ela precisa assumir seu lugar como símbolo da causa rebelde. Ela precisa virar o Tordo. O sucesso da revolução dependerá de Katniss aceitar ou não essa responsabilidade. Será que vale a pena colocar sua família em risco novamente? Será que as vidas de Peeta e Gale serão os tributos exigidos nessa nova guerra? Acompanhe Katniss até o fim do thriller, numa jornada ao lado mais obscuro da alma humana, em uma luta contra a opressão e a favor da esperança. (Sinopse modificada para evitar spoilers dos livros anteriores, veja a sinopse completa Aqui).
Editora: Rocco l 421 Páginas l Distopia l Compre aqui: Amazon l Skoob
Se ainda não conhece a história, leia as resenhas de Jogos Vorazes (Aqui) e Em Chamas (Aqui) que publiquei no blog.
“Se proclamarmos nossa liberdade, a Capital entra em colapso. Presidente Snow, graças a você, estou oficialmente proclamando a minha hoje.”
Assim que terminei de ler Jogos Vorazes compreendi instantaneamente que o último livro da trilogia seria arrebatador, não é fácil explicar, mas nasceu em mim um sentimento de clareza quanto ao destino de Katniss, eu sabia que tudo seria decidido no último livro e que exatamente por esse motivo ele teria a história mais palpável da trilogia com relação aos sentimentos dos protagonistas. Lê-lo foi um processo árduo, por mais curiosa que eu estivesse, e sim, não tem como evitar querer devorar A Esperança depois do final de Em Chamas, seu livro antecessor, eu me contive, foram longos dois meses de leituras interrompidas, eu voltava para a vida de Katniss com receio do futuro, com medo da dor e do sofrimento que ela provavelmente iria sentir. Acredito que aqueles que já leram os dois primeiros livros dessa trilogia compreendem com facilidade o que digo, pois é perceptível que a narrativa da autora é direta e simples, ela não romantiza os acontecimentos, muito pelo contrário, tudo parece tão verdadeiro que dificilmente somos capazes de separar as emoções descritas pela Suzanne Collins dos nossos próprios sentimentos. Em suma, eu esperava por dor, perdas e sofrimento e encontrei tudo isso com uma intensidade que apenas bons autores são capazes de criar.
Terminei de ler A Esperança hoje de madrugada, exatamente às 2 horas e 45 da manhã, depois de pequenas crises de choro, muitos momentos de surpresa e um longo período após a leitura de um sono que não vinha e de uma mente que não parava de tentar compreender a complexidade dessa obra. Conclusão: não tenho palavras suficientes para descrever o que essa trama me fez sentir. Ela é tão intensa que te consome, te faz repensar em valores, em prioridades e mais, faz você refletir sobre as semelhanças existentes entre a guerra por poder descrita na ficção de Suzanne Collins, com a guerra silenciosa que ocorre atualmente entre nossos governos capitalistas.
Sendo assim, é fácil concluir que o ponto alto de toda a trilogia, e principalmente do último livro, é a crítica social dirigida a nossa sociedade capitalista, ao modo que caminhamos individualmente, subjulgando os mais pobres em busca de satisfações e caprichos particulares. Tal crítica me pegou de jeito, me tornei incapaz de separar a realidade da fantasia, e a cada passo que a guerra pelo poder descrita em A Esperança se tornava mais clara, o destino do “nosso mundo” se tornava ainda mais parecido com o destino dos Distritos de Panem.
Como já deixei claro, a narrativa gira em torno de uma declarada guerra por poder. Muitos Distritos se cansaram da dominação da Capital e juntos com os rebeldes lutam por uma nova sociedade. Katniss tem um papel fundamental, ela é o rosto da rebelião, ela sofreu nas mãos da Capital e por isso, é ela que o povo quer seguir, uma vitoriosa, um exemplo de que a Capital não é tão poderosa quanto parece. Um novo jogo começa e mais uma vez Katniss está no meio do fogo, prestes a se queimar e a perder tudo pelo bem de todos. Entretanto, tendo seu papel definido será que ela não se tornará apenas mais uma peça no jogo contra a Capital?
É nesse livro que Katniss me ganha. Aqui, enfim, todos os meus questionamentos quanto a sua personalidade fria e sua falta de sentimentalismo se tornam irrelevantes. Não a julgo mais, a entendo. Muitas vezes as ações dela me fizeram criar uma imagem de força excepcional, ela me pareceu forte, mas ela precisava ser forte, apenas isso, precisava. Finalmente ela deixa transparecer suas inseguranças e então, sem carisma e sem palavras doces, ela se torna simplesmente humana, uma jovem que depois de tantas perdas não poderia ter uma personalidade menos racional. Outros personagens merecem destaque, saliento para o garoto do pão, Peeta, que se perdeu, que mudou e que reserva sua própria dose de emoção para os leitores.
Assim como um bom desfecho deve ser achei o final do livro digno, incrível, um dos melhores que li esse ano. Já havia visto vários comentários negativos sobre a conclusão da trilogia, mas a meu ver, ele foi como deveria ser. Ficaram alguns pontos mal resolvidos, outros foram solucionados com certa urgência, mas isso porque o enfoque foi direcionado totalmente para Katniss, e sinceramente? Ela precisava disso. Saliento que neste livro a autora não poupa ação e suspense, elementos já comuns em sua escrita, mas também acrescenta a ele uma dose de amizade, amor e compaixão, sentimentos que pareciam esquecidos em suas histórias anteriores.
Concluindo, A Esperança foi muito além do que imaginei, mesmo com as perdas, as dores causadas pela batalha e com tanta escuridão, a autora nos deu luz e “esperança”. Vale a pena conferir, se você ainda não leu a trilogia e gosta de livros políticos escritos para envolver e emocionar, não deixe de ler Jogos Vorazes, não tenho dúvidas de que você irá se surpreender.
Quotes Preferidos
“A arena nos deixou totalmente pirados, você não acha? Ou você ainda se sente como a menina que se apresentou como voluntária para a sua irmã?”
“Direi a eles como sobrevivo aos pesadelos. Direi a eles que nas manhãs desagradáveis, é impossível sentir prazer em qualquer coisa que seja, porque temo que essa coisa me possa ser tirada. É quando faço uma lista em minha cabeça com todos os atos de bondade que vi alguém realizando. É como um jogo. Repetitivo. Até um pouco entediante depois de tanto tempo. Mas há jogos muito piores do que esse.”
“Necessito é do dente-de-leão na primavera. Do amarelo vívido que significa renascimento em vez de destruição. Da promessa de que a vida pode prosseguir, independente do quão insuportáveis foram as nossas perdas. Que ela pode voltar a ser boa.”
“Porque há algo significativamente errado com uma criatura que sacrifica as vidas de seus filhos para resolver suas diferenças. Para onde quer que você se vire, você enxergará esse tipo de visão de mundo. (…). Mas no fim, a quem tudo isso beneficia? A ninguém. A verdade é que viver num mundo onde esse tipo de coisa acontece não traz benefícios a ninguém.”
“O presidente Snow uma vez admitiu que a Capital era frágil. Na época, não entendi o que aquilo significava. Era difícil ver com clareza porque eu tinha muito medo. Agora não tenho mais. A Capital é frágil porque depende dos distritos para tudo. Comida, energia, até mesmo para recrutar os Pacificadores que nos policiam. Se proclamarmos nossa liberdade, a Capital entra em colapso. Presidente Snow, graças a você, estou oficialmente proclamando a minha hoje”
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