A talentosa autora de Atlas do amor inova em seu segundo romance, no qual conta a história do jovem casal que estendeu seu amor para além dos limites da vida. Não é milagre e nem magia, é pura ciência da computação. Graças ao software que Sam Elling, um divertido programador do MIT, desenvolve, torna-se possível conversar com projeções perfeitas de pessoas queridas que morreram. Assim, ele ajuda sua namorada a superar a perda recente da avó, mas não esperava que um dia fosse precisar se tornar usuário de seu próprio programa…
Editora: Paralela l 320 Páginas l Romance l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
‘Adeus, por enquanto’ é o tipo de livro que nos ganha de mansinho. Com uma premissa fantasiosa, mas ao mesmo tempo real e emocionalmente intensa, a autora Laurie Frankel – longe de ser pretensiosa – apresenta a fórmula da imortalidade. No entanto, não temos uma abordagem irracional focada em milagres ou artifícios imaginários, o que a autora descreve é a mágica da ciência da computação. Um algoritmo complexo, mas previsível, que permite tornar imortal boa parte dos nossos entes queridos, tudo graças às infinitas informações virtuais que espalhamos por aí, diariamente compartilhando emoções, conquistas, desejos e tristezas pela internet. Acrescente a isso o fator humano e temos um livro inesperadamente autêntico, que em meio à dor da perda, do sentimento de desconsolo e descrença, faz ressurgir a esperança e a aceitação de um novo futuro. Afinal, dizer adeus não para sempre, mas apenas por enquanto, é um refúgio para qualquer coração.
“(…). Sem nem mesmo tentar, sem nem mesmo decidir fazê-lo, na verdade, de algum jeito Sam inventara a vida eterna. Imortalidade. Não para você, porque você não ligaria, pois estaria morto. Para seus entes queridos, entretanto, Sam poderia manter você vivo e com eles para sempre. Isso não era imortalidade?”
A história é dividida em três partes, cada uma delas com um enfoque especial. Sendo assim, na primeira delas somos apresentados a Sam, nosso protagonista, com sua personalidade legítima e seu imenso coração. Ele já passou por vários relacionamentos complicados, e trabalhando como programador de software em uma agência de encontros online, tudo o que ele mais quer é encontrar sua alma gêmea, e exatamente por isso, não cansa de submeter-se a sites de encontros semelhantes com o qual ele trabalha. Ele sabe que as chances de acerto são mínimas, mas não desiste de tentar, e nesse ponto, quando ele abre seu coração, é impossível para o leitor não se identificar com ele. Sam é real; complicado como qualquer ser humano, simples como qualquer homem. Seus desejos são válidos e sua história de vida é compreensiva, ao passo que tudo o que podemos fazer (e para ser sincera tudo o que queremos fazer) é torcer e sonhar por ele.
Quando Sam encontra o amor da sua vida, e sim ele o faz, a trama toma um novo rumo. Somos agraciados com as verdades e minúcias de um grande amor, de uma paixão verdadeira e inexplicável, daquele tipo que tira o fôlego do leitor. E é esse sentimento, essa vontade de amar e ser amado que leva Sam, curioso e gênio da computação, a criar o Repose. Um programa que surgiu exclusivamente para ajudar sua amada a superar a dor da perda de um parente, mas que no final, cresce de forma grandiosa, mudando não apenas o rumo da vida de Sam, como também de várias outras pessoas em busca de um conforto no momento mais doloroso de suas vidas, na hora de dizer adeus.
Desta forma, as duas partes seguintes do livro narram sobre as descobertas de Sam, tanto sobre o amor, como sobre Repose, ao mesmo tempo em que divagam sobre a morte, a vida e o recomeço. O que o primeiro momento do livro tem de leve e bem-humorado, os seguintes tem de profundos e emocionantes. Perdi-me entre infinitos sentimentos, comemorando com Sam cada uma de suas conquistas e sofrendo com ele em seus momentos de dor. É incrível como a autora, mesmo com uma premissa fantasiosa, foi capaz de escrever tão bem sobre a dor da perda. Afinal, sejamos sinceros, quem de nós está preparado para enfrentar a morte de alguém querido? Ninguém, e de fato, nunca o estaremos. Alguns lidam melhor com tal situação do que outros, mas o traço de desolação e solidão deixado pela morte é igual para todos. E ler sobre isso, em meio a uma história tão real e a infinitas tramas paralelas, é doloroso e curiosamente, reconfortante.
O que salva o livro da dor da morte é, como na vida real, a força que fazemos diariamente para superar tal dor. E eu gostei muito disso; a autora não se prende na perda, mas na luta que precisamos fazer para dizer adeus. Dessa forma, a obra não é do tipo que nos leva a um ataque de choro desenfreado, muito pelo contrário, ele nos faz ver com um olhar real a outra face da perda, fazendo-nos valorizar cada memória e momento bom que desfrutamos ao lado de quem amamos. Para isso a autora conta com personagens fortes e engraçados, com uma escrita leve e ao mesmo tempo profunda, e com elementos de texto, como conversas via telefone e principalmente e-mails, suficientemente comoventes. Ri, chorei, torci, briguei, e no final, fui marcada pela beleza da história.
A única coisa que preciso salientar como ponto negativo é a minha mania de descobrir as coisas antes do tempo. Eu não sei se a autora se faz previsível de forma proposital, ou se eu sou alguém difícil de surpreender, mas quase não existem elementos inesperados no decorrer da trama. É engraçado, mas eu sempre soube que boa parte deles iria acontecer, mas com alguns lutei com todas as forças para encontrar indícios de que eu estava errada. Infelizmente, eu não estava, mas também não estava preparada para o que veio depois deles, e isso sim, foi uma grande surpresa, e claro, desenfreou uma avalanche de emoções. Só de lembrar sou invadida por uma vontade de chorar, e mesmo levando em conta o quanto sou uma ‘manteiga derretida’, acho que tal emoção é própria do livro e da escrita da autora.
No geral, amei o livro, e amei ainda mais Sam. Não esperava muito dessa obra, mas surpreendentemente acabei apaixonada por ela. E bem, essa é a beleza da leitura, não é mesmo?
Quotes Preferidos
“É por isso que deveríamos ir. Para dizer adeus.” “Não quero dizer adeus.” “Não adeus para sempre”, disse Sam. “Adeus por enquanto. Adeus por alguns meses…”
“Não estar apaixonado significava menos probabilidade de se machucar. Mas ele honestamente não via sentido. Não via sentido porque era uma dessas pessoas que sempre, sempre tinha que estar acompanhada, (…) porque quando não estava passando o tempo com pessoas que amava, Sam descobriu que passava muito tempo com pessoas que não amava.”
“Você acha que vai ter todo o tempo do mundo. Acha que sempre vai existir ‘mais tarde’. Às vezes, de repente, horrivelmente, não há.”
“…no final das contas, nós abrimos mão. Não fazemos isso porque estamos prontos. Fazemos isso porque melhoramos. Fazemos isso não porque ficamos de luto e nos entendemos e superamos e seguimos adiante. Nunca seguimos adiante.”
“…Grandes amantes imaginam que seu amor sobreviverá e durará mais do que eles próprios em correspondência apaixonada que sobrevive em livros, em museus. Mas em livros e museus, seu amor é preservado, sepultado. O nosso cresce, e vive, e respira, move-se e dança ao vento, continua sendo muito depois que os museus desmoronam e os livros viram cinzas e poeira.”
Promoção
Gostou da resenha? Então que tal concorrer a um exemplar do livro ‘Adeus, por enquanto’? Para participar basta:
- Possuir endereço de entrega no Brasil;
- Seguir o Livros & Fuxicos pelo Google Friend Connect;
- Comentar na resenha (Comentários como “Participando”, “Eu quero” ou “Que legal” serão desconsiderados) e;
- Preencher o formulário: a Rafflecopter giveaway
Prontinho, agora você já está participando! A promoção fica no ar até o dia 12 de Maio e provavelmente o ganhador será divulgado no dia 13. Lembrando que o mesmo tem até 48 horas para responder o contato de solicitação de endereço, se não, irei realizar um novo sorteio. Vale ressaltar que o envio do livro será feito diretamente pela editora, e que o mesmo pode ocorrer dentro do prazo de 30 dias.
Comente via Facebook