Londres, 1960. Ao acordar em um hospital após um acidente de carro, Jennifer Stirling não consegue se lembrar de nada. De volta a casa com o marido, ela tenta, em vão, recuperar a memória de sua antiga vida. Por mais que todos à sua volta pareçam atenciosos e amáveis, Jennifer sente que alguma coisa está faltando. É então que ela descobre uma série de cartas de amor escondidas, endereçadas a ela e assinadas apenas por “B”, e percebe que não só estava vivendo um romance fora do casamento, como também parecia disposta a arriscar tudo para ficar com seu amante. Quatro décadas depois, a jornalista Ellie Haworth encontra uma dessas cartas endereçadas a Jennifer durante uma pesquisa nos arquivos do jornal em que trabalha. Obcecada pela ideia de reunir os protagonistas desse amor proibido em parte por estar ela mesma envolvida com um homem casado, Ellie começa a procurar por “B”, e nem desconfia que, ao fazer isso, talvez encontre uma solução para os problemas do próprio relacionamento. Com personagens realisticamente complexos e uma trama bem-elaborada, A Última Carta de Amor entrelaça as histórias de paixão, adultério e perda de Ellie e Jennifer. Um livro comovente e irremediavelmente romântico.
Editora: Intrínseca l 384 Páginas l Romance l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Uma das características mais marcantes da narrativa da Jojo Moyes é a abordagem de temas polêmicos. Mesmo quando a trama tende completamente ao romance, a autora nunca deixa de discorrer sobre tópicos contraditórios e reflexivos. Tanto é que em A Última Carta de Amor, uma história sobre o amor e suas representações ao longo do tempo, o leitor é incitado a refletir sobre traição, preconceito social, disparidade financeira, divórcio, independência feminina e, principalmente, sobre o papel da tecnologia no processo de transformação da verbalização do amor. Ao unir a história de amor de dois casais completamente diferentes, Jojo Moyes leva o leitor a repensar o significado do casamento, da paixão e do tipo de amor capaz de durar décadas.
A trama une duas narrativas: a de Jennifer (uma esposa troféu da década de 60) e a de Ellie (uma renomada jornalista dos tempos atuais). Ellie está passando por uma fase delicada; desde que começou a namorar um homem casado as coisas saíram do controle – afinal, tudo o que ela faz é pensar no namorado e no futuro em que finalmente poderão estar juntos sem o fantasma da esposa dele. Assim, com a cabeça no mundo da lua, Ellie vai precisar batalhar para garantir seu emprego. E é exatamente nesse momento, quando ela precisa de uma nova matéria para a revista na qual trabalha, que a carta de amor enviada à Jennifer décadas atrás caí em suas mãos. Intrigada com essa carta, Ellie começa a investigar a vida de Jennifer e buscar indícios de que ela e o grande amor de sua vida tiveram um final feliz. Desta forma, enquanto Ellie tenta descobrir mais sobre tais amantes, mergulhamos na narrativa do passado e no romance vivenciado por Jennifer. Jennifer é uma mulher bem casada, vista como esposa troféu de um dos empresários mais famosos da Londres de 1960, que se apaixona perdidamente por outro homem. Por um longo tempo essa paixão manteve-se através de cartas de amor trocadas secretamente. Porém, tudo parece ter mudado já que Jennifer sofreu um acidente, perdeu a memória, e não se lembra mais desse grande amor. Portanto, o charme da obra é que ela intercala: o passado distante, com Jennifer narrando como conheceu seu verdadeiro amor; o passado próximo, com Jennifer sem memória tentando juntar as peças do quebra-cabeça que sua vida virou; e o presente, com Ellie se esforçando para equilibrar seu caso de amor com suas descobertas sobre as cartas de Jennifer.
Quem me conhece saber que não gosto de histórias de amor que começam com traição; sinto que o sentimento perde o brilho quando inicia dessa maneira. Entretanto, em A Última Carta de Amor à talentosa Jojo Moyes foca exatamente nessa questão: – Quando uma traição, em nome do amor, realmente vale a pena? Confesso que não foi fácil aceitar essa abordagem, contudo gostei de como a autora trouxe o tema e de como ela uniu Ellie e Jennifer, duas mulheres com relacionamentos extraconjugais, e a partir da história delas nos fez refletir sobre as inúmeras facetas do amor. Ellie vê nas cartas de Jennifer a possibilidade de resolver sua própria vida; ela quer encontrar um motivo para justificar o amor que tem vivido, por isso usa as cartas de Jennifer como se elas fossem um bote salva-vidas. E eu gostei muito disso, de como a jovem vai encontrar no passado as respostas para as suas dúvidas. Além disso, adorei o amor vivenciado por Jennifer. Ela é de uma época em que as mulheres não deviam pensar ou opinar, apenas agradar seus maridos com sua companhia, alegria e beleza. Assim, quando Jennifer encontra o amor – aquele verdadeiro, tórrido e irracional – tudo muda. A partir desse sentimento Jennifer, uma mulher forte em um período de subjugação feminina, embarca em uma batalha gigante em nome do amor. E isso é lindo, emocionante e extremamente tocante. Foi por causa de Jennifer, de suas cartas e de sua determinação, que esse livro ganhou um pedacinho do meu coração.
Um dos pontos negativos da história é que a narrativa é extremamente lenta. São muitas idas e vindas, informações partilhadas pela metade, e dados que parecem não ter nexo nenhum. Tanto é que até a metade da obra não entendemos a ligação entre passado e presente e, principalmente, não sentimos o amor de que a autora tanto fala. Porém, do meio em diante a autora começa a unir alguns pontos soltos, a leitura fica mais instigante e fluída, e passamos a sentir o amor descrito, torcer por ele, e nos emocionar com as dores, perdas e com o processo de superação vivenciado por essas duas protagonistas. Foi do meio em diante que a leitura realmente me prendeu e encantou. Achei Jennifer uma personagem fortíssima, encantadora e exemplo de independência feminina. E achei Ellie, mesmo que insegura e perdida inicialmente, guerreira o suficiente para enfrentar seus medos e lutar pelo futuro. Ambas protagonistas fazem escolhas erradas, magoam pessoas ao seu redor, e escolhem amores impossíveis, mas exatamente por isso elas crescem e amadurecem como mulheres. E eu realmente adorei isso; amei esse processo de crescimento, perdão e luta.
Em linhas gerais, A Última Carta de Amor é o tipo de livro que nos conquista aos pouquinhos. Não achei esse o melhor dos livros que já li da Jojo, mas independente das comparações é impossível não terminar a leitura com a sensação de que aprendemos a amar um pouco mais.
Sorteio
Ficou curioso? Então que tal concorrer a um exemplar do livro? Para participar basta:
- Possuir endereço de entrega no Brasil;
- Preencher o seguinte formulário: a Rafflecopter giveaway
Prontinho, agora você já está participando! A promoção fica no ar até o dia 09 de Outubro e o ganhador será divulgado no dia seguinte. Lembrando que o mesmo tem até 48 horas para responder o contato de solicitação de endereço, se não, realizaremos um novo sorteio. Além disso, vale salientar que o envio do prêmio será realizado pela editora, o que significa que o mesmo pode demorar até 40 dias.
Comente via Facebook