As Peças Infernais é uma trilogia steampunk situada na charmosa Londres vitoriana, e que como antecessora da série Os Instrumentos Mortais, nos apresenta o submundo e seus integrantes (caçadores de sombras, feiticeiros, demônios, fadas, entre outros) sob um olhar particular e inusitado. A trilogia é composta pelos livros: Clockwork Angel (Anjo Mecânico); Clockwork Prince (Príncipe Mecânico); e Clockwork Princess (Princesa Mecânica, que segundo a editora Galera Record, vai ser lançado no Brasil ainda em outubro de 2013), e apesar de estar diretamente ligada com os outros livros escritos pela autora Cassandra Clare, possui começo, meio e fim, e por esse motivo, pode ser lida separadamente.
Como o próprio gênero literário prevê, a trilogia apresenta o que a classe steampunk tem de melhor: um cenário histórico atrativo e exuberante, com seus bailes, vestidos rodados e convenções sociais tipicamente inglesas; um nível de pesquisa científica elevado para época e forte o suficiente para encantar o leitor com suas particularidades e exuberâncias; personagens de tirar o fôlego; e um romance digno de suspiros, que abocanha, divide e aflige (e muito) o coração do leitor. Entretanto, o grande aspecto da trama é sua sinuosa ligação com a saga Os instrumentos Mortais, para os fãs cada detalhe que liga essas duas séries é responsável por uma euforia sem tamanho, é como se estivéssemos mergulhados em um grande e desafiante quebra cabeça, para o qual cada pequena peça, seja ela um sobrenome em comum, um personagem onipresente e até mesmo um segredo familiar, faz toda a diferença na compreensão total de ambas as séries. Sendo assim, é claro que elas podem ser lidas de forma paralela, entretanto, lê-las em conjunto é, no mínimo, instigante.
Anjo Mecânico
Anjo mecânico apresenta o mundo que deu origem à série Os Instrumentos Mortais, sucesso de Cassandra Claire. Nesse primeiro volume, que se passa na Londres vitoriana, a protagonista Tessa Gray conhece o mundo dos Caçadores de Sombras quando precisa se mudar de Nova York para a Inglaterra depois da morte da tia. Quando chega para encontrar o irmão Nathaniel, seu único parente vivo, ela descobrirá que é dona de um poder que capaz de despertar uma guerra mortal entre os Nephilim e as máquinas do Magistrado, o novo comandante das forças do submundo.
Editora: Galera Record l 392 Páginas l Steampunk • Sobrenatural • Jovem Adulto l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
“Sempre se deve ter cuidado com livros – disse Tessa -, e com o que está dentro deles, pois as palavras têm o poder de nos transformar”.
Anjo Mecânico, como o primeiro livro da trilogia, é responsável por nos apresentar o cenário da trama e seus principais personagens. Sendo assim, acompanhamos a jovem Tessa Gray em seu desembarque na chuvosa Londres – cidade tão diferente de Nova York, onde ela viveu por anos até a recente morte de sua tia. Sem família na extensão do continente americano, ela se muda para Londres na intenção de viver com seu irmão mais velho, Nate, porém, ao chegar à cidade ela descobre seu verdadeiro destino, mergulhando em uma grande trama de poderes sobrenaturais para os quais ela nunca havia sido apresentada, e em meio a dor e a esperança ela aprende que não é normal, pelo menos não para os padrões humanos.
Enquanto Tessa luta por sua sobrevivência e aprende cada dia mais sobre o que realmente é, os caçadores de sombras do instituto de Londres se mobilizam para descobrir e punir os responsáveis pelas inúmeras mortes de mundanos que estão acontecendo no perímetro da cidade. Não existem dúvidas de que tais mortes estão ligadas ao mundo sobrenatural, seriam então causadas pelas crianças noturnas? Pelos lobisomens? Ou seriam esses humanos os novos brinquedos experimentais dos feiticeiros? Em busca de respostas os jovens caçadores de sombras James Carstairs (pura fofura) e William Herondale (puro amor) mergulham ao lado da jovem Tessa em uma trama repleta de ação, mistérios e muito romance.
Assim que comecei a leitura do livro fui abocanhada por sua intensidade, temos aqui não apenas um novo cenário, mas personagens tão únicos e fortes que é impossível não se envolver com eles. A cada página lida, a cada nova surpresa, me via ainda mais impressionada com o talento da autora, com a forma única com a qual ela apresenta as diversas facetas desse mundo sobrenatural. Mas o ponto alto do livro não é apenas conhecer e aprender mais a respeito desse mundo, o grande foco da história é o destino interligado de seus personagens principais; do passado e do futuro de Tessa, dos segredos e dores de Jem e do coração conflituoso e duro de Will. O fato é que nessa trilogia nada e é o que aparenta ser, e quanto mais nós lemos, mais descobrimos e revelamos sobre esses jovens e seus segredos.
Como amante de Os Instrumentos mortais foi uma surpresa ver que a autora foi capaz de criar personagens ainda mais conflitantes e envolventes, a ligação que criamos com cada um deles é testada constantemente quando vemos nascer um triângulo amoroso previsível, mas nem por isso menos intenso. Não nego que acho triângulos amorosos o grande clichê da literatura juvenil, mas nesse caso em particular tirei o chapéu para a autora, é impossível escolher um lado, é impossível torcer por um jovem, e exatamente por isso, é impossível imaginar um futuro para eles o que deixa a obra completamente imprevisível.
Indo além da trama e de seus personagens, a escrita da autora é simples e objetiva, e não deixa a desejar em questões históricas própria da época que conduz a trama. Temos então muito romance, aventura, mistério, uma narrativa extremamente envolvente, e personagens muito cativantes, ou seja, como resistir ou não morrer de encanto? Simplesmente me apaixonei ainda mais por esse mundo e seus integrantes.
Príncipe Mecânico
Resenha livre de Spoilers. Optei por não colocar a sinopse para evitar a divulgação de informações impróprias para aqueles que não leram o primeiro volume da trilogia.
Editora: Galera Record l 406 Páginas l Steampunk • Sobrenatural • Jovem Adulto l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
“Não posso continuar assim, (…), esperança infinita, decepção infinita. Cada alvorecer é mais negro que o do dia anterior…”.
Príncipe Mecânico é pura emoção. No primeiro volume da trilogia muitos segredos são revelados e muitos disfarces são descobertos. Em meio a traições e acusações, o destino de Tessa, Jem, Will e de todos os outros caçadores de sombras ligados ao Instituto de Londres, é colocado em jogo. Começam então as partidas políticas e a busca desenfreada por poder e vingança, e no meio disso, esses jovens finalmente deixam revelar seus segredos mais profundos, e como bem sabemos, o resultado só poderia ser emoção do início ao fim.
Eu estava apreensiva para a leitura desse livro, para acompanhar o desenrolar do triângulo amoroso, a revelação do segredo de Will, a desmistificação da origem de Tessa, o futuro incerto de Jem, e claro, o amadurecimento da guerra iniciada em Anjo Mecânico. Confesso que tal apreensão beirava a desconfiança, pois não imaginava uma forma da autora seguir com a história sem me decepcionar; não é que eu não acredite no talento dela, é que simplesmente não conseguia enxergar um futuro bom o suficiente para acalmar meu coração. Afinal, como eu poderia escolher apenas um destino, como imaginar o que vem adiante, quando para isso você precisa escolher por qual dos lados torcer? Como escolher a felicidade de um único personagem, quando todos precisam encontrar o amor e a alegria?
Durante a leitura eu só conseguia pensar nisso, em como as coisas seriam resolvidas. Entre muita ação e mais uma infinita chuva de mistérios (realmente a autora sabe como surpreender) eu só me importava com a felicidade dos três personagens principais; nem o romance era o mais importante, o que eu queria mesmo é um final feliz para eles. Sabe aquele sentimento de compaixão, aquela vontade de dar o melhor para alguém? Essa é minha conexão com esses personagens, e por esse motivo, meu coração ficou apertado com o final do livro. Ah o final… como esperar até outubro pelo volume final da trilogia?
Boa parte das minhas dúvidas iniciais quanto ao futuro da trama foram definidas em Príncipe Mecânico, e meu maior medo se tornou realidade, a temida escolha. Era inevitável, eu sei, mas por que precisava ser tão dolorosa? Por que o amor sempre remete ao sacrifício? Ou ainda, por que o amor (seja ele familiar, romântico ou entre amigos) é um sentimento tão complexo e assustador? O romance não é o foco do livro, mas o amor é. Um amor de sacrifícios, de doação e de esperança. Não temos como escolher quem amar, então depois desse livro, é impossível não ficar com o coração partido. Escolhas, dúvidas, medo e um futuro incerto. Ah, Cassandra Clare, aqui estou eu, mais uma vez, ansiosa por um livro seu.
Que venha Princesa Mecânica para curar a ferida deixada por Will, Tessa e Jem em meu coração.
Veredito final: Livro favorito, triângulo amoroso favorito e personagem masculino favorito ♥
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