Após seguir seu namorado para a faculdade que ele tinha escolhido, a última coisa que Jacqueline esperava era o término do relacionamento. Após duas semanas em choque, ela acorda com uma nova realidade: ela está solteira, cursando uma faculdade ao invés de um conservatório de música, ignorada pelo antigo grupo de amigos, sendo perseguida por um amigo do ex-namorado e se dando mal numa matéria pela primeira vez na vida. Após quase ser vitima de estupro, ela olha com outros olhos o colega de classe Lucas que a salvou e sempre foi tímido e nunca falou com ela. Ao mesmo tempo ela deve conseguir melhorar suas notas com o novo relacionamento com o tutor de sua classe de economia que logo vira algo mais do que uma relação acadêmica. (Tradução livre, fonte)
Editora: CreateSpace l 316 Páginas l New Adult l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
Não é novidade que o gênero ‘New Adult’ está fazendo muito sucesso no mundo literário, alcançando um grupo de leitores que já não se contenta (apenas) com os romances juvenis, mas que também pode não estar preparado para histórias essencialmente adultas. Abordando o contexto universitário, suas festas e laços de amizade; colocando em pauta temas polêmicos como consumo de drogas e sexo; e utilizando linguagem jovial, esse tipo de livro caiu na graça do público adulto que procura por histórias mais intensas e que se assemelhem com suas experiências de vida. Nos Estados Unidos o gênero está em ascensão, e por aqui já temos várias obras dessa categoria ganhando popularidade, como o livro Belo Desastre, por exemplo, que angariou fãs no Brasil todo e que, mesmo indiretamente, me levou a ansiar pela leitura do livro Easy, e não porque existem semelhanças entre as histórias, mas sim, porque ambas prometiam envolver completamente seus leitores, e se a primeira conseguiu, quais seriam as chances disso não ocorrer com a leitura de Easy?
“Amor não é a ausência de lógica mas a lógica examinada e recalculada aquecida e curvada para caber dentro dos contornos do coração”
Para o meu deleite, logo de início mergulhei no turbilhão de emoções narradas. A autora escreve de uma forma fluída e quando menos esperamos estamos totalmente conectados aos personagens centrais da trama. São tantos sentimentos contraditórios, tantas perdas, medos e traumas, que não é possível manter-se alheio a história, é quase contraditório não nos emocionarmos com as dificuldades centrais da obra, e mais, é impossível desvencilhar-se da angustia que paira sobre o leitor que se dá conta de que a obra vai além da ficção, retratando sobre estupro, e não só quando o ato parte de estranhos, psicopatas sociais que escolhem suas vítimas ao acaso, mas sim, daqueles casos que ocorrem com pessoas que estão próximas da vítima, conhecidos, parentes, amigos.
A história gira em torno da Jacqueline, jovem que saiu do ensino médio seguindo seu namorado até a faculdade que ele escolheu, optando por aulas que ‘poderiam’ não acrescentar muito em sua carreira musical. Mas por amor, vale tudo, ou pelo menos é o que ela pensava até seu namorado terminar com ela, e com o relacionamento de três anos deles. Devastada, ela precisa se reencontrar, superar esse relacionamento e lutar por tudo que deixou de lado por ele, e pelo bem do namoro deles. E é nesse momento, de fragilidade e confusão, que ela sofre uma tentativa de abuso sexual e encontra o homem que vai mudar sua vida de cabeça para baixo.
“Três anos se passaram desde que eu tinha deixado de ser Jacqueline, e eu lutava diariamente para recuperar a parte original de mim mesma que eu deixei de lado por ele. Não era a única coisa da qual eu tinha desistido, ou a mais importante. Era apenas a única que eu poderia recuperar.”
Entre os conflitos internos vivenciados pela personagem principal surge um romance de tirar o fôlego. Improvável e ao mesmo tempo previsível. Contraditório? Sim, da mesma forma que o livro todo. Temos aqui um personagem masculino que emana contrariedade. Em todos os romances desse gênero que li, são os bad boys que arrancam suspiros das leitoras, e não é incomum livros que abusam de personagens masculinos ‘malvados’ feitos para ganhar nossos corações. Contudo, em Easy as coisas são diferentes, o mocinho já teve sua fase difícil, anos que deixaram marcas tanto físicas quanto espirituais, e criaram traumas e medos que ele provavelmente carregará por toda vida, e exatamente por isso, passou a se esforçar para ser diferente, para ser digno de um bom futuro, de uma boa vida. Como não se apaixonar por um homem assim? Intenso, preocupado, centrado, vulnerável… Um dos meus mocinhos preferidos de todos os tempos, se me permitem a tietagem.
Além de personagens envolventes e de uma abordagem intensa sobre temas polêmicos, lemos sobre fortes laços de amizade (do tipo verdadeiro, compreensível, parceiro) e sobre o crescimento pessoal que o término de um relacionamento pode acarretar. Sem mencionar os problemas familiares que são salientados e a estrutura própria das universidades dos Estados Unidos. Mas tudo isso fica de lado perto da narrativa da autora, que envolve, emociona, aflige, cativa. Saliento sobre a troca de e-mails e mensagens de celular descritas ao decorrer da trama, ponto alto que sem dúvida, envolve ainda mais o público alvo da autora. No geral, o melhor livro que li no ano de 2013, marcante e ao mesmo tempo suave, fácil de agradar e de guardar na memória.
E para os que não leem livros em inglês, não fiquem preocupados, a editora Verus comprou os direitos de publicação desse romance, e logo, logo (ainda esse ano!) veremos ele lançado por aqui!
Quotes Preferidos
“— Onde você me quer? […] Minhas entranhas ficaram líquidas com o seu fantasma de um sorriso, o que foi se tornando mais e mais familiar. — Na cama. — Ele disse, sua voz rouca. Oh, Deus!”
“(…) Mas garotas dispostas a partilhar a sua cama não são iguais a garotas dispostas a suportarem o seu instável humor de merda, ouvirem seus exaustivos pareceres jurídicos, ou apoiarem os objetivos da sua vida, da maneira como alguém que ama você faria. Não, esse tinha sido o meu papel. E eu tinha sido demitida dele.”
“— Não é que eu não quero você. — Sua voz era suave, e ele não olhou para mim quando ele falou. — Eu menti, antes, quando eu disse que estava protegendo você. — Seu queixo subiu e olhamos um para o outro lado da sala. — Eu estou me protegendo.”
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