Uma história comovente, recheada de drama, suspense e romance. Melissa é uma garota linda, rica e mimada, que sempre consegue o que quer e tem todos na palma da mão. Ela acredita que a carreira de bailarina é a única coisa que realmente importa, porém suas certezas são abaladas quando faz uma aposta com um garoto misterioso, que parece ter como objetivo virar sua vida de cabeça para baixo. De repente, Melissa se vê dividida entre dois caminhos: realizar seu maior sonho, pelo qual batalhou a vida inteira, ou viver um grande amor. Mas, não importa aonde ela vá, todas as direções apontam para o garoto do cachecol vermelho… Com esta história intensa e apaixonante, Ana Beatriz Brandão vai emocionar e surpreender o leitor, provando que é uma jovem autora que tem muito a dizer.
Editora: Verus l 294 Páginas l Romance Contemporâneo l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4,5/5
Quando o assunto é literatura sempre evito pré-julgamentos, ou seja, faço o máximo de esforço para não julgar um livro pela capa ou pelo que dizem sobre ele. Contudo, desde que bati o olho em O Garoto do Cachecol Vermelho tive a certeza de que já havia decifrado os mistérios da trama: romance previsível com toque de new adult, uma pitadinha de drama e muito clichê. Ledo engano! Iniciei a leitura esperando que a história girasse única e exclusivamente em torno do romance, então imaginem a minha surpresa ao mergulhar em um drama repleto de dor, perdão e reflexão. Aqui a autora quebra paradigmas e fala sobre temas complexos e dolorosos. Foi tapa atrás de tapa, choro e mais choro e, apesar da dramatização excessiva, uma sensação constante de estar sendo desafiado pela história – desafiado a ser alguém melhor.
Mel é jovem, talentosa, bonita, rica, preconceituosa e extremamente irritante. Por causa da distância da mãe (que vive para o trabalho), a jovem não tem limites e acha que pode ter tudo o que deseja – muitas vezes o dinheiro em abundância traz essa sensação, não é mesmo? Suas amizades são superficiais, seu namoro é de aparências, sua rotina é esbanjar dinheiro e festar como se não houvesse amanhã, e sua única paixão verdadeira é o ballet. Mel dança desde pequena e sonha, quase desde o mesmo tempo, em conseguir uma vaga em Juilliard. Atualmente ela está trabalhando duro para conseguir uma audição e não tem tempo para mais nada… isso até Daniel aparecer em seu caminho. Dani é o oposto de Mel; carinho, sorridente, amoroso e livre de julgamentos ou preconceitos, ele simplesmente é um homem bom de coração que faz de tudo para ajudar as pessoas ao seu redor. Aonde quer que ele vá, Daniel leva seu sol particular e ilumina o rosto das pessoas. Por isso, quando é confrontado pela antipática e arrogante Melissa, ele resolve mostrar a ela que o mundo é muito maior do seu umbigo. Depois de um acordo inesperado, Melissa e Daniel vão passar vários dias juntos – e todo dia, mesmo a contragosto, ela vai aprender mais sobre si mesma e as pessoas ao seu redor. Enquanto Mel aprende a dar valor na vida e ao mesmo tempo encontra em Daniel a força para superar seus medos, mergulhamos em um romance cativante e emocionante que reserva muitas surpresas e mistérios.
Essa foi a segunda vez que me deparei com uma protagonista chata e preconceituosa – a primeira foi em Vain, um livro que amo e gostaria muito que fosse publicado por aqui. Mas o fato é que, por mais que o leitor saiba que a intenção da autora é mostrar o amadurecimento da Melissa e seu crescimento como pessoa, não é fácil lidar com sua personalidade mesquinha e fútil. Racionalmente entendi o motivo por trás de suas ações e vi nela a necessidade de ajuda, mas a jovem me irritou com suas frases preconceituosas, seus valores deturpados e principalmente seus chiliques estilo garota mimada que bate o pé e quer que o mundo se curve aos seus desejos – e o pior foi pensar que existem muitas pessoas por aí exatamente como Melissa: egoístas e arrogantes. Em contrapartida, é exatamente por termos uma protagonista real em suas falhas que o livro toca e cativa tanto o leitor. Melissa é espelho da nossa sociedade, e vê-la mudar (claro que com a ajuda de um jovem de coração bom) nos dá esperança de um dia vivermos em um mundo melhor e mais fraterno. Adorei o processo de amadurecimento vivenciado por Melissa, e adorei mais ainda o fato dela aprender sem perder a essência de quem é: uma garota decidida, meio mandona às vezes, e forte o suficiente para lutar por quem ama.
Além da jornada de amadurecimento, que por si só traz inúmeras reflexões, também encontramos no livro um forte debate sobre o preconceito racial, a discriminação de pessoas especiais e com limitações físicas, e até mesmo sobre os portadores de câncer ou ELA (esclerose lateral amiotrófica). Amei cada um desses aspectos na trama, e amei ainda mais como a autora se esforçou para mostrar aos seus leitores o quão incríveis essas pessoas são. Amo livros que falam sobre o diferente e quebram barreiras de preconceito, então foi impossível não vibrar com essa história. Também encontramos na obra: a construção de amizades verdadeiras, dramas familiares, um romance clichê e divertido (bem clichê mesmo, mas ainda assim mega fofo), um personagem masculino que aquece nossos corações e incita o melhor de nós, e um final arrebatador.
Não posso deixar de dizer o quanto me emocionei com essa história e com a jornada de crescimento da Melissa. Realmente foi muito doloroso vê-la passar por tantas provações e, ainda assim, sair disso tudo renovada e feliz. Também saliento que o livro, que pasmem foi escrito por uma jovem de dezesseis anos, é sensual sem ser sexual demais e abusa do drama. Muitas vezes desacreditei na quantidade de dor vivenciada por Melissa e Daniel – nesse ponto me lembrou os livros da Colleen Hoover, nos quais os personagens sofrem trauma atrás de trauma – contudo, mesmo que isso tenha me irritado às vezes, emocionalmente meu coração torcia enlouquecidamente por um final feliz. Trata-se de um tipo de livro para os amantes de obras emocionantes, previsíveis mas ao mesmo tempo surpreendentes, e repletas de reflexões e ensinamentos. Valeu muito a pena ler, vou carregar um tiquinho do Daniel e do seu sorriso bobo comigo por um bom tempo. E preparem os lencinhos, vocês vão precisar.
Beijos!
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