Freyja Bedwyn é uma mulher diferente das outras damas da alta sociedade: impetuosa e decidida, ela preza a independência e a liberdade acima de qualquer coisa – até mesmo do amor. Até que o destino lhe apresenta Joshua Moore, o marquês de Hallmare, um homem cheio de charme e mistério, dono de uma beleza estonteante e de uma reputação terrível. Quando ambos se encontram a caminho da pacata cidade de Bath, a química entre os dois é imediata. Entre encontros e desencontros, conflitos e provocações, Joshua faz uma proposta inusitada: pede que Freyja finja ser sua noiva, para evitar que uma artimanha de sua tia o leve a se casar com a própria prima. Para uma dupla que acha graça das convenções sociais, esta parece ser a oportunidade perfeita para se divertir. Mas a brincadeira acaba trazendo consequências inesperadas. Aos poucos, suas máscaras vão caindo e ambos se revelam pessoas bem diferentes do que aparentam. Neste terceiro livro da série Os Bedwyns, Mary Balogh se aprofunda ainda mais nos segredos e desejos dessa família incomum e extremamente sensual.
Editora: Arqueiro l 288 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Estou completamente apaixonada pela escrita da Mary Balogh. A cada novo livro que leio da autora ganho mais um romance histórico favorito; suas obras sempre me surpreendem, envolvem e, por mais que alguns não acreditem, ensinam. E é exatamente por isso que gosto tanto das histórias escritas pela Mary, pois por mais românticas e emocionantes que elas sejam, nunca deixam de abordar importantes pontos de reflexão social. Duvidam? Pois saibam que seus livros falam sobre temas como o papel social da mulher, abuso sexual, segregação entre classes, e o preconceito em suas formas mais cruéis – até mesmo quando ele envolve limitações físicas. E o ponto é que quem me conhece sabe como gosto de livros com algo mais, obras que vão além e modificam, mesmo que minimamente, o ponto de vista do leitor. Portanto, sinto orgulho dessa autora que, com uma narrativa divertida e romântica, marca e transforma nossos corações. Estou babando arco-íris? Então senta que tenho muitos outros elogios para fazer!
A trama de Ligeiramente Escandalosos gira em torno de Freyja e Joshua. Ela é irmã de um duque, portanto tem nome, dinheiro e popularidade. Entretanto, é conhecida por não ser bela e por não ter papas na língua. Depois do rompimento de um noivado, Freyja endureceu seu coração e, por mais que no íntimo ela acredite no amor, sente que não será abençoada com o dom desse sentimento. E ela até prefere isso, ser considerada uma solteirona tem suas regalias, como a liberdade de ir onde quiser e dizer o que bem entender. Já Joshua é um plebeu que ganhou um título de nobreza – e toda a riqueza própria do nome. Ele nunca quis esse futuro, mas depois da morte do primo teve que mudar o rumo da sua vida. Por um tempo ele viajou e curtiu as regalias de ter dinheiro em abundância, mas de volta à Londres a responsabilidade do título começa a pesar em seus ombros. O fato é que Joshua não é esse tipo de homem aristocrata, ele quer ser livre e despreocupado – ou pelo menos quer ter a liberdade de escolher com o que se preocupar (e nesse quesito ele é muito bom, só não gosta que as pessoas descubram seu coração mole). Sendo assim, o ponto central do livro é que tanto Joshua quanto Freyja gostam de ser livres. Além disso, eles gostam da máscara social que utilizam – ele fingindo ser um alegre e desocupado nobre e ela uma mulher frígida e completamente independente. Porém quando seus caminhos se cruzam, eles encontram um no outro um ser semelhante, alguém que não admite os verdadeiros anseios de seu coração. E o problema é que começam a gostar do tempo que passam juntos (mesmo aquele em que vivem trocando farpas), o que os coloca em um arranjo perigoso: para fugir de um enlace forçado tramado para Joshua, eles embarcarão em um noivado de mentira que, como bem sabemos, acabará enredado no coração deste incrível casal.
O que mais gosto nessa série é da casualidade por trás dos romances descritos. Assim como é na vida real, o amor nasce do desejo, da afinidade e, principalmente, do convívio diário. Os personagens vão se conhecendo, mostrando quem realmente são, revelando aos poucos seus traumas e anseios, até se encontrarem apaixonados e prontos para superarem seus medos. E, mesmo que seja previsível, é impossível não sentir na pele todos os sentimentos descritos ou até mesmo vibrar com o nascimento de um amor tão lindo e verdadeiro. Joshua e Freyja são como muitos de nós, eles já sofreram e aprenderam a proteger seus corações, entretanto o amor faz com que eles queiram lutar para seguir em frente e superar o passado de uma vez por todas. Fora que eles embarcam nisso juntos, aprendendo um com o outro ao enxergar além das aparências. Característica que, sem dúvida, é outro ponto positivo da obra. Nessa história, Mary Balogh trabalha talentosamente bem com o famoso jargão que diz que “as aparências enganam”. Ninguém é o que aparenta ser, muito menos Freyja e Joshua, que além de surpreenderem os leitores com suas personalidades incríveis, arrancam suspiros conforme abrem seus corações e nos apresentam seus mais puros desejos. Adorei os dois do começo ao fim, fazia tempo que não me envolvia completamente com um casal e que torcia, com profundo afinco, por sua felicidade.
Além do romance lindo, dos personagens incríveis e da narrativa bem construída e tocante, a obra surpreende por seu bom-humor. Os protagonistas não têm medo dos olhares afiados da sociedade, e como possuem poder suficiente para serem diferentes, eles não medem palavras e dizem exatamente o que pensam – seja para quem for! Portanto o que garante várias cenas hilárias (além do confronto direto entre eles, é claro), é o fato de eles insultarem propositalmente as regras de etiqueta da elite inglesa do século XIX, fazendo graça com aqueles que pensam que são definidos apenas por seus títulos e riquezas. Fora que por trás da diversão e das alfinetadas sociais, também podemos observar inúmeros pontos de reflexão, como o fato da nobreza julgar e ignorar tão facilmente seus semelhantes, como as mulheres serem constantemente tratadas como belos troféus, como o fato de respeito e amor não estarem minimamente relacionados com classe econômica, e como muitas vezes as famílias – pelo bem das aparências – fazem vista grossa para as atitudes errôneas de seus membros. E com bônus ainda temos um personagem secundário com uma limitação física, o qual inspira no leitor carinho e compreensão incondicional. Incrível, simplesmente incrível! Fiquei extasiada com a gama de emoções geradas por essa leitura; aprendi demais com ela, tanto é que acho esse o melhor, até agora, de todos os livros dessa série.
No geral o livro é romântico, divertido, envolvente, emocionante e muito reflexivo. Esse foi, sem dúvida, um dos melhores romances que li esse ano. Como já disse, estou cada vez mais apaixonada por essa autora e por essa série de irmãos incríveis.
Sobre a Série
Ligeiramente Escandalosos é o terceiro volume da série Os Bedwyns. Composta por seis livros, a saga narra a história de amor de cada um dos membros da família Bedwyn.
Beijos!
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