O devasso Vere Mallory, duque de Ainswood, está pronto para sua próxima conquista e já escolheu o alvo: a jornalista Lydia Grenville. Só que desta vez, além de seduzir uma bela mulher, ele deseja também se vingar dela. Ao se envolver numa discussão numa taverna, Vere foi nocauteado por Lydia e se tornou alvo de chacota de toda a sociedade. Agora ele quer dar o troco manchando a reputação da moça. Mas Lydia não está interessada em romance, principalmente com um homem pervertido feito Mallory. Em seus artigos, ela ataca nobres insensatos como ele, a quem considera a principal causa dos problemas sociais. Nesse duelo de vontades, Vere e Lydia se esforçam para provocar a derrota mais humilhante ao mesmo tempo que lutam contra a atração que o adversário lhe desperta. E, nessa divertida batalha de sedução e malícia, resta saber quem será o primeiro a ceder à tentação.
Editora: Arqueiro l 304 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Começaremos com uma frase clichê mas extremamente válida: Estou apaixonada! A cada livro que leio da Loretta Chase acabo mais e mais encantada com seu enorme talento. Sou fã assumida de romances de época, mas não nego que é muito difícil inovar dentro do gênero – na maioria das vezes as histórias possuem basicamente o mesmo pano de fundo. Porém, os livros da Loretta fogem completamente do padrão ao qual estou acostumada, e não só por apresentarem personagens irreverentes e únicos, mas por unirem romance, reflexão e ação em uma única história. Em O Último dos Canalhas, por exemplo, lemos sobre uma paixão imprópria e divertida que derrete os corações dos protagonistas, sobre mulheres independentes que lutam por seu futuro, sobre conspirações malignas que ameaçam a vida de jovens inocentes ao obrigá-las a se prostituir, e sobre boa parte das discrepâncias sociais que dominaram a sociedade inglesa do século XIX. Então claro que amei muito tudo isso, afinal não resisto a uma boa história de paixão, superação e reflexão.
A obra gira em torno da história de Vere e Lydia. Vere é o duque de Ainswood, o último dos Mallory, uma família conhecida por ter uma linhagem recheada de canalhas. Ele sempre foi o pior deles, conhecido por suas conquistas e inúmeras farras, porém sua reputação ficou ainda pior quando, pouco tempo atrás, ele foi nomeado duque (depois de mortes tristes e prematuras de seus primos). Por dentro Vere carrega a dor e o peso das mortes, além do repúdio pelo título que nunca quis, enquanto por fora é um desmiolado sem consideração nenhuma por qualquer outra pessoa, principalmente as do sexo feminino – que são consideradas criaturas incapazes de pensar. Enquanto isso, provando que as mulheres são mais fortes do que parecem (ou do que os homens querem ver), Lydia é temida e admirada por boa parte da população. Ninguém sabe ao certo de onde ela veio, apenas que é uma das jornalistas mais influentes da Inglaterra. Seus textos descrevem as barbaridades de uma sociedade que vira a cara para a classe inferior, que finge que não vê a pobreza ao seu redor, os roubos e mortes de inocentes “sem teto ou título”, e o rapto de jovens que acabam sem saída a não ser vender seu corpo. Ela passou por muitas provações, então exatamente por isso quer fazer a diferença usando seu talento para o bem comum. Sendo assim, quando Lydia e Vere se encontram é confusão na certa: ele pensa nela como uma solteirona intrometida (que acha que os homens são imprestáveis), enquanto ela sabe que ele é um nobre desmiolado que só olha para o próprio umbigo. Mas o ponto é que ambos estão errados, mas só vão descobrir isso quando mergulharem em uma aventura que promete muitas gargalhadas mas que termina repleta de emoção e paixão.
Sem dúvida, o que mais amei no livro foi a personalidade de Lydia. Não resisto a mocinhas fortes e determinadas que, não apenas fogem dos padrões da sociedade, como também nos fazem refletir sobre formas de mudar o mundo. Lydia escreve para sobreviver, é aceita em lugares em que os homens são predominantes, não tem medo nenhum de dizer e lutar pelo que pensa, e sempre faz de tudo pelo bem dos seus semelhantes – sejam eles mulheres que perderam tudo, que foram enganadas, que são vítimas da desigualdade dos gêneros, ou apenas pessoas do bem que precisam de um ombro amigo. Além disso, a jovem está constantemente atenta ao abuso por trás da exploração sexual e do trabalho infantil (fatos, infelizmente, comuns naquele período), o que nos leva a questionar nossos valores e os pilares da sociedade em que vivemos. Amo esse tipo de reflexão, principalmente porque as mulheres sofriam muito no século XIX – por não terem título, por serem de famílias simples, por serem bonitas demais, por serem inteligentes demais, e etc. – então sempre que me deparo com um livro que aborda esse assunto ao mesmo tempo em que mostra personagens femininas lutando por um destino diferente, fico feliz da vida. Lydia em alguns momentos chega a ser extremista e descrente em demasia, portanto é incrível o papel que Vere desempenha em sua vida: graças a ele, ela começa a enxergar a vida de outra forma, percebendo que ser forte não é a mesma coisa que se fechar aos outros, que se apaixonar ou casar não significa ser submissa, e principalmente que se deixar seduzir por Vere não faz dela mais uma das conquistas do duque.
Também amei como a personalidade real de Vere vai se revelando (ele é um fofo com cara de insensível), como ele e Lydia combinam completamente, como o romance é simples, real e divertido (as cenas da Lydia batendo nele são hilárias, principalmente quando ela bate no duque em frente aos seus melhores amigos), como existe um grande segredo por trás da família da Lydia, e principalmente como o foco da história não está na construção do romance mas sim nas mudanças que só o amor é capaz de fazer. Boa parte dos livros de época foca no desenvolvimento amoroso de casal, culminando em um belo e próspero casamento. Entretanto, os livros da Loretta não seguem esse estilo. Primeiro temos a diversão, depois a paixão, um possível casamento, e então o amadurecimento do casal. Além disso, suas histórias sempre trazem uma aventura que coloca os pombinhos em inúmeras enrascadas, no caso de O Último dos Canalhas acompanhamos Lydia e Vere em um resgate para lá de arriscado – com direito a suspense, diversão e amor fraternal.
Sei que sou suspeita, mas simplesmente amo histórias assim: divertidas, cativantes, emocionantes e reflexivas. Adorei Vere e Lydia, adorei seus amigos (Lorde Dain, seu fofo reclamão, estava com saudades ♥), adorei suas artimanhas e aventuras, e adorei como no final o amor prevaleceu. Para alguns pode parecer clichê, mas para mim a história é surpreendente e digna de sorrisos bobos e corações apertados. Agora quero mais e mais livros da série! Não vejo a hora de ver qual será o próximo canalha a se apaixonar.
Escolhi esse livro como minha primeira leitura para o “Desafio Históricos & Eu”: ler um livro com capa masculina. ADOREI essa primeira etapa. Vem participar também e ler um romance histórico por mês durante o ano de 2016!
Sobre a Série
O Último dos Canalhas é o último livro da série Scoundrels. A saga é composta pelos livros: The Lion’s Daughter, Captives of the Night, O Príncipe dos Canalhas e O Último dos Canalhas.
Existe um laço de amizade entre os protagonistas, mas cada livro conta a história de amor de um casal diferente, portanto eles podem ser lidos fora de ordem – motivo pelo qual a editora não seguiu a sequência original e optou por publicar primeiro os dois últimos livros.
Beijos!
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