O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses. Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso… Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho? Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe – e Mare contra seu próprio coração.
Editora: Seguinte l 424 Páginas l Distopia (+ fantasia) l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
A Rainha Vermelha é um livro difícil de definir em palavras. A sensação que tenho é que ao mesclar inúmeros clichês da literatura juvenil a autora conseguiu criar algo surpreendentemente inovador. A história tem aventura, triângulo amoroso (entre dois irmãos e uma heroína dividida), uma personagem principal forte e decidida, e uma trama repleta de reflexões sociais: abuso de poder, segregação racial, exibições políticas que colaboram para manter a população sob as garras dos soberanos, e a ameaça constante de uma revolução populacional… Ou seja, tudo o que comumente vemos nas distopias atuais. Entretanto, o diferencial da obra está na escrita da autora – que é eletrizante ao ponto de fazer o leitor devorar o livro – e nas pequenas surpresas que o decorrer da leitura reserva. Sendo assim, talvez o mistério por trás do sucesso do livro seja que a autora conseguiu, mesmo rodeada de elementos previsíveis, criar um universo instigante, personagens envolventes, um romance fofo com cara de impossível, e uma trama política inteligente e desafiante. E eu até sei que isso parece impossível, mas o fato é que essa mistura de influências literárias deu tão certo que não consegui desgrudar do livro.
A obra gira em torno de uma sociedade distópica que utiliza o sistema monarca. Os reis e nobres são da linhagem prata, cor do sangue que os define socialmente e que também os caracteriza como seres especiais. Os prateados são comumente conhecidos como descendentes dos deuses, afinal de acordo com sua linhagem (cada grande família possui um dom especial) eles podem: manipular o fogo, a água, o ar, as plantas, o ferro ou inúmeros outros elementos. Eles são fortes, poderosos e temidos pelos que não possuem poderes, que no caso são os de sangue vermelho. Grande parte da população é sangue vermelho: pobres que vivem, direta ou indiretamente, a serviço dos caprichos dos prateados. E o problema é que eles não podem reclamar da vida que levam pois sabem que nunca ganhariam uma luta contra um prateado. Ou melhor, isso é o que todos pensam até a aparição de Mare Barrow, uma jovem de sangue vermelho com poderes dignos de um prateado. Ela é uma jovem ladra que rouba para cuidar da família, uma sangue vermelho que não possui grandes esperanças para o futuro, uma serva que ao ir trabalhar no palácio real acaba descobrindo a possibilidade de ser alguém diferente: uma raridade, uma ameaça à nobreza, e até mesmo um símbolo de rebelião. Já deu para perceber o clima central da história, não é mesmo? Mare é diferente e isso vai assustar muita gente, principalmente a nobreza. Exatamente por isso, por ser temida, a jovem embarca em uma aventura cheia de intrigas, manipulações, aventuras e romances. E, claro, eu amei tudo isso!
Como já disse o livro assemelha-se a inúmeras outras histórias – A Seleção, Jogos Vorazes, X-men e o seriado Reign são algumas das que me pareceram mais evidentes. Por esse motivo em muitos momentos é impossível não pensar “eu já li isso antes”, contudo não me senti incomodada, pelo menos não completamente. O fato é que a autora conseguiu criar um universo tão envolvente – tanto politicamente quanto romanticamente – que as influências passaram a ser positivas. Não vi os clichês como cópias, mas como impulsionadores para algo incrível. Tanto é que não consigo definir em palavras o quão envolvente é o cenário governamental dessa história. Ele é complexo, bem desenvolvido e repleto de mentiras – tudo digno da monarquia e de suas artimanhas e manipulações. E a parte romântica é como deveria ser: um pano de fundo para a luta governamental que os personagens principais enfrentam desde pequenos (Mare como uma sangue vermelho que viu o sofrimento infligido ao seu povo e que quer justiça; e os dois príncipes prateados que levam uma vida de peões em uma guerra por poder). Então a questão é que mesmo que o livro seja rodeado de influências, para mim, ele foi único e eletrizante do começo ao fim.
Para resumir o que me fez amar o livro foi a escrita da autora, que usou boas influências para criar uma ótima história. Além disso também gostei da personalidade da mocinha (mesmo quando ela comete os mesmos erros tolos de julgamento), da trama política complexa, reflexiva e um tanto quanto real, do leque fantástico abordado, da guerra que eclode durante a condução da história, e do clima de tensão que permeia toda a leitura – é delicioso experimentar a apreensão da protagonista que não sabe quem é e muito menos o que fazer com o poder que tem nas mãos. No geral, o livro me ganhou desde o princípio e estou louca para ler a continuação. Tenho medo do que virá, mas imagino que gostarei. Portanto, para os indecisos, a dica é: leia. O livro faz o estilo ame ou odeie, então é sempre bom dar uma chance e descobrir por si mesmo os segredos que as páginas revelam.
Sobre a Série
A Rainha Vermelha é o primeiro volume da trilogia Red Queen. Por enquanto apenas o primeiro livro foi publicado pela autora que, além dos três volumes da saga, também promete alguns contos para a mesma.
Beijos!
Comente via Facebook