Barcelona, 1957. Daniel Sempere e seu amigo Fermín, os heróis de A sombra do vento, estão de volta à aventura para enfrentar o maior desafio de suas vidas. Já se passa um ano do casamento de Daniel e Bea. Eles agora têm um filho, Julián, e vivem com o pai de Daniel em um apartamento em cima da livraria Sempere e Filhos. Fermín ainda trabalha com eles e está ocupado com os preparativos para seu casamento com Bernarda no ano-novo. No entanto, algo parece incomodá-lo profundamente. Quando tudo começava a dar certo para eles, um personagem inquietante visita a livraria de Sempere em uma manhã em que Daniel está sozinho na loja. O homem misterioso entra e mostra interesse por um dos itens mais valiosos dos Sempere, uma edição ilustrada de O conde de Montecristo que é mantida trancada sob uma cúpula de vidro. O livro é caríssimo, e o homem parece não ter grande interesse por literatura; mesmo assim, demonstra querer comprá-lo a qualquer custo. O mistério se torna ainda maior depois que o homem sai da loja, deixando no livro a seguinte dedicatória: “Para Fermín Romero de Torres, que retornou de entre os mortos e tem a chave do futuro”. Esta visita é apenas o ponto de partida de uma história de aprisionamento, traição e do retorno de um adversário mortal. Daniel e Fermín terão que compreender o que ocorre diante da ameaça da revelação de um terrível segredo que permanecia enterrado há duas décadas no fundo da memória da cidade. Ao descobrir a verdade, Daniel compreenderá que o destino o arrasta na direção de um confronto inevitável com a maior das sombras: aquela que cresce dentro dele. Transbordando de intriga e emoção, O prisioneiro do céu é um romance em que as narrativas de A sombra do vento e O jogo do anjo convergem e levam o leitor à resolução do enigma que se esconde no coração do Cemitério dos Livros Esquecidos.
Editora: Suma de Letras l 248 Páginas l Compre aqui: Amazon l Skoob
Com sua narrativa misteriosa e impactante Zafón envolve o leitor criando um espaço de tempo único, capaz de derrubar as barreiras existentes entre o passado, o presente e o futuro.
“E se algum dia, ajoelhado diante de seu túmulo, sentir que o fogo da raiva está tentando se apoderar de você, lembre-se de que em minha história, como na sua, há um anjo que conhece todas as respostas…”
Envolto nos mistérios que rodeiam o Cemitério dos Livros Esquecidos Carlos Ruiz Zafón escreveu três obras paralelas a este enlace: A Sombra do Vento (2001), O Jogo do Anjo (2008) e O Prisioneiro do céu (2011), livros não conseguintes, mas unidos por um vínculo atemporal de personagens, memórias e principalmente, segredos.
Sempre mantive um alto índice de curiosidade a respeito da escrita de Zafón, em minhas pesquisas literárias era comum me deparar com vários comentários positivos sobre a narrativa do autor e por esse motivo, criei muitas expectativas em torno do livro “O Prisioneiro do Céu”, primeira obra dele que tive o prazer de ler. Confesso que no início da narrativa me encontrei confusa com a quantidade de informações transmitidas pelo autor, senti que talvez, fosse de fato necessário ler os livros anteriores para compreender a história e sendo assim, me prolonguei mais do que esperado na leitura dos capítulos iniciais da trama, entretanto, quando me desprendi das peculiaridades narradas e mergulhei sem reservas ou descrenças no cenário descrito por Zafón compreendi o verdadeiro motivo de tantos elogios dirigidos ao autor. Ele é grandioso, tanto por sua escrita incomum, quanto pela genialidade de sua obra.
O cenário fundamental de tal narrativa é uma Barcelona devastada pela Guerra civil Espanhola e ameaçada pela Segunda Guerra Mundial, por isso, temos uma história repleta de jogos políticos, batalhas por poder, descriminação social e autoritarismo governamental. Nossos personagens principais são Daniel e Fermín, figuras apaixonantes até mesmo em seus piores momentos. Amigos de longa data, eles possuem o destino entrelaçado por eventos que só o desenrolar da leitura é capaz de nos fazer compreender, afinal o grande segredo da vida de Fermín é ameaçado com a visita inesperada de um fantasma de seu passado e a presença desse velho conhecido traz a tona lembranças das quais ele não se orgulha de ter.
Sendo assim a história varia constantemente de perspectiva, em alguns momentos o narrador principal é Fermín que nos inunda com a força de suas memórias, fazendo com que as páginas do livro, sob sua ótica, transbordem sentimentos como medo, raiva, dor e sofrimento, de forma que tomamos suas dores como nossas e incapacitados, esperamos por um final feliz. Na outra metade do livro o narrador é Daniel que entrelaçado nas memórias de Fermín nos descreve o presente de ambos, a ligação entre o passado e o presente desses homens é complexa, misteriosa e envolvente, a meu ver o ápice da narrativa, o ponto solto que faz toda a diferença para que finalmente possamos compreender a qualidade da obra de Zafón.
Desta forma, não posso deixar de enaltecer a peculiaridade da escrita do autor, além do mistério e do forte cenário criado pelo mesmo, temos personagens únicos, palpáveis em seus arrependimentos e atingíveis em seus sofrimentos, temos ainda uma mistura inexplicável de romance, mistério, bom humor, aventura e drama, tudo na medida para que nenhum aspecto se sobressaia. Contudo, o que realmente encanta são as palavras utilizadas, algumas eruditas, perdidas pela falta do uso, outras extremamente banais e informais, tudo reunido em um emaranhado de imprevisibilidade, assim como todo o conjunto da obra de Zafón o é.
Ressalto que a leitura de O prisioneiro do céu torna quase obrigatória a leitura dos outros livros do autor que são interligados a esta trama, principalmente, (pelo final arrebatador), do livro “O jogo do anjo”. Outro aspecto que me sinto impulsionada a comentar é que, o livro não é um romance adulto de leitura fácil ou simples, por mais que a narrativa flua de maneira agradável ela requer do leitor uma atenção especial, pois até os mínimos detalhes fazem toda a diferença.
Para concluir, só me resta dizer que depois ter uma bela surpresa com a narrativa do Zafón me sinto no mínimo, tentada a indicá-lo a todos os amantes de livros nada convencionais e exatamente por isso, hipnotizantes.
Quotes Preferidos
“-Louco é quem se acha sensato e pensa que não tem nada a ver com a categoria dos tolos.”
“-Quer saber de uma coisa, Daniel? Às vezes acho que Darwin se equivocou e que, na verdade, o homem descende dos cães, porque oito entre dez hominídeos já fizeram alguma cachorrada que ainda não foi descoberta – argumentava. – Prefiro quando você expressa uma visão mais humanista e positiva das coisas, Fermín. Como no outro dia, quando disse que no fundo ninguém é mau, apenas tem medo. – Deve ter sido uma queda do açúcar no sangue. Uma completa bobagem.”
“-Quem sabe se eu fosse decorar a vitrine só de cueca, alguma mulher ávida de literatura e de emoções fortes não entrava para comprar? Dizem os entendidos que o futuro da literatura está nas mãos das mulheres (…)”
“-Às vezes a pessoa se cansa de fugir – disse Fermín. – O mundo é muito pequeno quando não se tem aonde ir.”
“(…) uma vez perdida toda a esperança, o tempo começava a correr depressa e os dias sem sentido adormeciam a alma.”
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