“O Noivo da Minha Melhor Amiga conta a história de Rachel, uma jovem advogada de Manhattan. A moça, sempre vista por si mesma e por seus amigos como a “certinha” e bem-comportada, muda radicalmente no seu aniversário de trinta anos, após a festa oferecida por sua melhor amiga, Darcy. Meio deprimida por chegar aos trinta sem o marido e os filhos que imaginava ter a essa altura da vida, Rachel se excede na comemoração e termina a noite na cama com Dex, seu grande amigo de faculdade e noivo da sua melhor amiga. Até a noite em que ficou com Dex, Rachel era o modelo de filha e amiga perfeita, embora se visse como um fracasso. Nunca transgrediu as leis, nem mesmo as de horário de trabalho, ao contrário da egoísta, narcisista mas irresistível Darcy, em torno da qual Rachel e, posteriormente, Dex sempre orbitaram. Enquanto a boa moça e tímida Rachel teve alguns poucos namorados e conseguiu um emprego estável porém sem graça num escritório de advocacia, a linda e popular Darcy namorou todos os bonitões do colégio, construiu uma glamourosa carreira de Relações Públicas e sempre conseguiu tudo o que quis, inclusive manipular e obrigar Rachel a fazer o que desejava. E agora, após uma noite com o noivo da melhor amiga, Rachel acorda determinada a esquecer para sempre o fatídico encontro, mas acaba descobrindo que sempre amou Dex. E, apesar da amizade a Darcy, começa a perceber que ela não é exatamente o que se espera de uma melhor amiga. À medida que a data do casamento se aproxima, Rachel se desespera com a urgência da decisão que precisa tomar e acaba passando por uma profunda reavaliação de sua vida, para concluir que “certo” e “errado” são conceitos muito relativos.
Editora: Agir l 352 Páginas l Chick-Lit l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
Por definição espera-se que o livro ‘O Noivo da Minha melhor Amiga’ entretenha sem gerar reflexões profundas por parte do leitor, afinal trata-se de um chick-lit, um gênero literário comumente banalizado como ‘feminista e superficial’, um estilo que para muitos é incapaz de incitar uma discussão social ou moral. Porém, tal obra faz jus ao que o gênero tem de melhor, provando a qualidade não só da escrita da autora, como também dessa classe literária como um todo. Se você se pergunta a respeito do quê esse tipo de literatura agrega ao seu público alvo, experimente ler um livro que aborda a traição de uma forma única, confundindo seu senso de certo ou errado, fazendo-o torcer por algo censurável, mas sem dúvidas, completamente aceitável. Ambíguo? Sim, exatamente como cada capítulo do livro. Em alguns momentos rimos, em outros choramos, em outros ainda torcemos ao mesmo tempo em que julgamos; á mercê dos sentimentos descritos fica impossível não se envolver, e muito menos, deixar de refletir sobre o quão profunda essa narrativa é.
“De fato, foi assim que vivi durante toda a minha vida. Evitando o arrependimento a todo custo. Sendo boa a todo custo. Boa aluna. Boa filha. Boa amiga. Entretanto, tive uma súbita epifania: o arrependimento é uma faca de dois gumes. Eu também posso me arrepender de me sacrificar, de sacrificar meus próprios desejos em nome de Darcy, em nome de nossa amizade, em nome de ser uma boa pessoa. Por que eu deveria ser a mártir aqui?”
Rachel e Darcy são melhores amigas desde os tempos de infância; compartilham memórias das diversas fases de suas vidas como o primeiro namorado, a escolha da faculdade, o primeiro emprego, e claro, o atual noivado de Darcy com Dex. Como amigas suas personalidades se complementam, de forma que enquanto Rachel é centrada e organizada, Darcy é impulsiva e pretensiosa, e de certa forma, por mais diferentes que elas sejam não é difícil ver que são tais disparidades que impulsionam essa amizade. Entretanto, quando Rachel acorda após sua festa de aniversário e se depara com Dex em sua cama, esse relacionamento fica a um passo de ruir. Ela, a boa moça, não agiu apenas contra o decorro social ficando com um homem compromissado, ela foi além, pois dormiu com o noivo da sua melhor amiga. Mas o ‘pior’ não é a culpa, a vergonha, nem muito menos a traição, o que de fato a incomoda é não se sentir culpada por essa noite. Seria ela então, não a mocinha da história, mas sim a vilã?
Rachel, quem dá vida a história, é o tipo de personagem que envolve o leitor. A forma como ela vê e analisa a sociedade ao seu redor é completamente natural e aceitável, permitindo que nos identifiquemos com ela. É fácil compreender seu medo em ficar sozinha, as cobranças (mesmo que intrínsecas) da sociedade, seus problemas no trabalho, e principalmente a forma como ela entende e acata as extravagâncias de sua melhor amiga. Ela é tão real, tão humana, o que só deixa ainda mais forte os sentimentos de diversão, emoção e compadecimento gerados pelo livro. Durante a leitura só conseguimos torcer por ela, para que ela seja feliz, para que ela vá além de encontrar o grande amor da sua vida, achando antes disso seu amor próprio, criando coragem para lutar por seus sonhos.
“-Vai ser uma decisão dele. Você não pode fazer uma lavagem cerebral nele. Mas pode lutar por aquilo que você quer. Por que você não está lutando por algo tão significante e importante?”
Existem muitos pormenores que definem o triângulo amoroso narrado na obra, de forma que são tais detalhes que dão vida a trama e que a tornam verdadeira, contudo o ponto alto é a questão moral desse relacionamento. Ora, Rachel traiu sua melhor amiga e Dex traiu a sua noiva, e mesmo assim, não conseguimos enxergar esse envolvimento como algo errado. A sensação que fica é como se estivéssemos caminhando em uma corda bamba, em alguns momentos quase pendendo para o lado moral desse relacionamento, julgando Rachel e Dex pela traição cometida, e em outras situações quase aceitando não apenas o ocorrido, como também apostando e torcendo por essa relação. O fato é que ficamos sem saber o que sentir, ou que acatar como certo ou errado. Ao nos colocarmos no lugar de Rachel é impossível não pensar ‘Vá a luta garota’, ao mesmo tempo em que quando assumimos o papel de Darcy ficamos tentados a nos deixar guiar pela raiva e pela frustração. Ou seja, esse é um livro complicado, emocionalmente intenso, e que mesmo entre muito entretenimento e diversão, nos faz refletir a respeito de inúmeros valores sociais.
Para concluir só posso dizer que me apaixonei pela escrita da autora (ágil, fluída, cativante, romântica), que não vejo a hora de ler outros livros dela, e que amei cada segundo vivenciado com Rachel e Dex (sendo esse último personagem a cereja do bolo). E para aqueles que só viram o filme – Por favor, leiam o livro!, os encantos do filme não se comparam com a grandiosidade dessa obra.
Esse romance faz parte do Desafio Fuxicando Sobre Chick-Lits, e foi minha escolha para o mês de abril, com o tema de livros que viraram filme ou série de TV. Para saber mais e ver como participar, clique aqui.
Quotes Preferidos
“(…) Mas, quando estou com você, não fico pensando na impropriedade da nossa… relação. Estar com você não me dá a sensação de estar fazendo algo errado.”
“Mas está errado, protesto silenciosamente, sabendo que é tarde demais, que já me rendi. Acabamos de atravessar uma fronteira. (…). Nada havia realmente acontecido… (…). Nada que não pudesse ser empurrado para dentro de um armário, confundido com um sonho, até mesmo completamente esquecido. Agora tudo isso mudou. Para o bem ou para o mal.”
“Tenho de Mentir. Porque o que estou pensando é: Talvez você faça mais o meu tipo do que já cheguei a pensar.”
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