Débora estava prestes a viver o dia mais feliz de sua vida. Tudo estava pronto para o casamento perfeito com Felipe, o noivo mais lindo e fofo que alguém poderia ter. O apartamento estava arrumado, e todos os detalhes da lua de mel na Grécia, acertados. Até um novo emprego na redação de uma revista feminina a esperava na volta da viagem. Seria o começo de uma nova etapa de uma vida com a qual ela sempre sonhou. Na véspera da cerimônia, o noivo precisou ficar até mais tarde no escritório para resolver as últimas pendências, e ela resolveu fazer uma surpresa e aparecer sem avisar. Mas quem foi surpreendida foi ela: pegou Felipe em flagrante com a irmã do sócio, na situação mais comprometedora possível. O que fazer? Armar um escândalo e terminar tudo? Esquecer o que viu, casar e ser feliz para sempre? O que fazer quando se sente, ao mesmo tempo, um amor profundo e um ódio avassalador? Para Débora, a resposta é: criar um plano maluco para sair dessa situação e dar a volta por cima!
Editora: Gutenberg l 240 Páginas l Chick-Lit l Compare & Compre: Buscapé • Saraiva • Amazon l Skoob
Eu odeio te Amar é um romance repleto de reviravoltas. Com uma escrita leve e divertida, Liliane Prata ressalta o fato de que, por mais difícil que nossa situação seja, sempre podemos dar a volta por cima. Assim como acontece com Débora, nossa protagonista, que está prestes a se casar. Ela conhece o noivo desde a adolescência e confia nele plenamente. Sabe aquele namorado fofo e atencioso? Pois bem, esse é o Felipe. Além de invejar o relacionamento dos dois, todo mundo sabe o quanto eles se amam… Contudo, tal certeza vai para os ralos quando Débora faz uma visita ao escritório do noivo nas vésperas do casamento. Sem querer ela descobre que vive uma mentira, que o amor que Felipe alega sentir não é verdadeiro – afinal, ela praticamente o pega com a boca na botija (não vou contar o que ela viu, então criem suas próprias teorias, risos). Magoada, desolada, confusa e com muita raiva, Débora decide que não vai cancelar o casamento e que fará Felipe pagar, na mesma moeda, pelo que fez com ela. Agora ela quer vingança e seu plano é fazer Felipe sofrer. O único problema é que Débora o ama… mas não dizem que o amor e o ódio caminham juntos?
O livro gira em torno do que Débora viu na noite anterior ao casamento e do plano mirabolante que ela cria. – Imagine você descobrir algo de ruim do seu noivo e, em nome da vingança, dar continuidade aos preparativos? Impossível! Então é claro que a Débora é doidinha e cria um plano mais doido ainda, mas no fundo seu coração está sangrando: ela ama o noivo, quer aproveitar a festa de casamento, quer ter a vida que os dois tinham planejado, e ainda quer realizar seus sonhos ao lado dele. Foi triste ver o quanto Débora está sofrendo, ainda mais para uma recém-casada como eu – não consegui deixar de pensar no quanto ela estava perdendo ao se casar com tanta mágoa no coração. E é aí que entra um dos pontos que fizeram com que eu não gostasse do livro: ninguém deve casar por vingança, e mais, quando a gente ama de verdade não cria planos ou joguinhos, afinal o diálogo e a sinceridade é que sustentam um bom casamento. Claro que, diante do que viu, Débora ficaria apavorada no grande dia e não saberia qual caminho seguir, mas não vale a pena manchar essa experiência por causa de um erro, até porque casamento é algo para lembrarmos a vida toda. Além disso, desde o começo fica óbvio para o leitor que quer uma boa conversa resolveria os problemas da protagonista. Débora seria muito mais feliz e teria economizado muita dor – tanto pra ela quanto pro Felipe – se tivesse sido sincera com ele, se tivesse dito: “então, camarada, eu te vi em um momento muito comprometedor”. É difícil? Com certeza, mas muito mais racional e sincero do que casar com a intenção de se vingar. Quem em plena consciência casaria magoada, esconderia do marido um segredo desses, viveria fingindo estar tudo bem, e pelas costas dele armaria os planos mais estranhos? Não consegui aceitar essa atitude dela, parece infantil demais para quem ama tanto e se diz pronta para o casamento.
Também não gostei de como a autora passa boa parte do livro focando na vingança da protagonista. É cansativo vê-la enganando o marido e, principalmente, se enganando: ela o ama e não há vingança no mundo que vai curar a dor que está sentindo, simples assim. Fora que é chato e constrangedor – e engraçado algumas vezes, confesso – acompanhar o constante ciclo de erros e acertos de Débora (no qual ela sempre faz as piores escolhas e acaba cada vez mais triste). Mas o pior de tudo, sem dúvida, foi o desfecho da história. Quando o esperado confronto entre Débora e Felipe aconteceu fiquei completamente sem reação. São mais de duzentas páginas de dor, erro e mágoa, para que milagrosamente tudo seja resolvido em pouco mais de uma página e meia. Só conseguia pensar: “É sério isso? Quando na vida real que as coisas seriam assim?” A sensação que fica é que faltou lógica e maturidade, mas não tenho dúvidas de que isso tem a ver comigo: eu não me conectei com a protagonista e muito menos aceitei suas atitudes, seus valores e suas prioridades. Para mim, ela é fútil, superficial e infantil e, por mais que eu tentasse, não consegui gostar dela. Claro que me emocionei com sua dor, principalmente no final, quando ela já estava cansada do seu plano louco, contudo não foi suficiente.
Existem pontos positivos como a escrita divertida e fluída da autora, as amigas doidinhas da mocinha, e a personalidade indefinida do protagonista masculino. Ele é um dos grandes mistérios da história e, assim como Débora, passamos metade do livro amando-o e metade odiando-o. Portanto, a história é leve, engraçada, e traz uma bela mensagem de superação, perdão e recomeços. A mistura não funcionou para mim, mas vale a pena dar uma chance e descobrir se para vocês a obra será encantadora, afinal ninguém lê um mesmo livro, não é mesmo?
Beijos!
Comente via Facebook