Sarai tinha só quatorze anos quando sua mãe a levou para viver no México em um quartel de drogas. Com o tempo ela se esqueceu do que era ter uma vida normal, mas ela nunca deixou de lado a esperança de escapar do complexo onde tem estado presa nos últimos nove anos. Victor é um assassino a sangue frio que, como Sarai, somente conheceu a morte e a violência desde que era somente uma criança. Quando Victor chega ao complexo para recolher dados e aplicar um golpe, Sarai o vê como uma chance para escapar. Mas as coisas não acontecem como o previsto, e em vez de se encontrar a caminho de Tucson, ela se encontra livre de um homem perigoso, para cair nas garras de outro. Enquanto fogem, Victor se distancia de sua natureza primitiva enquanto sucumbe a sua consciência e decide ajudar Sarai. À medida que ficam próximos, ele se encontra disposto a arriscar tudo para mantê-la com vida, inclusive sua relação com seu irmão e seu contato, Niklas que, agora como todos os outros, querem Sarai morta. Enquanto Victor e Sarai lentamente constroem uma confiança entre eles, as diferenças parecem diminuir, e uma atração pouco provável se intensifica. Entretanto, as habilidades e experiência de Victor podem não se suficientes para salvá-la, enquanto o poder que ela tem sobre ele, pode ser o que colocará fim a sua vida.
Editora: CreateSpace l 396 Páginas l Romance Adulto l Kobo Books • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Killing Sarai é o primeiro volume da duologia In the Company of Killers escrita pela autora J.A. Redmerski, popularmente conhecida por seu romance ‘Entre o agora e o Nunca’. Como uma fã assumida de tal new adult (e consequentemente da autora), estava extremamente curiosa para ler outras histórias de sua autoria, sendo assim, quando soube de seu novo lançamento, o romance Killing Sarai, não me aguentei e repleta de expectativas, corri lê-lo. De fato criar demasiadas expectativas não foi um bom negócio para a leitura, porém ler o livro sem saber nada (sim, absolutamente nada) a respeito da história foi a melhor escolha que fiz. Eu já sabia quão profunda a escrita da autora tende a ser, mas criar uma história como essa, tão obscura e contraditória, desenvolver uma personagem como Sarai, que perdeu tudo o que tinha e o que era para o único mundo que a jovem conheceu – um mundo de violência e injustiça – foi quase demais para mim. Eu já esperava ler sobre perdas, dúvidas, desejo, abuso físico e mental, mas ler sobre tantas mortes, tantas tragédias… Como estar preparada para algo assim?
“… você vai pelo menos me dá uma arma?” Silêncio filtra através do espaço entre nós. “Você vai?” Pergunto novamente, agitando esse silêncio. “Isso vai me dar uma chance de lutar. Ou eu vou matar Javier ou a mim mesma, mas vou morrer sabendo que eu tentei.”
Considerando a dependência química de sua mãe é fácil presumir que Sarai não teve uma infância fácil, entretanto, por mais conturbada que sua vida fosse pelo menos ela tinha um lar, uma cama, uma família e o mais importante, era livre para sonhar e lutar para ter a vida que quisesse. Só que o problema é que tudo isso foi tirado dela aos quatorze anos, quando a jovem foi levada para um lugar desconhecido no México e feita de refém por longos nove anos de sua vida. Imagine ficar presa em um cativeiro sustentado por vendas de drogas e prostituição durante sua adolescência e boa parte de sua maturidade; impossível se manter alheio a tudo isso, certo? Depois de viver tantos anos em um mundo violento e injusto Sarai perdeu uma parte de sua alma, uma parte inocente e pura. Para sobreviver ela precisou aprender a não ligar para as mortes ao seu redor, teve que mentir, fingir aceitar, ser uma outra Sarai, porém mesmo com suas máscaras bem esculpidas ela nunca perdeu a esperança de que um dia sairia do cativeiro e teria uma vida normal, então quando essa oportunidade finalmente chega ela está disposta a quase tudo, até mesmo matar.
O livro gira então ao redor da vida de Sarai, do que ela já teve e do que pode vir a ter um dia. Logo de cara somos surpreendidos por sua tentativa de fuga e a partir desse ponto a autora nos dá inúmeros tapas na cara, apresentando uma jovem que reflete a vida dolorosa que teve – uma vida que não está tão longe da vida que muitas jovens levam pelo mundo afora. Nesse ponto fui sensibilizada, não tem como se manter indiferente a tamanha dor, medo, injustiça e raiva. São tantas emoções que fazem o livro tão forte e profundo que simplesmente o devorei, me senti incapacitada de romper a leitura enquanto não lesse as últimas linhas da trama.
Entretanto, não é só a respeito de Sarai que o livro discorre, pois temos um personagem masculino tão complexo quanto seu relacionamento com a mocinha do livro. Em suma temos a união de dois personagens marcados pela morte; eles já perderam tanto que não possuem medo de abraçar a escuridão ao seu redor, mas em contrapartida, não possuem nada para oferecer, afinal, quem consegue amar e se doar ao próximo com um coração tão dolorido e endurecido pela vida? Por esse motivo o livro não traz juras de amor eterno, ele caminha para uma possível relação, apresentando inúmeras situações de entrega, carinho, paixão e até mesmo amor, mas nada claro e assumido (é como se o amor fosse algo inacessível). O problema então é: 1 – ou a autora segue sem contar com a plenitude do amor, mas com a aceitação dos leitores de que a sustentação desse sentimento, nesse caso, é inviável demais, ou 2- segue o rumo da salvação, narrando um amor forte o suficiente para curar. Para quem não leu, podem ser soluções viáveis, mas para quem leu… Não sei, não tem como seguirmos sem amor, mas também é meio fantasioso acreditar que ele salvaria o casal de seus medos, e veja bem, não estou dizendo que o amor não salva ou não cura, é que nesse caso as coisas são mais difíceis do que aparentam ser, o que nos deixa em um confuso e completo impasse: sem amor não dá, mas com ele a obra pode cair no clichê.
No geral o livro é simplesmente profundo, obscuro, e melhor ainda, totalmente imprevisível. A narrativa da autora é ótima, do tipo bem envolvente e emocional, e apesar de eu não ter me empolgado muito com o romance, estou bem ansiosa para ver como as coisas irão se desenrolar no próximo volume da trama. E aqueles que se perguntam se o livro vai ser publicado por aqui: infelizmente ainda não temos informações a respeito da compra, ou seja, só nos resta esperar e torcer para que alguma editora adquira os direitos da obra.
“Isso vai contra tudo o que eu sou, Sarai.” Ele diz e, em seguida, beija-me. “Não, não vai.” Eu sussurro e beijo de volta. “É você tornando-se mais quem você realmente é.”
Para ler ao som de…
Para quem leu e gostou de…
Quotes Preferidos
“Eu acho que agora eu sei o que se sente como quando uma pessoa passou metade de sua vida na prisão e é liberada de volta para o mundo. Eles não sabem o que fazer com si mesmos, eles não sabem o que fazer para se adaptar à sociedade. Eles constantemente olham por cima do ombro. Eles não podem dormir por cinco horas ou acreditar que eles podem escolher o que comer e quando comer. Violência, escuridão e confinamento é tanto uma parte deles que a metade deles nunca aprende de outra maneira.”
Capa do próximo (e último?) livro da saga: Reviving Izabel, ainda sem previsão de lançamento.
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