Um dos livros mais comentados de 2015, nos Estados Unidos, este é mais um sucesso arrebatador de Colleen Hoover, autora das séries Slammed e Hopeless. Sydney acabou de completar 22 anos e já fez algo inédito em sua vida: socou a cara da ex- melhor amiga. Até hoje, ela não podia reclamar da vida. Um namorado atencioso, uma melhor amiga com quem dividia o apartamento… Tudo bem, até Sydney descobrir que as duas pessoas em quem mais confiava se pegavam quando ela não estava por perto. Até que foi um soco merecido. Sydney encontra abrigo na casa de Ridge. Um músico cujo talento ela vinha admirando há um tempo. Juntos, os dois descobrem um entrosamento fora do comum para compor e uma atração que só cresce com o tempo. O problema é que Ridge tem uma namorada, e a última coisa que Sydney precisa agora é se transformar numa traidora.
Editora: Galera Record l 368 Páginas l New Adult l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Eis um fato: a Colleen Hoover é uma das minhas autoras preferidas. Suas histórias são cativantes, refletivas e emocionantes ao ponto de marcar para sempre o coração do leitor. Faz tempo que li Talvez um Dia, porém ao reler a obra todas as emoções da primeira leitura voltaram com força total: culpa, raiva, insegurança, alegria, paixão e um amor profundo pelo significado por trás dessa história. Confesso que toda vez que penso nesse livro meu coração fica dividido; uma parte de mim é inegavelmente apaixonada pela trama, enquanto a outra metade (a mais racional, por sinal) não consegue aceitar completamente um amor nascido em condições tão conflitantes. Por isso, se tem uma coisa que amo na escrita da autora é que ela não escolhe os caminhos mais fáceis – afinal, nada é simples quando o assunto é o amor real, que surge nas dificuldades e nas imperfeições da vida. Assim, mesmo que eu tenha achado a trama de Talvez um Dia imperfeita para mim e para as minhas concepções de amor, não consigo negar que o livro tem um pedacinho do meu coração.
A trama gira em torno de Ridge e Sydney. Todo dia, pontualmente às oito da noite, Sydney vai para sacada do seu apartamento com a intenção de ouvir Ridge, seu talentoso vizinho de alojamento, tocar. Em contrapartida, Ridge toca sempre no mesmo horário e na varanda de seu quarto para observar as reações que suas músicas causam em Sydney, jovem que parece amar suas melodias e criar letras para cada uma delas. Eles não se conhecem, porém é nítido que possuem uma conexão musical. Assim, precisando de ajuda para compor suas músicas, Ridge recorre a estranha da varanda da frente, e a partir disso é que eles engatam um relacionamento musical que vai abrir portas para sentimentos conflitantes e perigosos. Inicialmente, parece natural e inocente Sydney e Ridge comporem músicas juntos, mas o problema é que eles estão começando a se apaixonar: ela que acabou de sair de um relacionamento que a machucou profundamente, e ele que está – há anos – namorando com o grande amor da sua vida. Como é que algo tão errado pode parecer tão certo?
Ao mesmo tempo em que foi fácil me conectar com essa leitura (afinal, estamos falando de uma autora que faz o leitor mergulhar de cabeça em suas histórias), confesso que foi muito difícil me entregar a ela. A Colleen desafia o leitor por escrever sobre temas tabus e controversos; ela cutuca velhas feridas e nos faz repensar muitas das nossas verdades. Amo essa qualidade na escrita da autora, mas ainda assim existem coisas que não conseguimos aceitar, e eu sou do tipo de leitora que não entende quando o amor, por mais verdadeiro e palpável que seja, nasce no meio de mentiras e traições. Sydney e Ridge possuem uma relação única. É impossível não se apaixonar por eles, pelo laço sincero e verdadeiro que os une, pela amizade e companheirismo, e pelo amor que eles tentam com todas as forças omitir. Amo como eles se entendem através de um único olhar, como eles conversam por meio de cada música que compõem, e principalmente como juntos descobrem mais sobre o que realmente almejam para o futuro. Ri, torci e chorei com o amor deles, mas como aceitar algo tão bonito nascendo enquanto Ridge namora? E não é um namoro qualquer, é um namoro para a vida inteira. Aqui não temos um velho relacionamento fadado ao fracasso e um novo amor verdadeiro, mas sim dois amores dignos, reais e donos de um mesmo coração. Como conviver com essa dualidade? Com tamanha dúvida e raiva? Odiei a autora por me colocar em uma posição em que precisava entender que nem sempre as coisas são como deveriam ser, que nem sempre uma traição é completamente injustificada, e que às vezes o coração é capaz de amar o errado. Odiei porque não aceito isso, mas ainda assim quis torcer por Ridge e Sydney.
O romance em si é o que me faz querer odiar esse livro – todos esses sentimentos arrebentaram meu coração. Mas em contrapartida, não pude evitar amar loucamente todo o resto da história: a deficiência física que ao invés de limitar inspira Ridge a construir uma vida diferente, os dilemas emocionais e o amadurecimento de Sydney, os amigos que eles fazem, a personalidade de Maggie (namorada de Ridge) e seu papel tão incrível nessa trama, e principalmente cada música que Sydney e Ridge escrevem. Amo livros com conotação musical, mas aqui não temos apenas citações de uma trilha sonora, mas sim o processo de composição e escrita de músicas que falam sobre a trama: sobre as dúvidas do casal, sobre o dilema de não poderem estar juntos, sobre o amor confuso que carregam no peito, e sobre o final que escolhem trilhar. Cada uma dessas músicas me tocou e marcou, principalmente por elas refletirem tão bem tudo o que a autora quis passar com essa história (fiz um post sobre as músicas aqui, vai lá conferir que vale muito a pena).
Acho a trama cheia de altos e baixos, de dor e superação, de surpresas e reflexões. Não é fácil aceitar a proposta da autora, mas é maravilhoso mergulhar nessa leitura e acompanhar a jornada desses protagonistas. Além disso, como digno da Colleen Hoover, a obra não trata apenas do amor, ao longo da leitura nos deparamos com vários temas reais e reflexivos – alguns dos quais eu nunca tinha visto em um livro. Fazia tempo que não sentir esse frenesi gostoso de não querer que uma leitura chegue ao fim. Então, só posso dizer que não consigo nem amar e nem deixar de amar essa história tão viva e reflexiva.
Sobre a Série
Talvez um Dia é um livro único. Entretanto, a autora lançou um e-book comum epílogo narrado pela Maggie (que é maravilhoso) e um romance protagonizado pelo melhor amigo de Ridge.
Beijos!
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