Em 1806, a maioria da população britânica acreditava que a magia estava perdida há muito tempo – até que o sábio Mr. Norrell revela seus poderes, tornando-se célebre e influente. Ele abandona a reclusão e parte para Londres, onde colabora com o governo no combate a Napoleão Bonaparte e coloca em prática seu plano de controlar todo o conhecimento mágico do país. Tudo corre bem até que Jonathan Strange, um jovem nobre e impetuoso, descobre que também possui talentos mágicos. Ele é recebido por Norrell como seu discípulo, mas logo os dois começam a se desentender… e essa rixa pode colocar em risco toda a Inglaterra. Misturando ficção e fatos históricos, Jonathan Strange & Mr. Norrell levou dez anos para ser escrito e foi baseado em uma extensa pesquisa da autora sobre a história da magia inglesa. O livro combina a mitologia fantástica de J.R.R. Tolkien com a comédia de costumes de Jane Austen, de quem Clarke é admiradora confessa, e ainda acena ao romantismo, à observação social de Charles Dickens e à literatura gótica de Anne Radcliffe. Recebeu o Hugo Award, um dos prêmios mais importantes no gênero fantástico, além de ter sido indicado ao Man Booker Prize e eleito o melhor livro do ano pela revista Time. Agora adaptado para a TV pela BBC, o livro recebe nova edição, com introdução do escritor Neil Gaiman.
Editora: Seguinte l 824 Páginas l Fantasia l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
Um livro de magia que se passa na Inglaterra… Mas não, não estamos falando de Harry Potter – e se você pegar esse livro esperando encontrar um mundo fantástico tal qual o do bruxinho, então, já pode tirar seu cavalinho da chuva. Susanna Clarke criou um universo recheado de magia e seres mitológicos na Inglaterra da Era Napoleônica. O melhor desse cenário é que em momento algum o leitor sente que está lendo uma fantasia. A história é tão bem ambientada que seria completamente plausível que ela fizesse parte do nosso passado. E esse é só parte do encanto da história.
A narrativa tem início em 1806, na cidade de York, norte da Inglaterra. Há aproximadamente mais de duzentos anos havia magia sendo praticada cotidianamente nas cidades britânicas. Mas, inesperadamente, ela desapareceu e passou a ser uma disciplina estudada apenas por cavalheiros. Ou seja, somente homens nobres de nascimento e eruditos poderiam estudar magia como disciplina, mas jamais praticá-la. É nesse momento que nos deparamos com a Sociedade Culta dos Magos de York, composta por magos que nunca feriram ou beneficiaram alguém através da magia. Durante uma reunião, a seguinte pergunta é lançada: “Por que não usamos mais a magia na Inglaterra?”. Nesse ponto somos apresentados ao único mago praticante de magia de toda Inglaterra: Mr. Norrell, um senhor de olhos miúdos, ranzinza, que tem o objetivo de restaurar a magia inglesa, mas que entra em pânico só de ouvir falar de outro mago praticante.
O livro é divido em três partes. A primeira, que a meu ver é a mais chata, é dedicada a Mr. Norrell. A segunda é dedicada a Jonathan Strange, que descobre ser mago por um acaso. O encontro entre os magos é no mínimo hilário. Norrell desconfia do mago iniciante e Strange não vai com a cara do mago idoso, mas os preconceitos são relevados no decorrer da narrativa. A terceira parte do livro é dedicada a John Uskglass, o popularmente conhecido Rei Corvo – responsável pela conquista do norte da Inglaterra – por ter reinado por mais de duzentos e por ter cervos mágicos. O Rei Corvo divide opiniões mesmo entre os magos: Mr. Norrell dedica sua vida a acabar com a imagem do rei e Strange quer conhecê-lo e entender o vínculo que a magia inglesa tem com ele. E passeando entre as três partes está o personagem que mais odiei e me intrigou, o cavalheiro de cabelos de algodão, um ser mágico que auxiliou Mr. Norrell em um dado momento e que realiza o caos em toda história.
Jonathan Strange & Mr. Norrell tem personagens cativantes, perfeitamente reais. Uma história que prende atenção e que demanda tempo do leitor para leitura e para aproveitar a história. A escritora situa a narrativa com fatos e personagens históricos, fazendo com que a sensação de realidade permaneça. No final de mais de 800 páginas fica apenas a saudade de uma história mágica, personagens incríveis. Senti um desejo inexplicável de conhecer o Rei Corvo. Queria que ele tivesse sido mais explorado, mas toda a magia do livro gira em torno do mistério de John Uskglass.
Se você procura romance, intriga, guerra, fantasia e magia, esse é o livro certo. De linguagem fluída, o único pré-requisito é tempo: para ler, aproveitar, sonhar e se perguntar “Porque não se faz mais magia na Inglaterra?”.
Curiosidade
Vocês sabiam que o livro foi adaptado pela BBC como série de TV? Dá uma olhadinha no trailer:
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