Sam ama fatos. Ele é curioso sobre óvnis, filmes de terror, fantasmas, ciências e como é beijar uma garota. Como ele tem leucemia, ele quer saber fatos sobre a morte. Sam precisa de respostas das perguntas que ninguém quer responder. ”Como Viver Eternamente”, é o primeiro romance de uma extraordinária e talentosa jovem autora. Engraçado e honesto, este é um livro poderoso e comovente, que você não pode deixar de ler. A autora tem apenas 23 anos e embora seja seu primeiro livro, ele está sendo lançado em 19 países, dirigido a crianças, adolescentes e adultos.
Editora: Geração Editorial l 232 Páginas l Sick-lit l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Como viver Eternamente me surpreendeu – e muito – ao tratar de um assunto tão sério como o câncer com a leveza típica de uma criança de onze anos. Sam foi diagnosticado com leucemia três vezes: nas primeiras duas vezes ele e sua família embarcaram em um longo tratamento que os encheu de esperança, contudo, na terceira vez os medicamentos foram reduzidos sob a perspectiva de manter Sam vivo e não de curá-lo. O fato é que às vezes a leucemia é curada e nunca mais volta, porém em outras vezes a doença retorna ainda mais forte. Por isso, depois de tantas injeções, das longas conversas com o médico, das sessões de quimioterapia, e dos incontáveis dias de dor e choro Sam, mesmo tão jovem, percebeu que dessa vez os remédios só iriam retardar o inevitável, que só iriam prolongar o momento de sua morte. Contudo o que é a morte para uma criança? Se para um adulto já é difícil compreender os mistérios da morte e do amor de Deus, imagine para alguém de pouco mais de dez anos?
“A leucemia sempre volta. Eles pensam que já curaram, mas ela volta. Não para todo mundo. Fato: oitenta e cinco por cento das pessoas ficam curadas para sempre. (…). Isso quer dizer a maioria das pessoas. Porém, no meu caso ela sempre volta.”
Fora o fato de a narrativa ser envolvente e verdadeira, a escrita da autora é simples como a de um garotinho e, exatamente por esse motivo, pode ser lida de maneira muito ágil. Contudo não podemos nos deixar enganar pela leveza infantil da trama, já que por mais que Sam seja um garoto e apronte como qualquer outro menino de sua idade, a sombra da doença ainda paira em sua mente ao ponto de fazê-lo questionar tudo o que sabemos e dizemos a respeito da morte. E nesse ínterim, de forma bela e tocante, ele vai aprendendo a viver seus dias limitados, a realizar seus sonhos – mesmo os que realmente são impossíveis –, e a incitar os que estão ao seu redor a dar valor na vida e em suas pequenas e insubstituíveis alegrias. O que é mais bonito na história de Sam é que, mesmo doente e sabendo tão pouco da vida, ele dá um show ao nos ensinar a agarrar as oportunidades, a lutar pelo que queremos, e a amar de forma incondicional. Em suma ele transforma os que estão ao redor – tanto dentro quanto fora do livro – e não pela pena gerada por sua condição, mas pela naturalidade com a qual ele lida com a situação.
Eu poderia até dizer que mesmo na dor o livro é belo, porém apesar dos sorrisos que Sam arranca essa história tem sim seu lado obscuro e doloroso, como as recaídas, as frustrações, as perdas e a dura realidade por trás do olhar compreensivo desse jovem protagonista – afinal o fato dele saber que vai morrer e lidar razoavelmente bem com isso não diminui a dor dessa compreensão. Ainda assim não espere um livro dramático, a obra de Sally Nicholls é fácil de se ler, tem uma mensagem bonita e traz uma reflexão valorosa e verdadeira que, em nenhum momento, tem a intenção de chocar e emocionar ao extremo seus leitores. E eu adorei completamente isso!
Sendo assim, só posso dizer que esse foi um livro leve e de leitura rápida, mas também belo e extremamente tocante. O tipo de história que encanta por ter uma bela mensagem, mas principalmente por proporcionar isso ao leitor de uma maneira simples e direta.
“Tem a ver com coisas velhas que morrem e coisas novas que nascem. Velhas estrelas formando novas. Folhas mortas se transformando em plantinhas. Pode ser algo que morre ou pode ser algo que nasce. Depende do ângulo que se escolhe.”
Outros Trechos
“… Se alguém dá câncer a criancinhas, então esse alguém não pode ser bom.”
“Não preciso ir para o hospital nunca mais. O Dr. Bill me prometeu. Tenho de ir à clínica – e só. Se eu ficar bem doente mesmo, posso ficar em casa. Isso porque vou morrer. Provavelmente.”
“Não tem sentido ter desejos se a gente pelo menos não tentar realizá-los.”
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