Petrus Logus – Com o colapso dos recursos naturais, a humanidade foi obrigada a lutar por sua sobrevivência, e após a Terceira Guerra Mundial e uma reestruturação social, o Reino de Cosmus surgiu em todo o seu esplendor. Com a certeza de que o progresso e o mau uso da tecnologia causaram a destruição do mundo, os governantes de Cosmus proibiram a propagação do conhecimento, abolindo os livros e as escolas. É nesse cenário que se passa a história de Petrus Logus, o Guardião do Tempo, lançamento da Editora Saraiva e estreia de Augusto Cury na literatura juvenil. No centro da trama está Petrus, filho do rei Apolo, soberano de Cosmus, um jovem apaixonado pelo conhecimento e sem talento para lutas e embates físicos. Educado pelo sábio Malthus para ser um líder justo e generoso, o príncipe começa a questionar o governo do pai, expondo as injustiças sociais e contestando as posições ditatoriais. Seu senso de justiça o leva a conviver com camponeses, algo proibido para um nobre, e no meio daqueles conhece o verdadeiro amor: a jovem Nátila. Sua atitude contestadora o coloca em situações de risco, já que os conselheiros do rei o vêem como uma ameaça à hegemonia do reino e um rebelde que pode fazer o povo se levantar contra os nobres. E, por questionar uma das decisões tomadas por Apolo, Petrus sofre a maior condenação de Cosmus: é obrigado a vestir a temida Máscara da Humilhação. A máscara deixa fortes cicatrizes físicas e emocionais no jovem príncipe, mas não o enfraquece. Ao contrário. Para continuar sua luta contra as injustiças, Petrus vai precisar domar uma fera, que mal sabe ele, poderá tanto destruí-lo quanto salvá-lo.
Editora: Saraiva l 296 Páginas l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
Uma distopia ou uma obra de fantasia? Ainda não consegui distinguir. Mas creio que Petrus Logus se encaixa nos dois gêneros de literatura.
A história acontece no momento em que a humanidade está renascendo. A geração do século XXI esgotou os recursos naturais, consumindo a Terra até que ela fosse corroída por guerras em busca de comida e água. Os líderes mundiais querem assumir o posto de maior potência para exercer poder sobre os poucos recursos naturais existentes, portanto houve a Terceira Grande Guerra, conhecida como a guerra das guerras. Bombas nucleares foram lançadas sobre todo o planeta. Tecnologia, conhecimento e o principal, nações inteiras, foram destruídas. Após a guerra nuclear, a humanidade foi reduzida de bilhões para milhares. Sem contar que as bombas de nêutrons e afins modificaram a natureza dos que sobreviveram, dando vida a uma raça de mutantes. Os líderes pós-guerra decidiram que foi o elevado nível de conhecimento da geração anterior que a corrompeu pela sede de poder, ganância e escravidão emocional. A geração passada já não conseguia se colocar no lugar do outro, pensava apenas em si. Dessa forma, a nova liderança decidiu pela extinção do conhecimento. Livros, aulas, a tecnologia restante, e todas as formas de se obter conhecimento foram proibidas.
“Os pensadores de antes da grande Catástrofe falharam! Falharam! A humanidade quase foi extinta! Hoje, não precisamos de pensadores, mas de homens fortes que controlem a ambição dos povos e mantenham a estabilidade social e preservem os recursos da Terra.”
É nesse cenário opressor que nasce os príncipes gêmeos Lexus e Petrus. Lexus foi criado para guerra, os generais e sábios do rei o prepararam para assumir o trono; ele cresceu nas arenas aprendendo a manejar a espada e a arrogância do seu sangue nobre. Já Petrus, considerado o mais frágil, foi criado por um sábio, Malthus, e cresceu como os antigos gregos. Era ensinado a pensar sobre a história humana: o passado para modificar o presente e, enfim, ter um futuro. O príncipe Petrus cresceu com desejo pelo conhecimento e por isso era humilhado e ignorado pela corte de seu pai, Apolo. Assim, conforme o passar do tempo, sua personalidade confrontadora e questionadora o afastou da linha de sucessão do trono e o colocou em rota de colisão com seu pai e o com seu gêmeo, o ciumento e invejoso príncipe Lexus. Após dois anos morando em uma biblioteca, Petrus acaba internado em um manicômio. Afastado de seus amigos e de seu amor, a plebeia Nátila que foi vendida como escrava pelo seu irmão, Petrus começa uma revolução silenciosa no reino de Cosmus.
Petrus Logus foi escrito com o intuito de levar à reflexão sobre o futuro do planeta e, consequentemente, da humanidade. Não vou negar que a história poderia ter mais fluidez. Existe muito diálogo e pouca ação. Mas como se trata de Augusto Cury, as principais ideias estão lá. Acho que por esse motivo gostei tanto da obra e não me incomodei demasiadamente com a falta de descrição das cenas de ação. Petrus é um personagem em construção, de forma que Cury usou as transformações de Petrus pra mexer com o leitor. De fato, o livro não tem a pretensão de ser uma obra que vai marcar sua geração, tal qual Senhor dos Anéis, mas ele provoca no leitor uma reflexão sobre como estamos gerindo nossa vida através dos impulsos e falta de controle emocional.
Cury acertou. Petrus Logus, o personagem, é uma incógnita. Uma hora um herói, na outra, um rapaz perdido tentando se encontrar. Portanto, o personagem trava lutas interiores complexas, buscando descobrir mais sobre si mesmo. Suas reflexões são aulas de filosofia disfarçadas e muito boas (amo filosofia). Com todos os conflitos interiores, Petrus descobriu seu destino: mudar a história e o passado. Mas Petrus Logus (a pedra do conhecimento) conseguirá evitar a destruição da humanidade? Aguarde as cenas do próximo capítulo! Risos. Estou louca pelo segundo volume da série Petrus Logus. Dou cinco estrelas e recomendo àqueles que não têm medo de desafiar seu próprio mundo.
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