Publicado em 1870, Vinte mil léguas submarinas é uma das obras de aventura quintessenciais da literatura ocidental. Mais do que isso, o francês Jules Verne ajudou a estabelecer um tipo de romance que, sem abrir mão por um segundo da mais eletrizante carga de entretenimento, apresentava e discutia as principais questões que norteavam o conhecimento científico de seu tempo. E ia além, perscrutando o futuro. A aventura começa quando Dr. Pierre Arronax é convidado pelo Secretário da Marinha dos Estados Unidos a participar de uma expedição de pesquisa naval a bordo do Abraham Lincoln. O objetivo é encontrar um monstro marinho, avistado no Oceano Pacífico. Durante o confronto, Arronax, seu criado Conseil e o arpoador canadense Ned Land são lançados ao mar, para serem subsequentemente resgatados pelo submarino do capitão Nemo, o Nautilus. Narrado por Arronax, o livro é um vasto passeio pelos oceanos do mundo e suas maravilhas submarinas, descritas em detalhes por Verne. Não é apenas a tecnologia que o interessa, mas também a fauna e a geografia marítimas, tudo reforçado em seu maravilhamento da imaginação – como no episódio da luta da tripulação do Nautilus contra uma lula gigante. Episódios de um romance que tem encantado gerações de leitores de todo o mundo há mais de um século.
Editora: Cia das Letras l 512 Páginas l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
A aventura do professor Arronax começa quando um monstro marinho assola os mares e causa naufrágios ao redor do mundo. Histórias são contadas sobre a velocidade da besta e o aumento do número de embarcações danificadas por um infeliz encontro com o monstro provoca pânico na população mundial. As nações europeia e americana pronunciam-se considerando o monstro com um ser perigoso que precisa ser abatido. Acionado pelo governo americano, o navio Abraham Lincoln se lança aos oceanos Atlântico e Pacífico em uma caçada desenfreada pelo o que acreditam ser um monstruoso cetáceo. Juntam-se a essa aventura o professor naturalista Arronax, seu escudeiro fiel Conseil (significa Conselho) e Ned Land, famoso por sua habilidade com o arpão.
O que os aventureiros não previram é que, na verdade, não existia nenhum cetáceo gigante, e sim o poderoso Nautilus, embarcação submarina capaz de suportar a pressão exercida pela água nas profundezas dos oceanos. O submarino continha uma cozinha industrial, uma casa de máquinas movida à eletricidade retirada do sódio (elemento existente em abundância nas águas salgadas) e uma biblioteca com mais de dois mil livros. – Impressionante, não é mesmo? Só nosso amigo Júlio Verne pra pensar em algo assim.
Mas o fato é que os três protagonistas não são meros convidados do capitão Nemo. Após um embate entre Abraham Lincoln e o suposto cetáceo, os amigos Arronax, Conseil e Ned Land caem na água, mantendo-se sob uma carapaça de metal até o amanhecer, momento no qual são surpreendidos por uma escotilha sendo aberta. Nesse ponto eles são capturados e mantidos como reféns, podendo assim circular livremente no interior da embarcação.
O ambiente criado por Júlio Verne para sua obra de ficção científica vai de caótico a fantástico. E, mesmo sendo escrito em 1870, o autor é tão detalhista que me senti lendo uma obra ainda neste século. Vale ressaltar que na época de sua criação, era impossível pensar em uma embarcação que submergisse até as profundezas do oceano sem ser esmagada pela pressão da água.
Meu único problema com esse livro foi o tempo gasto tentando entender os cálculos matemáticos realizados por Arronax para medir a pressão exercida pela água nas profundezas do oceano. Sério, gastei muito tempo nisso e não conseguir entender o que são “dez atmosferas cúbicas”. Ainda assim, amei o livro, dou cinco estrelas e recomendo para fãs de clássicos, aventura e ficção científica. E se alguém souber o que é atmosfera cúbica, me conte, por favor.
Nota sobre o autor: Ao escrever Vinte mil léguas submarinas, Júlio Verne tornou possível, na imaginação do leitor, a primeira visão dos submarinos conhecidos nos dias atuais.
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