Lilian Radcliffe é uma jovem viúva e está feliz com sua vida isenta de emoções. Culpa do luto que não larga? Lilian jurou fidelidade ao marido no leito de sua morte. Paralelo a isso, conhecemos Simon Thorn, homem frio e libertino, dono da maior casa de jogos de Londres. Ele está a um passo de realizar seu plano de vingança contra o culpado pelo título de assassino que recebera anos atrás. O problema é que o canalha está morto e ele terá de usar a sua viúva recatada a fim de atingir seus objetivos. De um lado, ela precisa manter sua honra intacta; de outro, ele quer seduzi-la e desmoralizá-la. No entanto, Lilian nunca se sentiu tão vulnerável e atraída por um homem. E Simon, por sua vez, demonstra reações ao lado dela das quais nunca imaginara ter. A vingança e a honra se abalam quando nasce entre ambos uma paixão incontrolável. Mas, para ficarem juntos, terão de enfrentar segredos e mágoas profundas, um castelo trancado há seis anos, palco de uma morte misteriosa e, sobretudo, encarar os fantasmas do passado que assombram suas consciências.
Editora: Novo Século l 382 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
Não é a primeira vez que digo isso, mas o fato é que os livros da Babi A. Sette sempre aquecem meu coração e o marcam permanentemente. Existe algo na escrita da autora que me faz querer fazer parte de suas histórias – e talvez seja exatamente por isso, pelo laço que crio com seus personagens, que tais livros me envolvam tanto. Não é segredo nenhum que sou apaixonada por A Promessa da Rosa; meu amor é tamanho que estava com receio de ler O Despertar do Lírio, sua continuação, e me decepcionar. – Afinal, depois de uma leitura tão arrebatadora como a autora seria capaz de se superar? Confesso que minhas expectativas foram injustas, mas que a obra não só me surpreendeu como também provou o tamanho do talento da Babi. A nova história da série Flores da Temporada talvez não seja tão dramática e emocionante quanto seu volume antecessor, mas é fato que a leitura é envolvente e pra lá de apaixonante.
A trama gira em torno de Lilian, irmã mais nova da protagonista de A Promessa da Rosa. Por causa da irmã (na realidade por causa do preconceito tolo de uma sociedade machista, mas isso é assunto para outra resenha), Lilian viu o declínio e a morte dos pais, conviveu desde a adolescência com a solidão, perdeu a oportunidade de debutar e conseguir um casamento por amor, escolheu levar uma vida correta movida pelas leis da sociedade inglesa e, como única opção para não cair em ruína, acabou presa em um casamento por conveniência e sem paixão. Mas ao contrário do que pode parecer, Lilian não reclama da vida. Claro que parte dela almeja um futuro recheado de amor, paixão e plenitude – principalmente agora que está viúva – mas, sua vida digna e respeitosa é o suficiente para mantê-la feliz. Ou pelo menos é nisso que ela finge acreditar. No outro lado dessa moeda temos Simon, um barão rejeitado pela sociedade. Após a morte suspeita de sua baronesa, a aristocracia inglesa transformou-o no barão assassino. Por anos ele lidou com a perda da mulher, dos sonhos para o futuro, e da imagem negativa que ajudou a construir – se queriam um assassino, um cruel e leviano barão, é isso que teriam. Contudo, Simon quer mais do que brincar com a sociedade, ele quer vingança. E para isso terá que seduzir a viúva mais pura e honrada da sociedade, que por acaso é nossa protagonista Lilian, e destruir seus sonhos, seu coração e, principalmente, sua reputação. Nesse jogo de vingança e sedução, Lilian e Simon vão aprender que somos incapazes de mandar no coração.
Esses protagonistas são do tipo que, por mais que tentem negar, se importam com o que as pessoas pensam sobre eles. Lilian foi criada pela mãe para ser uma dama, para não sorrir em demasia, para não falar em excesso, para andar graciosamente e para ser uma exímia esposa honrada. Para ela tudo o que importa é ser uma mulher de respeito – mesmo que isso signifique uma vida fria e solitária. Já Simon é um homem bom que se deixou corromper pela difamação. As pessoas foram tão cruéis com ele que, para se proteger, ele passou a ser cruel também. Assim, temos dois personagens lutando para manter as aparências: Lilian para seguir com sua fama de boa e recatada viúva, e Simon para manter o título de devasso e cruel. Mas sabe qual é o problema? É que eles não querem ser assim. Tanto é que tudo muda quando Simon, lindo e charmoso, aparece na vida de Lilian. Ele desperta nela sensações inebriantes, as quais a fazem abandonar o pudor e lutar por um futuro diferente. Já para Simon o que começa com a pura sede de vingança toma um rumo inesperado. Pela primeira vez alguém acredita e tem fé nele, tanta fé que o faz ter vontade de ser um homem bom, de ser o homem que Lilian vê e deseja. Simplesmente amei a relação desses dois, amei o romance que eles constroem com muita luta e perdão, e amei ainda mais como juntos eles descobrem algo importante sobre a vida: não importa o que falam a seu respeito, mas sim o que o coração grita como certo.
Amo quando os romances giram em torno da vingança, e amo ainda mais quando o personagem masculino foi marginalizado – ou punido – pelas absurdas leis da sociedade do século XIX. Adoro o cenário romântico criado pelos romances de época, mas prefiro quando eles abordam a crueldade típica da sociedade preconceituosa desse período. E o fato é que aqui temos a descrição de várias das tolas regras sociais da época: como uma viúva deve se comportar, como uma mulher digna não pode fazer isso ou aquilo, ou como um homem não pode errar (ou pelo menos não publicamente) sem ser condenado para sempre por isso. Ou seja, além de um romance lindo sobre perdão e recomeço, ainda temos um constante debate sobre o preconceito social e todas as suas consequências. Preciso mesmo dizer que amei isso? Que amei as reflexões geradas pela história, que vibrei com cada passo rumo ao perdão dado por Lilian e Simon, e que amei como juntos eles decidem lutar pela felicidade? Simplesmente perfeito; cada aspecto desse livro é maravilhosamente perfeito.
Tenho que dizer que O Despertar do Lírio é diferente do que esperava. Assim como a própria personagem da protagonista, o livro é do tipo que vai ganhando nossos corações aos poucos. A cada página, a cada capítulo, a cada desafio, vamos nos encantando com a obra e percebendo as lindas mensagens que ela traz. Assim como o título, trata-se de uma história sobre despertar: despertar para a vida, para a felicidade e, principalmente, para o amor.
Sobre a Série
O Despertar do Lírio é o segundo volume da série Flores da Temporada. Até o momento a saga promete três livros; cada um deles é narrado por personagens diferentes que possuem certo grau de parentesco.
Beijos!
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