Para Jack, um esperto menino de 5 anos, o quarto é o único mundo que conhece. É onde ele nasceu e cresceu, e onde vive com sua mãe, enquanto eles aprendem, leem, comem, dormem e brincam. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la. O quarto é a casa de Jack, mas, para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida para Jack. Mas ela sabe que isso não é suficiente, para nenhum dos dois. Então, ela elabora um ousado plano de fuga, que conta com a bravura de seu filho e com uma boa dose de sorte. O que ela não percebe, porém, é como está despreparada para fazer o plano funcionar.
Editora: Verus l 350 Páginas l Drama l Compare: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Resenha: Day Farias
Quando vi o trailer de O Quarto de Jack (filme baseado no livro de Emma Donoghue) fui tomada por uma curiosidade que há muito tempo não sentia. E, mesmo não tendo os componentes que me atraem em uma história (como o romance e o lado sobrenatural) ainda assim fui naturalmente atraída pelo livro Quarto, que narra uma forte e real história que inevitavelmente me alcançou logo nas primeiras páginas.
Jack é um garotinho ingênuo e cativante que acaba de completar seus cinco anos. Tudo o que ele sabe é o que a mãe lhe diz, fora isso Jack não conhece nada no mundo além das quatro paredes que o cercam. Relativamente feliz, ele vive uma rotina diária ao lado de sua mãe que com todas as suas forças tenta dar a infância o mais normal possível a ele, sem incluí-lo no terror que ela vive há muito mais que cinco anos: vítima de um sequestro, Joy está encarcerada no porão de um homem que por anos vem abusando e prendendo-a no quarto sem esperança alguma de conseguir fugir. Porém, o desespero também é o criador da esperança, e é quando sua situação piora que Joy percebe que precisa escapar, não só por si mesma, mas também por Jack e a vida que ele nunca soube que tinha direito. Mas, será que ela avaliou bem os riscos que uma fuga pode gerar?
Narrado de maneira assustadoramente real, Quarto me envolveu logo de início. Senti-me participante da vida naquele quarto onde uma mãe tentava como podia livrar seu filho do trauma que ela mesma estava vivendo. Perturbadoramente, ao passar das páginas, a atmosfera claustrofóbica desse lugar se tornou cada vez mais real para mim, o que me deixou por vezes angustiada ao ponto de ter que me afastar do livro só pra ter certeza da minha própria liberdade. É inevitável nos colocarmos na pele da personagem e imaginar o quão enlouquecedor deveria ser ter que se manter normal do lado de fora, enquanto por dentro estava aterrorizada, unicamente por amor ao seu filho. E exatamente por esse motivo é impossível não se envolver e se comover com essa história tão reflexiva e angustiante.
No entanto, mesmo com esse início de história tão incrível e repleto de emoções, senti que na metade do livro a narrativa mudou de uma hora para outra: a escrita que tinha sido viciante até aquele momento, pareceu começar a girar tão lentamente que, se eu não estivesse tão curiosa pelo desfecho, provavelmente o teria abandonado a leitura – e isso definitivamente foi uma pena. Mas, mesmo com essa mudança que afetou meu ritmo de leitura, não consigo deixar de dizer que a leitura de Quarto vale a pena. A história não seguiu o rumo que eu esperava e isso foi meio decepcionante, porém o que marca é a mensagem que a autora quer passar ao leitor e sua capacidade de nos fazer refletir sobre vários pilares de nossa sociedade (e, principalmente, sobre as camadas obscuras da mente humana).
Mesmo que o livro nos deixe um tanto quanto paranoicos – risos! – não nego que se trata de uma leitura impactante, reflexiva, e ótima para aqueles que querem experimentar um gênero literário diferente. Enfim, eu indico o livro e adoraria saber o que acharam e se tiveram a mesma impressão que a minha.
Adaptação Literária
Depois de ganhar o Oscar na categoria de melhor atriz, fala-se ainda mais de O Quarto de Jack. Mas para quem não viu o trailer, dá uma espiadinha:
Beijos!
Comente via Facebook