maio 05, 2015

[Resenha] A Odisseia de Homero – Gwen Cooper

Todo mundo que tem gatos sabe que eles são dotados de uma sensibilidade incrível e possuem uma forma peculiar de encarar a vida. Mas Homero tinha muito mais a ensinar. Abandonado, cego e rejeitado, ele tinha tudo para ser amuado e medroso. Ninguém imaginaria que um gato sem os olhos – que precisaram ser retirados cirurgicamente para garantir sua sobrevivência – seria capaz de levar uma vida normal, com a alegria e a esperteza características dos felinos. Contrariando todas as expectativas, Homero vivia como se seus olhos não lhe fizessem falta. Era bagunceiro, implicante, temperamental, divertido e dengoso como qualquer outro gato. Gwen Cooper fazia questão de afirmar que ele não era diferente. Mas ele era. Diferente não por causa da falta de visão, mas por sua capacidade de fazer aflorar nas pessoas o que elas tinham de melhor. Parecia haver em seu espírito uma sabedoria oculta e uma energia latente que inspiravam todos à sua volta. Homero se tornou o centro do mundo de sua dona. Foi se esforçando para garantir a segurança do seu gato que ela aprendeu a estabelecer a sua própria. Foi preocupando-se com a felicidade dele que Gwen percebeu quanto estava sozinha. E foi lhe oferecendo um amor incondicional que ela permitiu que esse sentimento entrasse em sua vida. Mais do que um livro divertido e comovente sobre as aventuras de um gatinho, A odisseia de Homero é uma história de superação, de autoconhecimento, de transformação e de crescimento pessoal. Ela vai fazer você rir, se emocionar e compreender que, para conseguir o que queremos da vida, muitas vezes precisamos dar um salto no escuro, da mesma forma que Homero: confiando em nossos instintos e acreditando que sempre cairemos de pé.

Editora: Sextante l 288 Páginas l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5

 

Apenas um livro me fez chorar e sorrir na mesma medida como Marley & Eu: A Odisseia de Homero. Quem tem filhos de quatro patas sabe como um livro que aborda “a vida e obra” de um animal é capaz de ser tocante e inspirador. Comprei o exemplar em uma promoção e levei dois anos pra ler. Hoje me arrependo, porque foi uma das leituras mais gostosas e enriquecedoras que já fiz.

“… esse gatinho que ninguém queria – que apenas uma veterinária jovem e idealista acreditava que poderia vir a ter uma vida boa – se tornou uma fonte de pequenos milagres e de grande alegria, além de um exemplo concreto da mais valiosa das verdades: ninguém pode lhe dizer qual é o seu potencial” (pág. 278).

Homero é um gatinho que foi levado à veterinária Patty por um casal que o encontrou na rua faminto e com os olhos inflamados. Após o diagnóstico de que o gatinho ficaria cego, o casal decidiu não ficar com ele e a veterinária começou uma verdadeira campanha de adoção para o felino. O filhote tinha no máximo duas semanas de vida e, portanto, ainda não havia aberto os olhos. Então, ter olhos removidos cirurgicamente não representou uma grande perda.

Quando Gwen Cooper atendeu o telefonema da jovem veterinária ela não acreditava que fosse ficar com o gatinho cego, mas preferiu dar uma olhada antes de descartar a hipótese de adotar um terceiro gato. A jovem estava em um momento difícil da vida, morando com uma amiga – que a hospedou e acolheu suas duas gatas – e enfrentando o término de um namoro que aos seus olhos acabaria em casamento. Assim, ao ver o gatinho na clínica veterinária, Gwen tomou o que ela definiu como a primeira atitude madura em sua vida e que definiria seus relacionamentos: adotou Homero. A atitude não foi guiada por pena, ou compaixão, mas pela força que aquele pequeno bebê tinha em seu interior. Ele representava tudo o que Gwen queria e precisava ser: forte, corajosa e destemida.

O que me encantou nesse livro, além da história de Homero, foi o relacionamento de Gwen com seus gatos. É muito bom quando você encontra alguém que pensa como você e escreve sobre isso. A vida da jovem de 24 anos era pautada em festas como qualquer americana de sua idade, mas ao adotar um gato cego ela modificou sua rotina e tomou atitudes que definiram sua vida adulta.

Sempre ouvi e li histórias sobre animais deficientes e seus donos. Mas Homero tocou minha alma; me senti parte do que Gwen descreveu como “clube do gatinho”: pessoas que foram tocadas por Homero e viram suas vidas e valores sendo modificados. Uma coisa que acho engraçado é a atitude de pena e compaixão que as pessoas têm diante de animais com alguma deficiência, chegando ao ponto de optar pelo sacrifício porque acham que a vida deles nunca será normal. O que as pessoas não entendem é que os animais não pensam como a gente. Eles não sabem que possuem uma deficiência, ou que ficaram aleijados. Apenas se adaptam. Claro que precisam de ajuda humana, mas nada que torne sua vida inviável.

Ler sobre as superações e a coragem de Homero me levou a refletir sobre meus medos e temores. Não sou um gato cego, que dependo de uma mãe humana para me alimentar, mas tenho minhas próprias limitações. Portanto, ler e compreender sobre as atitudes de um felino que superou a morte, o abandono, maus tratos e a cegueira, foi uma injeção de ânimo em minha baixa autoestima. Homero mudou minha forma de ver meu mundo e minhas debilidades.

Sorri e chorei com Homero. Apaixonei-me quando sua personalidade se desenvolveu sem levar em consideração os traumas do passado. Sorri quando um gatinho cego de 1,5 kg colocou um ladrão pra correr e chorei quando esse mesmo gato sobreviveu junto com suas irmãs ao 11 de setembro. Essa foi a parte em que mais me identifiquei com Gwen: ela não pensou em sua segurança, pensou em seus filhos que estavam presos em um prédio a alguns quarteirões de onde tinha acontecido os ataques terroristas. Penso nos meus gatos e cachorro todos os dias, em como reagiria se alguma tragédia acontecesse e tivesse que deixá-los. É uma sensação de impotência aterradora.

Esse gato me ensinou a arte da resiliência, da paciência, a lutar pelos meus direitos e a amar incondicionalmente, mesmo quando a vida se vira contra você. Não posso falar mais senão estrago as surpresas do livro. Posso apenas usar as palavras de Gwen ao indicar a obra: “… este livro é para pessoas como eu, mas também para pessoas que não acreditam mais em milagres cotidianos e heróis; para amantes de gatos e para antifelinos empedernidos; para os que pensam que normal e ideal significam a mesma coisa, e apara os que sabem que, às vezes, se desviar um pouco da normalidade pode enriquecer toda sua vida.” (pg. 21).

Beijos!

 

 

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33 Comentários

  • Ju M
    02 junho, 2015

    Ai que lindo, agora quero muito ler esse livro. Não foi ela quem salvou o gatinho cego, aposto que foi ele que tronou a vida dela melhor. Adotei uma gatinha e sou apaixonada por ela…Já li o livro de um menino autista que é muito ajudado por sua gatinha de estimação.

  • Fabiana Araújo
    27 maio, 2015

    Meu coração não aquenta! Tenho dois gatos e sou muito chorona pra livros que envolvam animais.

  • Bea Stylinski
    27 maio, 2015

    Não curto livros de animais, pois eu sempre choro horrores mas com certeza vou ler esse <3

  • Becca Martins
    17 maio, 2015

    Ai Kamila,
    Eu amei Marley & eu. Mas, não sei se estou preparada para outro chororô não! Essa eu vou deixar passar mesmo!

  • Mariza Reis
    14 maio, 2015

    Não curto muito livros onde os animais são os protagonistas, prefiro muito mais um bom romance de tirar o folego mas quem sabe um dia eu não tente ler um. Beijos

  • Planet Pink
    12 maio, 2015

    Não conhecia esse livro.
    Mas livros com bichinhos são tão emocionantes e de nos cortar o coração </3
    Tenho vontade de ter um gatinho, pena que eu tenho alergia.
    Beijos

  • Brenda Amorim
    11 maio, 2015

    Eu adoro gatos, mas infelizmente não posso te-lo por causa dos meus cachorros que poderia mata-lo, então prefiro não arriscar pegando um gato.
    Mais uma vez voce me apresenta a uma história que eu não conhecia e que ira para a minha lista para futuras leituras. Tenho certeza que irei gostar, muito obrigado pela dica.

  • Bárbara Carollo
    10 maio, 2015

    Oi Kamila,
    Não conhecia esse livro, mas a narrativa parece ser emocionante. Só tenho dois cachorros, mas acho que o sentimento é mesmo em relação aos animais de estimação que tanto amamos. Acho que essa leitura tiraria de mim boas lágrimas rs.
    Beijos,

    versosenotas.blogspot.com.br

  • Neny
    10 maio, 2015

    Eu não tinha parado pra prestar atenção neste livro até agora,m as depois de sua resenha achei que ele é tão fofo, e também fico pensando nos meus bichinhos e se tivesse que deixar eles por algum motivo 🙁
    Parece ser um livro fofo, quem sabe uma hora eu esbarro com ele na livraria, beijos.

  • Jacqueline Moura
    09 maio, 2015

    Eu sou tao apegada a animais que so com a resenha ja peguei um carinho por tudo ai no livro, porem eu nao consigo ler/assistir qualquer coisa que envolva animais :'( um trauma de infancia, talvez kk Mas eu sofro demais, geralmente sao historias lindas e emocionantes, nao consigo ler livros assim kkk

  • sara sem h
    08 maio, 2015

    Menina, eu tô ficando maluca. Juro que eu tinha enxergado um elefante nessa capa!!!!11 hahahahaha. Aí comecei a ler a resenha, e vi que falava sobre gatos, daí vi a capa direito e tô morrendo de rir aqui, uahahahahah xD Tô vendo coisas

    Awwn, agora que terminei de ler, gent, tô apaixonada! Realmente é um livro nível Marley e eu, haha. É pra rir e chorar, mas sobretudo, para pensar. Quero pra já!
    Obrigada pela dica!
    Kissus

  • Julia Duarte
    07 maio, 2015

    Apesar de parecer um livro excelente, mas não sei se teria coragem de ler. Quando se trata de animais sou bem sentimental, e mesmo que a historia seja linda acabo me sentindo meio para baixo. Mas quem sabe um dia eu dê uma chance para esse gatinho 🙂

  • Claudia Valeria Ortega
    07 maio, 2015

    Fiquei curiosa agora, geralmente não leio livros com animais mas vou dar uma chance a esse pois você me convenceu. Adorarei conhecer o "clube do gatinho", minha cunhada vive adotando bichinhos inclusive um gatinho que era deficiente também. Vou presentear ela com um exemplar também tenho certeza que ela vai gostar também.

    Bjus

  • Graziele Lourenço
    07 maio, 2015

    Fiquei receosa com o título pq ainda não havia ouvido nada a respeito do livro ainda e a primeira vista não me encantou.. Lógico que isso mudou logo nas primeiras páginas.. É difícil confiar em nossos instintos e acreditar que sempre cairemos de pé. Mas sem dúvida é um a medida que requer exercício diário.. Foi sem dúvida A MELHOR resenha que já li até hj , estou super emocionada sem nem ao menos ter lido o livro e quero o fazer assim que tiver uma oportunidade.. Parabéns pela resenha!

  • BiaRoz
    07 maio, 2015

    Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii eu confesso, jamais compraria o livro pelo título e capa. Mas uauuuu, que resenha linda. Tenho um gato e ele é tão carinhoso e dengoso, amei saber que existe um livro que expresse esse sentimento de amor por nossos bichanos. Fiquei curiosa pela obra, já está na minha lista.

  • Patrini Viero
    06 maio, 2015

    Eu simplesmente amei a tua resenha! A forma poética como tu expressou o que sentiu ao ler o livro foi tão bonita! Como eu amo animais, meus livros preferidos os envolvem. Esse em especial eu ainda não conhecia. Mas me apaixonei pelo Homero, assim como tu. E acho incrível todas as façanhas que ele realizou e a superação que protagonizou. Com certeza teria que ler com uma caixinha de lenços do lado rs

  • DeebAmorim
    06 maio, 2015

    Nossa, que inspirador! Eu amo animais e com essa resenha ja estou amando Homero!
    Acredito sim que esses pequenos seres são capazes de fazer milagres em nossas vidas <3

  • Bruna Bomtempo
    06 maio, 2015

    Acho que eu nunca li nada do autor…
    Mas fiquei curiosíssima!

  • Thamires Menezes
    06 maio, 2015

    Oi Pah
    Achei interessante o livro falar de animal, no caso de um gato, mostrar e ensinar muitas coisas através dele.
    Que historia linda!!!
    Amo animais, então é realmente bom ver que há muitas pessoas que te entendem, quanto ao sentimento por eles.
    Concordo com você Pah, vendo a dificuldades de Homero e sua visão em relação à tudo isso, faz refletir sobre coisas que não fazemos por achar que não consegue, medo, coisas que podemos fazer sozinhos….tanta coisa não faz sentido conhecendo essa historia.
    Fiquei encantada pela historia, por Homero e Gwen.
    Ótima resesnha, obrigada por apresentar esse livro.
    Beijos

  • Evellyn Mendonça
    06 maio, 2015

    Oi Kamila,
    adorei sua resenha, fiquei morrendo de vontade de ler.
    Quando eu ler, tenho certeza que me emocionarei.
    Beijos!!!

  • Chorei muito com Marley e Eu, então imagino que choraria muito com esse livro também. Não tem como não se emocionar com bichinhos né?! Sou muito apegada, principalmente com os meus. Gatos não são exatamente os meus preferidos, mas achei interessante o que você falou de aprender sobre resiliência com eles, e mais em específico o Homero. Realmente, precisaríamos ser mais adaptáveis e maleáveis, assim seríamos mais felizes.
    Aprendendo com os animais! hahaha
    Parabéns pela resenha, está realmente muito boa.
    Abraços!

  • Bianca Viegas
    06 maio, 2015

    Olá!
    Nunca li um livro que um dos personagens principais fosse um animal, também não conhecia esse e me interessou bastante. O livro pareceu ser fofo e bonito, como também uma história de reflexão para nossa vida e de superação da Gwen e do Homero.
    A resenha ficou ótima!

  • Gabriela Souto
    06 maio, 2015

    Que linda sua resenha! Só seus comentários já me emocionaram. Tenho tantos livros para ler, mas esse vai pra listinha de compras. Beijos!

  • Nicolly Leite
    06 maio, 2015

    Parece muito bonito, pena que não curto esse tipo. :/

  • Tamara Dias
    05 maio, 2015

    Ai gente, sério eu tenho problemas com livros com animais e fiquei com vontade de chorar só de ler sua resenha, com certeza vou ler esse livro! as vezes precisamos de nos espelhar nos animais parar de reclamar e viver ne!
    Amei mesmo sua resenha! parabéns Kamila.
    bjos

  • Kemmy Oliveira
    05 maio, 2015

    Eu com certeza morreria chorando com esse livro.
    Sou o tipo de pessoa que "sofre" mais com mortes de animais do que de pessoas (em filmes e livros), então acredito que só em ler tudo pelo que Homero passou, eu me desmancharia.
    Isso que você escreveu sobre algumas pessoas quererem sacrificar os bichinhos é pura verdade! Na metade do ano passado, eu e meu namorado adotamos uma gatinha paraplégica. Minha mãe disse que ela sofreria muito, que deveríamos sacrificar, bla bla bla, mas ela era e é incrivelmente fofa e doce e aprendeu até mesmo a "correr" por aí.

    Beijos!

    • Kamila Mendes
      07 maio, 2015

      Que lindo Kemmy, sua gatinha é mais uma mostrado que eles podem ensinar!

  • Dilza Sousa
    05 maio, 2015

    Oi, Kamila! Realmente só nós que amamos animais pra saber o que eles podem nos ensinar. E é por isso que quero ler esse livro, pra conhecer essa linda história de Homero e aprender com ele assim como você.
    Amei a resenha! Bjos <3

  • Rayme
    05 maio, 2015

    Oi Kami,
    bom, sou alérgica a gatos, então se visse este livro na livraria nem iria prestar atenção
    mas pela sua resenha parece ser uma trama ótima. tenho dó dos bichinhos, sou bem sentimental neste ponto, e ver que a personagem não quis ele só porque ele iria ficar cego, é revoltante.
    acho livros com bichinhos fofinhos, e este parece ser beeem fofinho. pena essa capa, que é de pensar me coça o nariz kkkkkkkkk

    • Kamila Mendes
      07 maio, 2015

      Oi Rayme, tmbm sou alergica a gatos, mas sou teimosa. Convivo com eles desde os 12 anos e adquiri resistência. Hoje só me causam alergia se já estiver em processo alérgico. Pode ler o livro que vc vai se emocionar.

    • Kamila Mendes
      07 maio, 2015

      É uma linda história, Dilza. No instagram vc tmbm encontra um outro gatinho cego que faz coisas incríveis (oskar_the_blind_cat)

  • Maisanara F.
    05 maio, 2015

    Agora estou querendo ler o livro. Um livro que com toda a certeza vou amar e me emocionar muito, como em Marley e Eu, que me fez chorar e rir muito.