Autora número 1 da lista do New York Times retorna com uma história de amor inesquecível entre um aspirante a escritor e sua musa improvável. Fallon conhece Ben, um aspirante a escritor, bem no dia da sua mudança de Los Angeles para Nova York. A química instantânea entre os dois faz com que passem o dia inteiro juntos – a vida atribulada de Fallon se torna uma grande inspiração para o romance que Ben pretende escrever. A mudança de Fallon é inevitável, mas eles prometem se encontrar todo ano, sempre no mesmo dia. Até que Fallon começa a suspeitar que o conto de fadas do qual faz parte pode ser uma fabricação de Ben em nome do enredo perfeito. Será que o relacionamento de Ben com Fallon, e o livro que nasce dele, pode ser considerado uma história de amor mesmo se terminar em corações partidos?
Editora: Galera Record l 352 Páginas l New Adult l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
A Colleen Hoover nunca decepciona. Seus livros são na medida certa para os românticos de plantão: apaixonantes, surpreendentes, dramáticos e extremamente emocionantes. Não adianta negar, amo livros que descrevem a capacidade única que o amor tem de nos curar – talvez porque eu acredite nisso. Então é óbvio que o que mais adoro nos livros da autora é o fato deles descreverem histórias de amor caóticas, impensáveis e repletas de recomeços. Porque o amor na vida real é assim: confuso, inconstante e completamente dependente da paciência e do perdão. Confesso que Novembro, 9 não é meu livro preferido da autora, na realidade ele não entrou nem para a minha lista de queridinhos entre os escritos por ela. Contudo, isso não significa que a obra não seja emocionante, reflexiva, divertida (de uma maneira que só o primeiro o amor pode ser) e incrivelmente tocante. Mais uma vez, a autora construiu um belo romance através de temas tabus e dolorosamente reais. – Então pode preparar os lencinhos, você vai precisar deles.
Em um nove de novembro que parecia nebuloso e triste, Fallon encontra seu pai para um café da manhã. Como sempre, ele age como se os últimos anos não tivessem sido um inferno para a filha, esquecendo que por culpa dele, a jovem teve que abrir mão dos seus sonhos e do seu futuro como atriz: depois de um incêndio acidental ela perdeu tudo o que tinha. Do outro lado da cabine do restaurante, Ben escuta a conversa entre pai e filha e, inconformado com a atitude dele, resolve interferir. E é nesse momento que a vida deles muda completamente. Fazia tempo que Fallon não era defendida por alguém ou que um rapaz parecia não ligar para sua aparência (que ela creditar estar “danificada” desde o incêndio). Completamente encantada, Fallon resolve passar o dia ao lado desse charmoso estranho, aproveitando a companhia dele para esquecer tudo o que a data atual representa. As horas que passam juntos marcam tão significativamente as vidas desses jovens que, inspirados por um sentimento misterioso, Ben e Fallon assumem o compromisso de se encontrarem anualmente, durante cinco anos, em todo nove de novembro a partir desse primeiro encontro.
O contexto central da obra não é muito inovador, até porque já vimos por aí outras histórias com essa mesma premissa de encontros anuais e de um amor que vai sendo construído aos poucos. Contudo, apesar do clichê inicial, a obra traz inúmeros mistérios que quando revelados tornam a leitura devastadoramente única. E o motivo por trás disso é o que mais gostei na obra: tais encontros representam, tanto para Ben quanto para Fallon, uma chance de recomeçar. A cada novo 9 de Novembro o leitor vai percebendo o quanto os protagonistas estão quebrados e o quanto a amizade entre eles os ajuda a superar seus maiores medos. Para Fallon é doloroso, afinal ela passou anos fechada em uma bolha de culpa, raiva e autodepreciação. Mas graças ao Ben, com suas palavras carinhosas e incentivadoras, ela aprende a se amar exatamente como é. Já Ben é o tipo de personagem que irradia luz. Ele quer fazer o bem e ajudar as pessoas que ama, e toma para si a meta de mostrar para Fallon o quanto ela é especial. Mas no fundo, percebemos que ele também está quebrado e que ajudá-la, de certa forma, é um caminho para que ele próprio se ajude. E eu amei tanto isso! Amei como a dor dos personagens é presente na narrativa, amei como seus medos e inseguranças vão mudando ao longo dos anos por causa da influência positiva que cada encontro gera sobre eles, e amei o fato de que juntos eles aprendem o que é amar e o quanto esse sentimento pode ser doloroso.
Outro ponto positivo da história é o fato da narrativa durar vários anos. Confesso que, por causa da trama descrever apenas os encontros anuais do casal, senti falta de saber mais sobre a vida que Ben e Fallon construíram enquanto estavam separados. Claro que foi ótimo perceber, a cada novo encontro, o quanto eles vão amadurecendo com o passar dos anos, mas ao mesmo tempo sentia mais e mais curiosidade sobre o que eles faziam para preencher a solidão dos outros dias do ano. Ainda assim, admito que essa característica deixou a trama mais fluída, rápida de ler e extremamente misteriosa (até porque é impossível interromper a leitura até chegarmos ao aguardado último 9 de Novembro do casal). Também não posso deixar de falar o quanto a autora me surpreendeu ao falar de temas importantes como câncer, suicídio, morte precoce, pais ausentes, e principalmente sobre as sequelas deixadas – tanto as visíveis quanto as invisíveis – nas vítimas de incêndios. Gostei demais de como Fallon aprende a se olhar no espelho e a se amar, a ver o quão vitoriosa ela é.
Para mim, o único ponto negativo é o desfecho da história. Em certo momento achei o grande mistério da trama previsível e irreal demais. Após a revelação demorei para aceitar o relacionamento de Fallon e Ben, o que tornou o amor entre eles – que até então parecia único e grandioso – banal e excessivamente romantizado. Claro que essa é a parte racional do meu cérebro falando, porque a parte emocional amou a proposta de mostrar o quanto o amor é imperfeito e inconstante. Sendo assim, no geral o livro é envolvente, cativante e emocionante. Ao focar no perdão e no amadurecimento dos personagens, a autora nos faz pensar na mágica do amor que cura e renova vidas. Ainda não acho esse o melhor livro da Colleen, mas também não nego que me emocionei muito com ele.
PS. Essa resenha é o fruto de uma releitura. Já havia lido a obra antes da publicação no Brasil. Na época postei uma resenha muito semelhante a essa. Aqui está o link caso queiram ver.
Beijos!
Comente via Facebook