Autor francês mais lido em todo o mundo, Marc Levy deve em muito o sucesso de suas vendas e críticas positivas a E se fosse verdade…, livro que marcou sua estreia literária. O romance nasceu da ideia de Levy, à época um empresário de sucesso, escrever uma história para seu filho, para que ele a lesse quando chegasse à idade adulta. Lauren é uma jovem médica com muito potencial: faz residência no San Francisco Memorial Hospital, na Califórnia. Porém, sua carreira promissora é interrompida quando ela é vítima de um grave acidente de carro e fica em estado de coma. Com morte cerebral confirmada, ela acorda e descobre que está fora de seu corpo – incomunicável como um fantasma. De forma misteriosa, Lauren consegue ser vista apenas pelo solitário Arthur, o novo inquilino de seu apartamento. Cético, ele leva algum tempo para acreditar na história da invasora, mas logo o sentimento entre os dois se torna algo a mais. Sem esperanças, os médicos e a família da jovem decidem fazer a eutanásia. Agora, o casal terá que lutar para salvar o corpo de Lauren, e descobrir alguma forma de reuni-lo com sua consciência. Grande sucesso de vendas, a inusitada história de amor foi publicada originalmente em 1999. Seus direitos para o cinema foram comprados por Steven Spielberg e a adaptação homônima, estrelada por Reese Witherspoon e Mark Ruffalo, lançada em 2005, foi também sucesso de público e crítica.
Editora: Suma de Letras l 232 Páginas l Romance l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
Depois de assistir um filme inúmeras vezes, decorar as falas dos personagens principais, rir e se emocionar sempre nos mesmos momentos e ainda assim não enjoar da história, é de se esperar que eu não me surpreendesse ao ler o livro que inspirou tal adaptação cinematográfica, certo? Errado, completamente errado! Eu já conhecia a história central do livro E se fosse verdade… (da mesma forma que você também já deve conhecer afinal, quem é que ainda não viu essa delícia de comédia romântica com a Reese Witherspoon e o Mark Ruffalo?), mas nem por isso deixei de me espantar com a intensidade dessa obra. Claro, a trama é irreal, extremamente fantasiosa e até certo ponto inimaginável, porém existe algo de único na intensidade dos sentimentos, lembranças e sonhos descritos, fato que o filme deixou passar despercebido, enquanto o livro nos obriga a viver e experimentar tais emoções. Se você viu o filme pode erroneamente esperar do livro nada mais do que um belo e inusitado romance, contudo não é apenas isso que encontramos na ambiciosa trama do autor Marc Levy. Ele fala de amor, família, amizade, esperança e principalmente, da beleza e da riqueza da vida, então e daí se para isso ele usa como artifício um episódio fantasmagórico? O que realmente importa é a verdadeira e bela mensagem que o livro traz – a qual não tem nadinha de ilusória.
“- Cada segundo com você conta mais do que qualquer segundo.”
“Se desse de cara, à meia-noite, com um sujeito escondido no armário do banheiro, meio agitado, tentando explicar que é uma espécie de fantasma, em coma, o que acharia e qual seria a sua reação imediata?”
Em primeiro instante a relação de Lauren e Arthur é de pura comédia. Ela tenta convencê-lo de que está viva, enquanto ele aparece em público falando sozinho, ou gesticulando bravamente com alguém que aparentemente não existe ou ainda abrindo a porta do carona de seu carro para “seu amigo Gasparzinho”; é simplesmente impossível não se divertir com esses dois que mesmo em suas diferenças se entendem muito bem. Aos poucos uma amizade floresce, eles criam um laço de companheirismo, como se os dois soubessem de um segredo que o mundo inteiro desconhece. E então, como um esperado raio em dia de tempestade, eles são abocanhados pela realidade de que seu tempo juntos está se esgotando e é aqui, no momento principal da trama, que o filme (desculpem-me pelas excessivas comparações) vira um mero resumo dessa grandiosa história.
Em busca de uma solução para o caso de Lauren, nasce um romance, um amor que transforma a ponto de fazer Arthur abrir seu coração e ah gente, como eu gosto disso, de personagens que revelam pequenos pedaços de suas vidas, memórias de infâncias, suas perdas e conquistas mais marcantes, deixando-nos completamente envolvidos em suas histórias. Por esse motivo eu não poderia dizer que o livro é exclusivamente sobre Lauren (sobre as dificuldades e medos que ela encontra em sua atual condição e a respeito da dor que é ficar tanto tempo em coma), pois para mim ele é mais sobre Arthur, sobre seus sofrimentos e suas descobertas, sobre a luta que ele trava com seu passado para manter Lauren em seu presente. Então, me digam, entre tamanha emoção e superação, como não se envolver com essa história? Sério, são personagens tão intensos, memórias tão ricas, ensinamentos tão verdadeiros que é impossível não se deixar tocar pela beleza dessa narrativa.
Contudo, é claro que não são apenas flores; o autor tem uma forma peculiar de escrever, uma maneira que não é negativa, mas é… diferente, eu mesma confesso que demorei a me adaptar a ela, mas assim que o fiz me deixei levar pela trama, permitindo-me ser surpreendida, emocionada e abocanhada por um mundo só do Arthur e da Lauren. Eu chorei, ri e me apaixonei com eles e tudo isso porque eu não esperava muito do livro, ou seja, nesse caso a grande questão é não criar muitas expectativas quanto à história. Talvez você goste, talvez não, mas o que vale mesmo é tentar, dar uma chance ao livro, pois ele definitivamente vale a pena. Aprendi muito com o autor em apenas 232 páginas, e graças a ele, vou aproveitar muito mais os abençoados mais de oitenta mil segundos que recebo todos os dias do banco da vida.
Para ler ao som de…
Para quem leu e gostou de…
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Quotes Preferidos
“Quantos se dão conta, a cada manhã, do privilégio que é acordar e ver, sentir, tocar ouvir? Quantos de nós são capazes de esquecer por um instante as preocupações, para se maravilhar com esse espetáculo fantástico? Acho que a maior inconsciência do homem é com relação à própria vida.”
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