Quando o mundo que conhecemos está prestes a ser arrasado, é preciso apostar tudo na redenção. Os anjos do apocalipse chegaram — e vieram para aterrorizar a humanidade e acabar com o mundo moderno. Gangues de rua tomam conta do dia, enquanto o medo e a superstição dominam a noite. Quando anjos guerreiros sequestram uma menininha indefesa, sua irmã mais velha, Penryn, fará o que for preciso para salvá-la. Até mesmo um acordo com um anjo inimigo. Raffe é um guerreiro caído, que perdeu as asas. Depois de eras lutando suas próprias batalhas, ele é resgatado de uma situação desesperadora pela jovem Penryn, que concorda em ajudá-lo — desde que ele mostre a ela como encontrar sua irmã. Viajando por um mundo sombrio e perigoso, eles podem contar apenas um com o outro para sobreviver. Juntos, vão em direção à fortaleza dos anjos em San Francisco, onde Penryn arriscará tudo para resgatar sua irmã, e Raffe se colocará à mercê de seus piores inimigos pela chance de voltar a ser inteiro.
Editora: Verus l 279 Páginas l Fantasia pós-apocalíptica l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
A Queda dos Anjos foi uma grata surpresa. Confesso que comecei a leitura sem grandes expectativas – antes de ler o livro, tudo que sabia sobre ele é que o protagonista masculino era envolvente e apaixonante (e que ele é constantemente comparado com o Patch de Hush Hush). Entretanto, não foi preciso mais de um capítulo para que eu ficasse completamente cativada por essa assombrosa e misteriosa história. Graças a minha imaginação, ou talvez pela imagem que me venderam da obra, esperava que o livro girasse em torno de um romance impossível e da mitologia dos anjos caídos. Porém, graças aos céus, me enganei completamente. A leitura é, antes de qualquer coisa, assustadora. O clima da narrativa é de pura tensão e ação, de forma que todos os outros conflitos – seja o romance, o drama familiar, a guerra entre humanos e anjos, a violência e até mesmo a luta por sobrevivência – são tão equilibrados que em nenhum momento a trama perde sua característica principal: ser uma apavorante aventura pós-apocalíptica. Não nego que a escrita da Susan Sue conta com vários clichês literários, entretanto todos eles são esquecidos pelas surpresas que seu livro reserva.
A trama gira em torno da jovem Penryn e do fato dela proteger sua mãe (que tem esquizofrenia paranoide) e sua irmã mais nova (que é cadeirante). Desde que elas foram abandonadas pelo pai, Penryn cuida da família da melhor forma possível. Porém, agora que o mundo foi devastado pelos anjos essa tarefa ficou ainda mais complicada. Tudo o que Penryn sabe é que o anjo Gabriel foi assassinado, ao vivo em rede televisiva, pelos humanos e que depois disso o mundo foi dominado pelo caos, pelo medo, pela fome e pela violência. Milhares de humanos morreram, casas foram abandonadas, prédios foram arrombados e destruídos, e aos sobreviventes restou viver vagando pelas ruas ou ao lado de gangues que trocam tudo o que podem – e até o que não podem – por um pouco de comida. Diariamente Penryn procura abrigo e comida pelos prédios abandonados de São Francisco, entretanto em uma dessas peregrinações sua irmã é raptada e sua única esperança é fazer um acordo com o inimigo: um anjo atacado por outros anjos, o Raffe, que ela ajuda a salvar apenas para obter informações sobre sua pequena e indefesa irmãzinha. Penryn não sabe o motivo que levou os anjos a invadirem a terra, não sabe por que eles tratam os humanos como se eles fossem macacos e muito menos entende como conseguirá manter sua família viva, porém ela vai fazer de tudo por sua irmã, mesmo que isso signifique salvar um anjo resmungão e chantageá-lo em busca de informações.
O mais incrível nesse livro é sua narrativa. Desde o começo sentimos o clima de tensão que gira em torno da nova realidade mundial – e por mais que Penryn seja uma protagonista forte e decidida, ela narra os acontecimentos com uma destreza que nos faz entender o medo e a destruição que a humanidade tem presenciado, o que significa que a jovem não mescla os fatos e muito menos poupa detalhes. Quando comecei a leitura fui acorrentada pelo cenário criado pela Susan Sue: senti-me na pela de Penryn, consegui visualizar o mundo destruído que ela detalhe e, principalmente, pude visualizar cada ser extraordinário e impensável que a autora criou (sejam eles anjos, Nephilins ou criações inomináveis que só quem lê é capaz de compreender). O bom de a narrativa ser cruel e assustadora é que ela foge do padrão de livros jovens adultos de fantasia que costumamos ler. Como disse anteriormente, o livro conta com vários clichês: romance impossível em meio ao caos, irmã mais velha lutando pela irmã mais nova, mãe com distúrbios, jovem adolescente que se vê no meio de uma grande guerra… Porém, tudo isso é eclipsado pela narrativa da autora e pelas surpresas que sua história carrega. Juro que esperava algo bem mais leve e não um livro que me lembrasse tanto de The Walking Dead. Contudo, saliento que a história conta com momentos mais juvenis e que fazem jus a idade da protagonista, mas o ponto é que eles são raridade e não maioria.
Fora a narrativa surpreendente e aterrorizante (vou repetir isso porque só de lembrar fico com medo – sim, sou dessas), o livro também conta com uma mitologia muito bem explorada e inovadora. Histórias sobre anjos-caídos não são novidades, mas grandiosos anjos brigando entre si, fazendo complôs contra Deus e a humanidade, e assumindo uma guerra na qual eles não entendem quais são seus papéis… Isso sim é de botar a cabeça para pensar! Por ser o primeiro volume de uma série existem vários detalhes que não compreendemos: o motivo dessa guerra, a posição dos anjos, e o papel da humanidade. Contudo, isso só nos deixa ávidos pela continuação da saga. E ainda entre pontos positivos posso mencionar: os dramas descritos através da doença da mãe da protagonista e das limitações de sua irmã mais nova, a condição de Penryn que não aproveitou nada seu ensino médio e teve que amadurecer muito rápido, a dor de Raffe em ver ao que os anjos foram destinados, e o final do livro que deixa um grande gancho para os próximos volumes.
De modo geral, amei a narrativa da autora, a guerra ela criou, a personalidade de Penryn e seus conflitos familiares, o envolvimento dela com o anjo Raffe (sim, ele lembra o Patch e eu adorei isso), e a força dos sentimentos que essa leitura me causou: choque, medo, paixão, nojo e muita curiosidade. Agora só me resta esperar pelo próximo livro e descobrir o que será de Penryn, de Raffe e da humanidade.
Sobre a Série
A Queda dos Anjos é o primeiro volume da trilogia Angelfall. Ainda não sabemos quando os próximos volumes serão lançados no Brasil, mas lá fora os comentários positivos crescem a cada livro publicado.
Beijos!
Comente via Facebook