No romance clássico, Jane Austen iniciava a saga das casadouras irmãs Bennet com o aviso: “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de uma grande fortuna, deve estar em busca de uma esposa.” Agora, porém, a história é outra… No tranquilo vilarejo de Meryton, nossa heroína, a guerreira Elizabeth Bennet, treinada nos rigores das artes marciais, está determinada a eliminar a ameaça zumbi. Até que sua atenção é desviada pela chegada do altivo e arrogante Sr. Darcy. Ela conseguirá superar os preconceitos sociais dos grandes aristocratas ingleses, tão ciosos e orgulhosos de seus privilégios? Grahame-Smith transfigura as famosas passagens do texto de Jane Austen em uma deliciosa comédia de costumes. Além dos embates civilizados e repletos de cortesia entre o casal de protagonistas, inclui batalhas violentas, em confrontos cheios de sangue e ossos quebrados. Conjugando amor, emoção e lutas de espada com canibalismo e milhares de cadáveres em decomposição, Orgulho e preconceito e zumbis transforma uma obra-prima da literatura mundial em uma história sangrenta que você não vai conseguir parar de ler.
Editora: Intrínseca l 320 Páginas l Romance Histórico Sobrenatural l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob
Como o próprio título dá a entender, a história de Orgulho e Preconceito e Zumbis usa um dos romances mais aclamados da Jane Austen para dar vida a uma trama protagonizada por Elizabeth, Darcy e uma horda de zumbis. O autor da recontagem foi ambicioso e reescreveu Orgulho e Preconceito ao pé da letra, modificando apenas o necessário para inserir seus temidos não mencionáveis. Sendo assim, como uma fã da escrita da Austen, confesso que minha curiosidade foi instigada pela premissa de unir as requintadas regras de etiqueta da sociedade Londrina do século XIX com uma dominação zumbi (afinal, é impossível não admirar a imagem das irmãs Bennet como caçadoras de zumbis). Entretanto, ao colocar essa ideia em prática o autor deixou a desejar e transformou uma história tão linda e marcante como a de Orgulho e Preconceito em um livro cansativo, superficial e sem nada de único para oferecer.
Desde que o primeiro não mencionável foi visto em terra o mundo virou de cabeça para o ar. Depois dos constantes ataques zumbis e de nenhuma possibilidade de cura para tal calamidade, as mulheres passaram a ser julgadas de acordo com suas habilidades em batalha. Exatamente por isso é que a família Bennet se orgulha do treinamento que suas filhas tiveram – através de mestres chineses e não japoneses como dita a moda – e da competência que elas apresentam em combate. As mais velhas, Jane e Lizzie, são as melhores guerreiras da região, entretanto isso não alegra a mãe das jovens que não vê a hora delas abandonarem suas espadas e contraírem matrimônio. Assim, entre treinamentos, batalhas contra zumbis famintos por cérebros e muitos bailes, as meninas Bennet vão conhecer aqueles que roubarão seus corações. E claro que entre eles está o melhor espadachim da Inglaterra, o frio e arrogante Sr. Darcy.
Logo nas primeiras páginas acompanhamos a descrição de um típico baile inglês em que os dançarinos são atacados por um bando de zumbis; o clima de ação parece tão incrível que é de se imaginar que o livro seja ótimo. Porém, ao avançar das páginas percebemos que a escrita do Seth Grahame-Smith é só promessa: promessa de ação, promessa de diversão, e promessa de boas referências à obra da Jane Austen. A sensação é que o autor reescreveu Orgulho e Preconceito e tentou encaixar os zumbis nesse cenário, e não o contrário. Imaginei que ele trataria dos zumbis com mais afinco, porém tudo o que ele fez foi jogar esses seres no meio da história escrita pela Austen. Então claro que uma união que poderia ser incrível, cheia de diversão e aventura, resumiu-se em algo que não acrescentou em nada ao livro. O treinamento das Bennet e as cenas de matança até que são legais, mas o ponto é que elas poderiam ser bem melhores se o autor tivesse recriado a história ao invés de recontado. Fiquei muito decepcionada com essa característica do livro.
Além disso, por se tratar de uma recontagem bem simplória, a leitura fica cansativa e repetitiva. O autor não tem, nem de longe, a mesma visão crítica tão típica da narrativa da Jane Austen, assim é – sem encontrar palavra melhor – demasiadamente chato acompanhar sua tentativa de brincar com a obra e não acrescentar nada a ela. O fato é que ficamos a leitura inteira esperando por algo diferente e grandioso que simplesmente não acontece. Fora que sob a ótica do Seth Grahame-Smith a descrição da história da Lizzie e do Darcy pareceu cômica, como se ele estivesse zombando dos personagens e de suas personalidades conflitantes. Senti que ele quis dar seu toque especial aos protagonistas, mas ao invés de conquistar os leitores, acabou afastando-os mais ainda de sua história. Para vocês terem uma ideia, na versão com zumbis de Orgulho e Preconceito a Lizzie rejeita a proposta de casamento do Darcy com chutes! Se a intenção era tornar a cena divertida, sinto dizer que comigo o feito foi contrário.
Não gostei da leitura; achei a trama arrastada e insignificante (não no sentido de desmerecer a obra, mas dela não agregar nada a minha vida como leitora). Porém, ainda assim consegui encontrar dois pontos positivos: as ilustrações contidas no livro – que são muito bem feitas – e o final romântico que me fez lembrar o motivo de amar tanto Lizzie e Darcy. Mesmo em meio a um bando de zumbis eles conseguiram provar que o amor é capaz de quebrar todas as barreiras do orgulho e do preconceito – mas isso, como bem sabemos, é fruto da querida Jane Austen e desse seu casal maravilhoso.
Gosta de zumbis? Então talvez você possa gostar desse livro. Gosta de romance? Então vá direto para a versão original de Orgulho e Preconceito.
Escolhi esse livro para cumprir mais um tópico do Desafio “Romances Históricos & Eu”: Ler um romance histórico sobrenatural.
Beijos!
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