A sonhadora Calpúrnia Hartwell sempre fez tudo exatamente como se espera de uma dama. Ainda assim, dez anos depois de ser apresentada à sociedade, ela continua solteira e assistindo sentada enquanto as jovens se divertem nos bailes. Callie trocaria qualquer coisa por uma vida de prazeres. E por que não se arriscar se, aos 28 anos, ela já passou da idade de procurar o príncipe encantado, nunca foi uma beldade e sua reputação já não lhe fará a menor diferença? Sem nada a perder, a moça resolve listar as nove regras sociais que mais deseja quebrar, como beijar alguém apaixonadamente, fumar charuto, beber uísque, jogar em um clube para cavalheiros e dançar todas as músicas de um baile. E depois começa a quebrá-las de fato. Mas desafiar as convenções pode ser muito mais interessante em boa companhia, principalmente se for uma que saiba tudo sobre quebrar regras. E quem melhor que Gabriel St. John, o marquês de Ralston, para acompanhá-la? Afinal, além de charmoso e devastadoramente lindo, ele é um dos mais notórios libertinos de Londres. Contudo, passar tanto tempo na companhia dele pode ser perigoso. Há anos Callie sonha com Gabriel e, se não tiver cuidado, pode acabar quebrando a regra mais importante de todas – a que diz que aqueles que buscam o prazer não devem se apaixonar perdidamente.
Editora: Arqueiro l 288 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4,5/5
Eis um fato: é impossível não amar a Sarah MacLean e seus personagens irreverentes. A cada livro lido a autora me surpreende mais e mais com a personalidade de suas protagonistas que, ao contrário do esperado, não se deixam rotular pelas expectativas da sociedade. O ponto é que a Inglaterra do século XIX era muito injusta com as mulheres, pois exaltava como perfeito um único padrão de beleza ao mesmo tempo em que controlava com rigidez o comportamento feminino. Naquela época as mulheres sofriam consequências altas se não fossem delicadas, recatadas ou aduladoras do ego masculino, e é exatamente por isso que amo tanto as histórias da Sarah, pois ela coloca em xeque os conceitos deturpados dessa sociedade machista e com mania de superioridade, cria protagonistas cheias de personalidade e garra, e de quebra descreve romances sensuais e extremamente envolventes.
A obra gira em torno de Lady Calpúrnia e de sua lista de nove regras a ignorar. Como a típica filha mais velha de um conde, Callie foi criada para ser exemplo de boa conduta feminina e para encontrar um bom marido. Porém, vinte e oito anos como uma mulher educada e respeitável não a ajudaram a contrair matrimônio e muito menos a ser feliz. Depois de longas temporadas sob o título de a filha feia, inúmeros bailes sem dançar, e pedidos de casamento interessados apenas em seu dote, Callie é considerada uma solteirona. Cansada de ser passível e recatada, a jovem resolve quebrar regras e fazer tudo o que sempre sonhou. Para isso ela lista nove itens que almeja cumprir (como beijar apaixonadamente, tomar uísque e ser considerada pelo menos uma única vez bonita) para corromper sua honra maculada e, quem sabe, se sentir viva pela primeira vez. E nessa aventura em busca da felicidade, Callie vai contar com a ajuda do maior libertino de Londres e o único homem que ela sonha beijar: Gabriel, o marquês de Ralston. Depois de um acordo improvisado, ele ajudará Callie a acabar com sua reputação de boa moça enquanto ela ajudará Gabriel a inserir sua meia-irmã na sociedade. O único problema é que durante esse acordo eles vão perder algo que não esperavam: seus corações.
Logo de início eu amei a protagonista e sua luta interior. De tanto ouvir que era feia e passível, Callie passou a acreditar que seu único futuro seria ser uma solteirona. A jovem nunca foi capaz de se ver de outra forma ou muito menos de sonhar com um futuro diferente. Tanto é que em inúmeras ocasiões vemos a protagonista ser diminuída com a sua permissão, o que significa que Callie aceita o papel de solteirona e de feia sem ao menos questionar. Porém, quando lista as nove coisas que sonha fazer alguma coisa dentro dela muda e, pela primeira vez em anos, a jovem decide lutar por uma vida diferente. E eu amei, muito mesmo, tudo isso. Achei a história um exemplo de força, determinação, beleza que foge dos padrões sociais, e crescimento pessoal. Através de Callie aprendemos que, quando nos amamos verdadeiramente, não importa o que pensam ou dizem de nós. E é lindo ver essa jovem mulher se aceitando como bela e, principalmente, lutando pelo direito de ser quem ela quiser. Claro que irrita quando ela se diminui e duvida de suas qualidades, mas talvez seja por isso que é tão belo vê-la conquistar uma forte confiança em si mesma.
Outro ponto positivo da obra, além da jornada da protagonista, é a construção do romance. Pela primeira vez em muito tempo me deparei com uma mocinha considerada feia (para os padrões de uma sociedade preconceituosa, é claro), e achei incrível como a autora lidou com isso ao mesmo tempo em que deu vida a um enlace amoroso. Também adorei o fato de a autora não romantizar as características físicas da protagonista e defender que a beleza é mais do que aparência exterior ou de meros padrões impostos pela sociedade. Tanto é que, outro ponto que amei na história, é que a cada item que Callie cumpre da sua lista mais bela ela se torna – aos seus olhos, aos olhos de Gabriel e aos olhos do leitor. Fora que, por causa dessa lista nada convencional que coloca a protagonista em várias enrascadas, a leitura é extremamente leve e divertida. É simplesmente hilário vê-la correndo atrás de seus sonhos malucos e que, para muitos, são apenas dignos de homens. Além de morrer de rir, durante a leitura não conseguia parar de pensar “isso aí garota, mostra para eles o quanto somos incríveis”.
No geral o livro é pura diversão, sensualidade, reflexão social e amadurecimento pessoal. Confesso que achei o final um pouco corrido (e meio previsível), contudo é impossível não se apaixonar por essa história, por esses personagens, e por esse romance tão envolvente e digno de suspiros.
Sobre a Série
Nove regras a Ignorar antes de se Apaixonar é o primeiro volume da trilogia Os Números do amor. Cada livro é protagonizado por um casal diferente, entretanto é importante lê-los na ordem de publicação (pois os casais estão interligados).
Beijos!
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