Dan Cereill levou um encontrão da vida: seu pai faliu, assumiu que é gay e separou-se de sua mãe, tudo de uma vez só. Enquanto isso, sua mãe recebeu de herança uma casa tombada pelo patrimônio histórico que cheira a xixi de cachorro, mas que não pode ser reformada… E, agora, Dan está vivendo em uma casa-relíquia que parece um chiqueiro, com uma mãe supertriste e sem conseguir falar com o pai — que ele ama muito. Suas únicas distrações são sua vizinha perfeita, Estelle, e uma lista de coisas impossíveis de fazer, como: 1. Beijar a garota; 2. Arrumar um emprego; 3. Dar uma animada na mãe; 4. Tentar não ser um nerd completo; 5. Falar com o pai quando ele liga; 6. Descobrir como ser bom e não sair abandonando os outros por aí…
Mas impossível mesmo será: 1. Não torcer para que Dan supere seus problemas; 2. Não rir muito com os devaneios dele; 3. Não querer ter um cachorrinho como Howard; 4. Não desejar que a mãe de Dan encontre a felicidade; 5. Parar de ler este livro; 6. Não querer abraçar o livro depois de tê-lo terminado…
Editora: Novo Conceito l 272 Páginas l Jovem Adulto l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Não tem nada melhor do que se surpreender com um livro. Quando comecei a ler Seis Coisas Impossíveis não esperava muito mais do que um romance tipicamente juvenil – uma obra que usasse como pano de fundo a narrativa do temido primeiro beijo, ou talvez a vontade de ser aceito que todo jovem tem, ou ainda a maneira quase inata com a qual todo adolescente busca o reconhecimento (seja ele dos familiares, amigos, ou namorados). E de fato o livro traz muitas dessas reflexões, entretanto conta com um grande diferencial: um narrador que cativa e envolve completamente o leitor. Dan, no auge dos seus quatorze anos, viu sua vida virar de ponta cabeça quando descobriu que as finanças de sua família estavam ruins ao ponto de seu pai criar coragem e assumir que é gay, ir para um centro de reabilitação espiritual, e deixar sua mãe com toda a responsabilidade de cuidar e sustentar a casa – casa que eles não possuem mais. Magoado, confuso, e perdido nas lembranças do que um dia foi uma família feliz, Dan resolve que está na hora de mudar, mesmo que isso pareça completamente impossível.
“– Seja você mesmo. […] Eu mesmo. Eu mesmo? E eu sei lá quem é esse? É como se eu fosse um bolha sem forma, tentando parecer alguma coisa”.
Quando o pai de Dan deixou sua família em apuros a sorte resolveu dar as caras e uma herança inesperada proporcionou a ele e a sua mãe um novo lar – tá que se trata de uma casa tombada como patrimônio histórico, que fede a xixi de cachorro, e que não vale muito para quem não tem nem o que comer, mas ainda assim é melhor do que não ter onde dormir. E, com tantas mudanças ao seu redor (sendo a maioria extremamente desagradável), mudar de casa não chega a ser a pior entre elas, afinal ela dá a Dan uma segunda chance, a oportunidade que ele queria de não ser mais o cara de um amigo só, ou o cara que nunca beijou uma garota, ou pior, o nerd esquisito. Ele quer ser um novo garoto, quer ajudar a mãe, conhecer sua vizinha gatinha, ser um homem melhor do que o “tipo que abandona a família”, e deixar de ser tão nerd na escola. Ele quer o que todo jovem quer, ser amado, e com muito bom humor narra sua nova vida, a que ele quer fazer acontecer.
O decorrer da história de Dan é absolutamente normal, como qualquer jovem em uma fase de descobertas e inseguranças ele enfrenta situações muito difíceis, e infelizmente bem presentes em nossa realidade, como bullying, medo do futuro, dúvidas quanto ao seu corpo, e infinitas preocupações com aqueles que ele ama. Os pontos de reflexão são sutis, mas estão completamente enraizados no livro, e isso por si só me deixou extasiada. A dor de Dan (que não faz o tipo de garoto chorão, muito pelo contrário), a força de sua mãe, o recomeço dessa família, as pessoas boas (e animais fofos) que aparecem em meio a tanta confusão emocional, e a forma como esse jovem consegue, sutilmente, contornar as perdas para agregar ganhos… Isso é tudo tão sentimental, tão gostoso de ler. Dan está sofrendo? Claro que está, mas ainda assim encontra espaço em seu coração para se apaixonar, para ajudar seus amigos, para aprender e, principalmente, para amadurecer. E eu gostei tanto disso, da sua maneira única e amorosa de ver e levar a vida – gostei tanto desse rapazinho que facilmente o apresentaria a minha irmã mais nova, risos.
Com uma escrita rápida e direta, e com um personagem nerd, fofo e muito carismático ♥, a autora nos prende ao livro e nos proporciona uma leitura agradável, comovente e divertida. Sabe o tipo de história perfeita para entreter e fazer o leitor refletir, e que emociona mesmo sem usar densas cargas de drama? Aquele tipo de livro que dá uma perspectiva nova a palavra “recomeço”? Pois bem, é esse o caso de Seis coisas Impossíveis: jovem, divertido, tocante, romântico e surpreendente. Talvez eu tenha gostado tanto do livro por lê-lo sem expectativa nenhuma, contudo é fato que eu ri, suspirei e me emocionei demais com essa história. E tudo com um menino como narrador, difícil de acreditar não é? Alguns vão dizer que é sorte de principiante, mas eu acredito que seja talento de sobra dessa autora. Ponto para ela! Conquistou uma fã.
De olho na diagramação
Como não amar livros lindos tanto emocionalmente quanto esteticamente? Além de uma história deliciosa Seis Coisas Impossíveis conta com vários detalhes fofos, dá uma conferida:
Bacana, não é?
Quotes Preferidos
“Se os seus próprios pais não deixam você ser quem você é, então quem é que vai fazer isso?”
“Será que ela sabe como eu estou? Ou pergunta? Será que ela acha que foi divertido para mim ser expulso da minha vida e jogado nesse museu triste e frio?”
“(…) Pelos no rosto, nariz inchado, olho roxo, roupas que não me servem direito – esse lance de me tornar um cara descolado está dando supercerto!
“E estou chorando de novo. Isso não pode ser saudável. Estou me afogando. […]. Não posso depender de ninguém, não tem ninguém para resolver os problemas, ninguém para pagar a conta, ninguém para passar a bola. Estou sozinho aqui, sem dinheiro, sem soluções…”
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