Cas Lowood herdou uma vocação incomum: ele caça e mata os mortos. Seu pai fazia o mesmo antes dele, até ser barbaramente assassinado por um dos fantasmas que perseguia. Agora, armado com o misterioso punhal de seu pai, Cas viaja pelo país com sua mãe bruxa e seu gato farejador de espíritos. Juntos eles vão atrás de lendas e folclores locais, tentando rastrear os sanguinários fantasmas e afastar distrações, como amigos e o futuro. Quando eles chegam a uma nova cidade em busca do fantasma que os habitantes locais chamam de Anna Vestida de Sangue, Cas espera o de sempre: perseguir, caçar, matar. Mas o que ele encontra é uma garota envolta em maldições e fúria, um espírito fascinante, como ele nunca viu. Ela ainda usa o vestido com que estava no dia em que foi brutalmente assassinada, em 1958: branco, manchado de vermelho e pingando sangue. Desde então, Anna matou todas as pessoas que ousaram entrar na casa vitoriana que ela habita. Mas, por alguma razão, ela poupou a vida de Cas. Agora ele precisa desvendar diversos mistérios, entre eles: Por que Anna é tão diferente de todos os outros fantasmas que Cas já perseguiu? E o que o faz arriscar a própria vida para tentar falar com ela novamente?
Editora: Verus l 252 Páginas l Fantasia Sobrenatural l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 3,5/5
Não nutria grandes expectativas para a leitura de Anna Vestida de Sangue. Na realidade, sabia tão pouco a respeito da obra que tudo sobre ela me surpreendeu: a juventude dos protagonistas, os mistérios por trás da trama (e como eles são reais e reflexivos), o papel da Anna na história, e todas as mortes aterrorizantes que foram descritas – não riam, mas cheguei até a ficar com medo do escuro! Porém, apesar da leitura ser instigante senti que a trama não foi feita para mim. Adoro histórias de fantasia, principalmente aquelas que partem de clichês como um amor proibido entre um fantasma e um caçador de fantasmas, mas o fato é que já passei da fase em que todos os livros desse gênero conquistam meu coração. E infelizmente foi isso que aconteceu com a trama criada pela Kendare Blake: ela me deixou encantada, mas não o suficiente para me conquistar completamente.
A obra gira em torno do Cas. Desde que o pai morreu, quando ainda era um garotinho, ele segue o legado deixado por seus ancestrais: o dom e a missão de matar fantasmas. Por causa do seu trabalho e por sempre estar se mudando em busca de novos alvos, Cas não possui amigos e muito menos leva a vida típica de um jovem da sua idade. Porém, tudo vira de cabeça pra baixo quando ele e a mãe se mudam para o Canadá na intenção de eliminar Anna, um fantasma que assombra a região e que já matou inúmeros jovens. Anna é diferente de tudo que Cas já encontrou: ela tem sentimentos (conflitantes e muitas vezes malignos, mas tem), sabe que está morta, e é mais poderosa que todos os fantasmas que Cas já transformou em pó. Além disso, a tarefa de matar o fantasma de Anna não é difícil apenas por causa do imenso poder que ela tem, mas também porque ela inspira em Cas uma vontade gigante de protegê-la ao invés de caçá-la. Enquanto tenta aprender mais a respeito de Anna, Cas vai acabar em uma enrascada que vai fazê-lo encontrar amigos leais e amorosos, descobrir mais sobre quem ele é e quem almeja ser, e desvendar segredos do seu passado há muito tempo esquecidos. Quem poderia imaginar que Cas, o perspicaz caçador de fantasmas, acabaria em uma missão ao lado de aliados pra lá de incomuns (entre eles uma linda jovem fantasma?).
Tem dois pontos que amei na leitura: o amadurecimento vivenciado por Cas e o papel da Anna na história. Apesar de clichê, gosto de tramas que falam sobre o valor das amizades verdadeiras e sobre a ideia de que juntos somos mais fortes. Ao longo da história, Cas vai fazer grandes e improváveis amigos – subentenda-se por um bruxo nerd e uma linda e manipuladora garota popular – que encantam e surpreendem o leitor por causa da força que demonstram. E o mais legal dessas amizades é que elas fazem Cas perceber que é jovem, que almeja uma vida normal, e que quer ter laços fraternais e criar raízes em um mesmo lugar. Achei muito fofa a ligação que esses três criam. Já Anna é uma personagem complexa e maravilhosa. Além de se tornar um ponto de apoio para Cas, Anna representa muito bem as garotas da década de 60, jovens que queriam mais do que um casamento arranjado e uma vida subjugada. Depois de ser assassinada de uma forma cruel e brutal, a jovem foi transformada em um ser incontrolável e vingativo que está matando por mais de sessenta anos. Por causa disso, a jovem sofreu muito, e conforme mergulhamos em sua história torna-se impossível não torcer para ela alcançar seu almejado final feliz.
Outros pontos positivos são a personalidade irreverente e irônica do Cas, o romance impossível entre ele e Anna, e o clima de suspense e de aventura que permeia todo o livro. Não posso negar que, em certos momentos, me senti aterrorizada pela narrativa – li de noite, no aconchego da minha cama, e quando bateu a vontade de beber água fiquei morrendo de medo de ir pra cozinha e me deparar com um fantasma, risos. Achei as mortes descritas bem vívidas e sangrentas, o que não deixa o livro cair na mesmice e o torna ainda mais cativante. Ainda assim, confesso que faltou algo para que a trama conquistasse meu coração. Não me senti totalmente conectada com a história, nem vi grandes motivos para amá-la. Também achei o desfecho aberto e corrido em momentos que precisavam de mais detalhes e emoção. Contudo, percebi que essa foi uma escolha da autora para nos obrigar a ler a continuação da história de Cas e Anna.
No geral, o livro traz uma fantasia divertida e com pequenos toques de terror. E mesmo que não tenha me envolvido completamente, fiquei curiosa para ver o que o próximo volume trará.
Sobre a Série
Anna Vestida de Sangue é o primeiro volume de uma duologia. Ainda não sabemos quando o segundo livro será publicado no Brasil.
Adaptação
O livro teve seus direitos adquiridos pela Fickle Fish Films e vai virar filme. Cameron Monaghan e Maddie Hasson vão interpretar Cas Lowood e Anna, respectivamente. (Fonte)
Beijos!
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