Todo mundo que tem gatos sabe que eles são dotados de uma sensibilidade incrível e possuem uma forma peculiar de encarar a vida. Mas Homero tinha muito mais a ensinar. Abandonado, cego e rejeitado, ele tinha tudo para ser amuado e medroso. Ninguém imaginaria que um gato sem os olhos – que precisaram ser retirados cirurgicamente para garantir sua sobrevivência – seria capaz de levar uma vida normal, com a alegria e a esperteza características dos felinos. Contrariando todas as expectativas, Homero vivia como se seus olhos não lhe fizessem falta. Era bagunceiro, implicante, temperamental, divertido e dengoso como qualquer outro gato. Gwen Cooper fazia questão de afirmar que ele não era diferente. Mas ele era. Diferente não por causa da falta de visão, mas por sua capacidade de fazer aflorar nas pessoas o que elas tinham de melhor. Parecia haver em seu espírito uma sabedoria oculta e uma energia latente que inspiravam todos à sua volta. Homero se tornou o centro do mundo de sua dona. Foi se esforçando para garantir a segurança do seu gato que ela aprendeu a estabelecer a sua própria. Foi preocupando-se com a felicidade dele que Gwen percebeu quanto estava sozinha. E foi lhe oferecendo um amor incondicional que ela permitiu que esse sentimento entrasse em sua vida. Mais do que um livro divertido e comovente sobre as aventuras de um gatinho, A odisseia de Homero é uma história de superação, de autoconhecimento, de transformação e de crescimento pessoal. Ela vai fazer você rir, se emocionar e compreender que, para conseguir o que queremos da vida, muitas vezes precisamos dar um salto no escuro, da mesma forma que Homero: confiando em nossos instintos e acreditando que sempre cairemos de pé.
Editora: Sextante l 288 Páginas l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
Apenas um livro me fez chorar e sorrir na mesma medida como Marley & Eu: A Odisseia de Homero. Quem tem filhos de quatro patas sabe como um livro que aborda “a vida e obra” de um animal é capaz de ser tocante e inspirador. Comprei o exemplar em uma promoção e levei dois anos pra ler. Hoje me arrependo, porque foi uma das leituras mais gostosas e enriquecedoras que já fiz.
“… esse gatinho que ninguém queria – que apenas uma veterinária jovem e idealista acreditava que poderia vir a ter uma vida boa – se tornou uma fonte de pequenos milagres e de grande alegria, além de um exemplo concreto da mais valiosa das verdades: ninguém pode lhe dizer qual é o seu potencial” (pág. 278).
Quando Gwen Cooper atendeu o telefonema da jovem veterinária ela não acreditava que fosse ficar com o gatinho cego, mas preferiu dar uma olhada antes de descartar a hipótese de adotar um terceiro gato. A jovem estava em um momento difícil da vida, morando com uma amiga – que a hospedou e acolheu suas duas gatas – e enfrentando o término de um namoro que aos seus olhos acabaria em casamento. Assim, ao ver o gatinho na clínica veterinária, Gwen tomou o que ela definiu como a primeira atitude madura em sua vida e que definiria seus relacionamentos: adotou Homero. A atitude não foi guiada por pena, ou compaixão, mas pela força que aquele pequeno bebê tinha em seu interior. Ele representava tudo o que Gwen queria e precisava ser: forte, corajosa e destemida.
O que me encantou nesse livro, além da história de Homero, foi o relacionamento de Gwen com seus gatos. É muito bom quando você encontra alguém que pensa como você e escreve sobre isso. A vida da jovem de 24 anos era pautada em festas como qualquer americana de sua idade, mas ao adotar um gato cego ela modificou sua rotina e tomou atitudes que definiram sua vida adulta.
Sempre ouvi e li histórias sobre animais deficientes e seus donos. Mas Homero tocou minha alma; me senti parte do que Gwen descreveu como “clube do gatinho”: pessoas que foram tocadas por Homero e viram suas vidas e valores sendo modificados. Uma coisa que acho engraçado é a atitude de pena e compaixão que as pessoas têm diante de animais com alguma deficiência, chegando ao ponto de optar pelo sacrifício porque acham que a vida deles nunca será normal. O que as pessoas não entendem é que os animais não pensam como a gente. Eles não sabem que possuem uma deficiência, ou que ficaram aleijados. Apenas se adaptam. Claro que precisam de ajuda humana, mas nada que torne sua vida inviável.
Ler sobre as superações e a coragem de Homero me levou a refletir sobre meus medos e temores. Não sou um gato cego, que dependo de uma mãe humana para me alimentar, mas tenho minhas próprias limitações. Portanto, ler e compreender sobre as atitudes de um felino que superou a morte, o abandono, maus tratos e a cegueira, foi uma injeção de ânimo em minha baixa autoestima. Homero mudou minha forma de ver meu mundo e minhas debilidades.
Sorri e chorei com Homero. Apaixonei-me quando sua personalidade se desenvolveu sem levar em consideração os traumas do passado. Sorri quando um gatinho cego de 1,5 kg colocou um ladrão pra correr e chorei quando esse mesmo gato sobreviveu junto com suas irmãs ao 11 de setembro. Essa foi a parte em que mais me identifiquei com Gwen: ela não pensou em sua segurança, pensou em seus filhos que estavam presos em um prédio a alguns quarteirões de onde tinha acontecido os ataques terroristas. Penso nos meus gatos e cachorro todos os dias, em como reagiria se alguma tragédia acontecesse e tivesse que deixá-los. É uma sensação de impotência aterradora.
Esse gato me ensinou a arte da resiliência, da paciência, a lutar pelos meus direitos e a amar incondicionalmente, mesmo quando a vida se vira contra você. Não posso falar mais senão estrago as surpresas do livro. Posso apenas usar as palavras de Gwen ao indicar a obra: “… este livro é para pessoas como eu, mas também para pessoas que não acreditam mais em milagres cotidianos e heróis; para amantes de gatos e para antifelinos empedernidos; para os que pensam que normal e ideal significam a mesma coisa, e apara os que sabem que, às vezes, se desviar um pouco da normalidade pode enriquecer toda sua vida.” (pg. 21).
Beijos!
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