Amor Ao Pé da Letra – Achar o homem perfeito não é fácil e foi isso que a agente literária Melissa Pimentel, assim como sua personagem, Lauren, descobriu quando se mudou para Londres de um dia para o outro. Infelizmente, Melissa logo viu que conquistar um homem era mais difícil do que parecia, mesmo quando ela jurava não querer nada sério. Foi aí que surgiu a solução: decidiu seguir os conselhos dos mais populares livros de autoajuda para conquistar homens e criou um blog para narrar suas experiências. Nasceram daí os encontros de Lauren, que em Amor ao pé da letra, receberam toques de ficção, como uma legítima comédia romântica.
Editora: Paralela l 298 Páginas l Chick-Lit l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
Amor ao pé da letra é uma obra que faz jus ao título. O livro de Melissa Pimentel conta as desventuras amorosas da americana Lauren Cunnigham em Londres. Lauren é uma personagem encantadora. Meio controversa, mas acho que essa é a graça dela. A jovem de 28 anos abandonou uma vida estável em Portland para arriscar uma nova carreira no Museu de Ciências de Londres. Lou, como é chamada pelos mais íntimos, é uma espécie de estereótipo da mulher atual (ou o que ela deveria ser). Solteira, ela vive em busca de novos encontros e não entende porque os homens não a levam a sério quando afirma que “não quer compromisso”. A partir desse momento, a personagem decide fazer de sua vida um experimento científico. A cada mês testa um manual de autoajuda para mulheres solteiras e coloca em prática as teorias dos autores.
“Fico tão envolvida com o drama de um novo encontro, que não paro para pensar se aquilo é algo no qual quero me envolver, e daí termino estragando tudo” (pg. 54)
Ponto positivo para as avaliações que Lauren faz dos livros, dos encontros e dos caras. Percebi o quão parecidas nós somos nas inseguranças em relação a conhecer uma nova pessoa. Mas o livro me levou a pensar se de fato existem mulheres a caça de homens apenas pelo sexo, sem importarem ao menos se aquele cara é um possível assassino (sim, a personagem cogita a possibilidade de estar se envolvendo com um psicopata, mas como o sexo é bom, ela deixa rolar). Em um dado momento, Lauren está desesperada porque não faz sexo há um mês e vai para cama com um sujeito que acabou de conhecer, e depois do ato, ele levanta e parte sem se quer se despedir. Eu me senti mal por ela, mas não vou contar a reação da personagem.
Nada contra, mas o que me incomodou foi o fato de que a vida da personagem passou a girar em torno das regras dos manuais para entender os homens e levá-los para cama. Isso me deixou pensativa: uma vida centrada no sexo, sem espaço pra mais nada, é uma ideia meio doentia. Quer dizer, quando o sexo passa a ser uma necessidade social (se você não transa, não é legal), perde toda a beleza da coisa (o prazer a dois, intimidade e etc.). Mas essa atitude desencanada com o que os outros pensam é um ponto positivo sobre a personagem. É um incentivo para que as leitoras percebam que a opinião alheia não deve intervir na sua vida.
Porém, por trás dessa postura livre e desimpedida, Lauren esconde um segredo. Uma vida abandonada em Portland, um homem que marcou seu passado e o medo de se envolver novamente.
“Londres me salvaria. Antes de me dar conta, estava entrando num avião e deixando minha vida para trás. Fora tão de repente, que foi quase uma violência. E, através de tudo isso, Dylan ficara calado, observando enquanto eu desmontava nossa vida juntos com uma precisão militar…” (pg. 259)
O livro é muito engraçado. Da mesma forma que me levou a pensar nessa necessidade absurda de ter que se envolver sexualmente com alguém para mostrar a sociedade que você não é um “zero à esquerda”, também ri muito e me emocionei. Porque cada personagem tem uma história, uma personalidade bem marcada e que pode ser um amigo seu, ou até você mesma (o). E apesar das idas e vindas dos personagens, Melissa Pimentel mostra que por mais bizarra que uma pessoa possa ser, sempre existe uma “tampa para sua panela”.
Amor ao pé da letra não é um romance qualquer. Você não vai encontrar falas românticas e declarações de amor clichês (apesar de eu gostar muito disso). Mas ele abre espaço para que você olhe para o nerd ali do lado, ou para o punk, porque às vezes a gente procura um Henry Cavill, mas acaba sendo feliz com um magrelo e desengonçado no estilo do personagem Salsicha do desenho Scooby-doo. Risos.
Dou cinco estrelinhas com muito orgulho e indico para todos que sejam maiores de dezoito e queiram uma leitura descompromissada, mas que abre os olhos para as possibilidades do amor.
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