Alexia Tarabotti enfrenta uma série de atribulações sociais, quiproquós e saias justas (embora compridíssimas) em plena sociedade vitoriana. Em primeiro lugar, ela não tem alma. Em segundo, é solteirona e filha de italiano. Em terceiro, acaba sendo atacada sem a menor educação por um vampiro, o que foge a todas as regras de etiqueta. E agora? Pelo visto, tudo vai de mal a pior, pois a srta. Tarabotti mata sem querer o vampiro ― ocasião em que a Rainha Vitória envia o assustador Lorde Maccon (temperamental, bagunceiro, lindo de morrer e lobisomem) para investigar o ocorrido. Com vampiros inesperados aparecendo e os esperados desaparecendo, todos parecem achar que a srta. Tarabotti é a responsável. Será que ela conseguirá descobrir o que realmente está acontecendo na alta sociedade londrina? Será que seu dom de sem alma para anular poderes sobrenaturais acabará se revelando útil ou apenas constrangedor? No fim das contas, quem é o verdadeiro inimigo, e… será que vai ter torta de melado?
Editora: Valentina l 308 Páginas l Steampunk¹ (Com conteúdo adulto) l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
‘Alma?’ é o primeiro volume da série O Protetorado da Sombrinha, que nos apresenta a protagonista Alexia Tarabotti e suas inusitadas aventuras em um cenário Londrino Steampunk¹. Nos Estados Unidos a saga já conta com cinco livros publicados: Soulless (Parasol Protectorate, #1); Changeless (Parasol Protectorate, #2); Blameless (Parasol Protectorate, #3); Heartless (The Parasol Protectorate, #4); e Timeless (Parasol Protectorate, #5). E no Brasil, a boa notícia é que a Editora Valentina já divulgou que o próximo volume da série (Changeless), será lançado no segundo semestre deste ano. Definiríamos tal obra como um romance adulto, sobrenatural ou histórico? Ou ainda como uma aventura atemporal? Que tal o considerarmos como um pouco de tudo isso? Graças à capacidade peculiar da autora de unir vários gêneros literários em um único livro, nos deparamos com algo exclusivo, inusitado e incapaz de ser rotulado, o que por si só, dá sentido ao sucesso alcançado pela trama entre leitores de todo o mundo. Imagine vestidos longos e suas anquinhas, convenções sociais tipicamente inglesas regradas a chás e bolos, uma protagonista inteligente e com um senso de humor irônico contagiante, e uma sociedade em que vampiros, lobisomens e fantasmas são totalmente conhecidos pelos humanos; pois bem, esse é o envolvente cenário do romance ‘Alma?’
“- Não quero me precipitar agora. Você é inexplicavelmente tentadora. Ela anuiu, batendo com suavidade na cabeça dele. – O sentimento é mútuo, (…). Para não dizer inesperado”.
Alexia, como uma boa descendente italiana, possui todos os requisitos físicos considerados ‘fora de moda’ pela sociedade londrina do século XIX; tez de um tom levemente queimado, um nariz proeminente, cabelos escuros e cheios, uma língua afiada e idade suficiente para ser rotulada como ‘solteirona’. Não obstante, lhe falta o principal, uma alma, algo que é facilmente compensado por seu forte senso crítico e seu altíssimo intelecto. Ela é, em parte, a típica mocinha de romance histórico: inteligente, determinada ao ponto de beirar a teimosia, indiferente às imposições sociais, e principalmente, dona de ideais aceitos em um período muito a frente de seu tempo.
Como uma sem alma, ela caminha entre a sinuosa linha que divide os seres sobrenaturais dos naturais, e como uma perfeita dama inglesa, raramente faz uso de sua condição; isso até ser atacada por um vampiro que atrapalha totalmente seu precioso momento de chá. Além de perder uma deliciosa refeição, ela acaba em maus lençóis ao ser encontrada por Lorde Maccon (representante do departamento de assuntos sobrenaturais) e uma pequena plateia, ao lado do desconhecido vampiro morto. Enquanto o departamento sobrenatural do país investiga tal ataque, outros seres sobrenaturais desaparecem, e mais uma vez, a presença da senhorita Tarabotti é notada. Com um senso de oportunidade maravilhoso como o dela, além de meter o nariz onde não é chamada, ela acaba totalmente envolvida em uma aventura que coloca não apenas sua vida em jogo, mas também seu coração.
Mesclando entre aventura e romance, a autora nos conecta a um mundo antigo e misteriosamente sobrenatural, repleto de diretórios governamentais e leis de bom convívio entre os seres sobrenaturais e naturais. Imaginem um romance à la Jane Austen, com uma mocinha determinada a não se deixar levar pelos modismos sociais e pelos devaneios de seu coração teimoso, agora acrescente a isso um núcleo sobrenatural muito bem descrito com clãs de vampiros que se misturam com a nobreza da época, matilhas de lobos envolvidas no governo, e fantasmas encarregados de assuntos da rainha. Falando, é quase impossível de imaginar, mas de fato, é esse o grande charme do livro. Facilmente nos pegamos suspirando com um casal teimoso e orgulhoso que não quer dar o braço a torcer e aceitar os sentimentos que nutrem um pelo outro, ao mesmo passo que lemos sobre trilhas e pistas misteriosas que colocam nossa protagonista em situações impensáveis, tudo isso sem deixarmos de nos surpreender com as descrições dos tecidos e modelos de vestido da moda, e com as invenções tecnológicas do momento.
Fiquei – no mínimo – apaixonada pelo livro logo em suas primeiras páginas. Como amante de romances históricos me diverti ao extremo com as frases irônicas da Alexia, com suas conversas inteligentes e ao mesmo tempo femininas com uma melhor amiga confiável e prestativa, e os com seus passeios inesperados e aterrorizantes. O clima de ação é forte o suficiente para prender o leitor, e a descrição do cenário retratado é feita com tanto zelo, que mergulhamos totalmente nesse novo mundo. Nada na história me pareceu previsível, apenas o romance, que sem dúvida caminha por trilhas já conhecidas pelos leitores, o tipo de enlace amoroso que é o meu preferido, com um casal que vive, literalmente, entre tapas e beijos. Outro ponto que garante a particularidade dessa obra é a condição parcialmente sobrenatural da protagonista, fator que caminha do desconhecido para o encantador, fazendo nosso cérebro ficar atento a todas as informações e detalhes narrados. Com relação à escrita da autora, gostei muito da mistura de gêneros literários e mais ainda dos protagonistas criados. Sem contar que a narrativa é eletrizante o suficiente para permitir que o livro seja lido sem interrupções.
Como vocês podem ver, são tantos aspectos positivos que acabei encantada com a história, acredito que no momento nada é capaz de contradizer a magnitude que nutri pelo livro. Simples como é, me apaixonei, no momento só quero flores e bombons, estou em um estado de espírito enamorado, me segurando para não retomar a leitura do livro para mais uma vez, suspirar com um romance fofo, e mergulhar em uma aventura impensável em uma época rica em vestidos rodados, passeios em carruagens e mocinhos carrancudos e apaixonantes.
Nota¹: Obras ambientadas no passado no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época, detalhes AQUI.
Quotes Preferidos
“‘-Hum, Alexia?’ – Ele a encarou. Seria medo o que transparecia naqueles olhos cor de caramelo? ‘-Vou me aproveitar de você’ – disse ela, e sem lhe dar uma chance de responder, começou a soltar a gravata.”
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