Repetir um movimento várias e várias vezes ajuda a clarear a mente uma lição que Finley aprendeu muito cedo, nas quadras de basquete. Numa cidade comandada pela violência do tráfico e da máfia irlandesa, vestir a camisa 21 e dar o sangue em quadra é sua válvula de escape. Vinte e um também é o número da camisa de Russ, um gênio do basquete. Ou pelo menos era. Recém-chegado à cidade de Bellmont depois de ter a vida virada de cabeça para baixo por uma tragédia, a última coisa que ele quer é pegar de novo numa bola. Russ está confuso, parece negar o que lhe aconteceu e agora se autointitula um alienígena de passagem pela Terra. Finley recebe a missão de ajudá-lo a se recuperar e, para isso, precisará convencê-lo a voltar a jogar, mesmo sob o risco de perder seu lugar como estrela do time. Contra todas as probabilidades, Russ e Finley se tornam amigos e, por mais estranho que pareça, a presença de Russ poderá transformar a vida de Finley completamente. Uma emocionante história sobre esperança, amizade e redenção, com a prosa sensível e inteligente de Matthew Quick.
Editora: Intrínseca l 272 Páginas l Jovem Adulto Maduro l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Finley está prestes a começar o último ano do ensino médio e, consequentemente, sua última temporada no time de basquete da escola. Quando pensa em sua infância, Finley sempre lembra de estar jogando basquete. Para ele, ainda mais depois da tragédia que transformou sua família, o basquete é tudo o que realmente importa. Por isso, todos os anos ele e a namorada – Erin, que também ama jogar basquete e sonha conseguir uma bolsa de estudos esportiva – treinam com afinco para a temporada de basquete. E esse ano, com a pressão de conseguir bolsas universitárias, os dois estão ainda mais empenhados. O problema é que um novo garoto aparecerá na escola, um garoto que desafiará e questionará os planos de Finley, que o fará desenterrar lembranças dolorosas do passado, e que colocará sua vaga no time de basquete em risco. Esse garoto é o Garoto 21, um menino que acredita ter vindo do espaço e ter superpoderes na quadra de basquete. Aparentemente esses dois rapazes não têm nada em comum a não ser a paixão pelo basquete, contudo o passar do tempo vai mostrar que eles são mais parecidos do que pensam e que precisam um do outro – e da amizade que surge entre eles – para seguir em frente.
A trama é toda narrada por Finley e, exatamente por isso, é muito rápida e fácil de ler. O protagonista é do tipo que prefere ficar calado, que tem medo de expressar sua opinião e de abrir feridas esquecidas. O ponto é que ele está preso no próprio medo, então leva uma vida segura ao lado do pai, do avô, da namorada e dos colegas de time de basquete. Só que quando o Garoto 21 aparece em sua vida – Russ, jovem que perdeu os pais recentemente – tudo vira de pernas para o ar; o basquete não é mais o mesmo, a vida familiar mudou, a relação com Erin se transformou, e os planos antigos de Finley perderam valor. Assim, temos uma obra sobre amadurecimento, crescimento pessoal, amizade, descobertas e superação do passado. Russ e Finley, através o basquete, começam a escavar o passado, abrir e curar velhas feridas, e lutar por um novo futuro. E eu, definitivamente, amei isso. Adoro livros que focam no amadurecimento de seus protagonistas, e é perceptível o quanto Finley muda ao longo da leitura. Além disso, a personalidade introspectiva do personagem é do tipo que cativa e encanta o leitor. Sabemos que ele esconde algo, então tudo que queremos é vê-lo livre do medo e verdadeiramente feliz.
Além da personalidade do Finley e da jornada de amadurecimento protagonizada por ele, o livro também traz como ponto positivo laços fortes e reais de amizade, drama familiares que dão voz à disparidade social e financeira de nossa sociedade, e situações que nos fazem refletir sobre as consequências da criminalidade e do tráfico de drogas – aqui o autor coloca em xeque o fato de que, na grande maioria das vezes, você não precisa estar completamente envolvido com o tráfico para se tornar uma vítima dele. O único ponto negativo que consegui ver, e que acabou diminuindo minha percepção positiva da obra, foi o final. Achei o desfecho muito abrupto e insatisfatório. Claro que racionalmente entendo a proposta do autor, mas acho que Finley, Russ e Erin mereciam um desfecho um pouco mais elaborado. Ainda assim, não nego que adorei o livro, esses personagens e todas as reflexões geradas pela obra. Indico a leitura para os que gostam de histórias jovens, divertidas e com um toque de drama.
Beijos!
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