dezembro 02, 2016

[Resenha] O Garoto do Cachecol Vermelho – Ana Beatriz Brandão

O_GAROTO_DO_CACHECOL_VERMELHO_ANA_BEATRIZ_BRANDÃO_ResenhaUma história comovente, recheada de drama, suspense e romance. Melissa é uma garota linda, rica e mimada, que sempre consegue o que quer e tem todos na palma da mão. Ela acredita que a carreira de bailarina é a única coisa que realmente importa, porém suas certezas são abaladas quando faz uma aposta com um garoto misterioso, que parece ter como objetivo virar sua vida de cabeça para baixo. De repente, Melissa se vê dividida entre dois caminhos: realizar seu maior sonho, pelo qual batalhou a vida inteira, ou viver um grande amor. Mas, não importa aonde ela vá, todas as direções apontam para o garoto do cachecol vermelho… Com esta história intensa e apaixonante, Ana Beatriz Brandão vai emocionar e surpreender o leitor, provando que é uma jovem autora que tem muito a dizer.

Editora: Verus l 294 Páginas l Romance Contemporâneo l Compare & Compre: SubmarinoSaraivaAmazon l Skoob l Classificação: 4,5/5

 

Quando o assunto é literatura sempre evito pré-julgamentos, ou seja, faço o máximo de esforço para não julgar um livro pela capa ou pelo que dizem sobre ele. Contudo, desde que bati o olho em O Garoto do Cachecol Vermelho tive a certeza de que já havia decifrado os mistérios da trama: romance previsível com toque de new adult, uma pitadinha de drama e muito clichê. Ledo engano! Iniciei a leitura esperando que a história girasse única e exclusivamente em torno do romance, então imaginem a minha surpresa ao mergulhar em um drama repleto de dor, perdão e reflexão. Aqui a autora quebra paradigmas e fala sobre temas complexos e dolorosos. Foi tapa atrás de tapa, choro e mais choro e, apesar da dramatização excessiva, uma sensação constante de estar sendo desafiado pela história – desafiado a ser alguém melhor.

Mel é jovem, talentosa, bonita, rica, preconceituosa e extremamente irritante. Por causa da distância da mãe (que vive para o trabalho), a jovem não tem limites e acha que pode ter tudo o que deseja – muitas vezes o dinheiro em abundância traz essa sensação, não é mesmo? Suas amizades são superficiais, seu namoro é de aparências, sua rotina é esbanjar dinheiro e festar como se não houvesse amanhã, e sua única paixão verdadeira é o ballet. Mel dança desde pequena e sonha, quase desde o mesmo tempo, em conseguir uma vaga em Juilliard. Atualmente ela está trabalhando duro para conseguir uma audição e não tem tempo para mais nada… isso até Daniel aparecer em seu caminho. Dani é o oposto de Mel; carinho, sorridente, amoroso e livre de julgamentos ou preconceitos, ele simplesmente é um homem bom de coração que faz de tudo para ajudar as pessoas ao seu redor. Aonde quer que ele vá, Daniel leva seu sol particular e ilumina o rosto das pessoas. Por isso, quando é confrontado pela antipática e arrogante Melissa, ele resolve mostrar a ela que o mundo é muito maior do seu umbigo. Depois de um acordo inesperado, Melissa e Daniel vão passar vários dias juntos – e todo dia, mesmo a contragosto, ela vai aprender mais sobre si mesma e as pessoas ao seu redor. Enquanto Mel aprende a dar valor na vida e ao mesmo tempo encontra em Daniel a força para superar seus medos, mergulhamos em um romance cativante e emocionante que reserva muitas surpresas e mistérios.

Essa foi a segunda vez que me deparei com uma protagonista chata e preconceituosa – a primeira foi em Vain, um livro que amo e gostaria muito que fosse publicado por aqui. Mas o fato é que, por mais que o leitor saiba que a intenção da autora é mostrar o amadurecimento da Melissa e seu crescimento como pessoa, não é fácil lidar com sua personalidade mesquinha e fútil. Racionalmente entendi o motivo por trás de suas ações e vi nela a necessidade de ajuda, mas a jovem me irritou com suas frases preconceituosas, seus valores deturpados e principalmente seus chiliques estilo garota mimada que bate o pé e quer que o mundo se curve aos seus desejos – e o pior foi pensar que existem muitas pessoas por aí exatamente como Melissa: egoístas e arrogantes. Em contrapartida, é exatamente por termos uma protagonista real em suas falhas que o livro toca e cativa tanto o leitor. Melissa é espelho da nossa sociedade, e vê-la mudar (claro que com a ajuda de um jovem de coração bom) nos dá esperança de um dia vivermos em um mundo melhor e mais fraterno. Adorei o processo de amadurecimento vivenciado por Melissa, e adorei mais ainda o fato dela aprender sem perder a essência de quem é: uma garota decidida, meio mandona às vezes, e forte o suficiente para lutar por quem ama.

Além da jornada de amadurecimento, que por si só traz inúmeras reflexões, também encontramos no livro um forte debate sobre o preconceito racial, a discriminação de pessoas especiais e com limitações físicas, e até mesmo sobre os portadores de câncer ou ELA (esclerose lateral amiotrófica). Amei cada um desses aspectos na trama, e amei ainda mais como a autora se esforçou para mostrar aos seus leitores o quão incríveis essas pessoas são. Amo livros que falam sobre o diferente e quebram barreiras de preconceito, então foi impossível não vibrar com essa história. Também encontramos na obra: a construção de amizades verdadeiras, dramas familiares, um romance clichê e divertido (bem clichê mesmo, mas ainda assim mega fofo), um personagem masculino que aquece nossos corações e incita o melhor de nós, e um final arrebatador.

Não posso deixar de dizer o quanto me emocionei com essa história e com a jornada de crescimento da Melissa. Realmente foi muito doloroso vê-la passar por tantas provações e, ainda assim, sair disso tudo renovada e feliz. Também saliento que o livro, que pasmem foi escrito por uma jovem de dezesseis anos, é sensual sem ser sexual demais e abusa do drama. Muitas vezes desacreditei na quantidade de dor vivenciada por Melissa e Daniel – nesse ponto me lembrou os livros da Colleen Hoover, nos quais os personagens sofrem trauma atrás de trauma – contudo, mesmo que isso tenha me irritado às vezes, emocionalmente meu coração torcia enlouquecidamente por um final feliz. Trata-se de um tipo de livro para os amantes de obras emocionantes, previsíveis mas ao mesmo tempo surpreendentes, e repletas de reflexões e ensinamentos. Valeu muito a pena ler, vou carregar um tiquinho do Daniel e do seu sorriso bobo comigo por um bom tempo.  E preparem os lencinhos, vocês vão precisar.

Beijos!

 
 

 

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23 Comentários

  • MP Livraria
    20 abril, 2017

    Livro maravilhoso, que demonstra no seu contexto, uma vivencia real. Quantas pessoas já passaram em nossas vidas, ou na vida de quem conhecemos com atitudes de Melissa. Muitas Melissa estão em nosso redor como trabalho, conhecidos, vizinhos família e etc. A protagonista aprendeu com seus erros e na vida são poucos que conseguem aprender com seus erros. Quantos Daniel existem na vida real? Que tem tudo pra dá errado, e no entanto, mostra que mesmo diante das diversidades da vida nós podemos sim vencer as barreiras, e que não importa se somos pobre, rico, preto, branco, deficiente, síndrome de Down. O que importa, é que o amor vence tudo e une todos. Obra maravilhosa.

  • MP Livraria
    20 abril, 2017

    Livro maravilhoso, que demonstra no seu contexto, uma vivencia real. Quantas pessoas já passaram em nossas vidas, ou na vida de quem conhecemos com atitudes de Melissa. Muitas Melissa estão em nosso redor como trabalho, conhecidos, vizinhos família e etc. A protagonista aprendeu com seus erros e na vida são poucos que conseguem aprender com seus erros. Quantos Daniel existem na vida real? Que tem tudo pra dá errado, e no entanto, mostra que mesmo diante das diversidades da vida nós podemos sim vencer as barreiras, e que não importa se somos pobre, rico, preto, branco, deficiente, síndrome de Down. O que importa, é que o amor vence tudo e une todos. Obra maravilhosa.

  • Anônimo
    15 março, 2017

    Oi, li o livro depois desta resenha e realmente é surpreendente, gostei muito da história. Porem como bióloga não pude deixar de notar um furo bem ruim, o Daniel não poderia ter herdado a doença do pai devido está doença estar ligada no cromossomo X que no caso dele foi doado pela mãe, caso alguém não saiba mas os homens são denominados Xy e mulheres XX, portanto ele recebeu do pai dele o cromossomo y sendo impossível que a doença passa-se para ele, o que poderia ser verídico é a irmã dele ser portadora da doença já que ela sim recebeu um cromossomo x do pai, a única forma do Daniel desenvolver a doença seria se a mãe dele fosse portadora da doença.

  • Karolaine Thomé
    26 dezembro, 2016

    Uau! Mais uma vez uma ótima resenha <3 Não vejo a hora de ler e aprender com este livro!!! Já estou apaixonada pelo Daniel só em ler a sua resenha, imagina ao ler o livro em si rsrs E tenho certeza que vou amar ver a Mel mudar sua forma de pensar e suas atitudes mesquinhas ao deparar-se com uma pessoa simples e incrível como ele, pois acho encantador como o amor, a amizade e as provações da própria vida tornam uma pessoa melhor.
    Obrigada pela recomendação, beijos <3

  • Taís Queres
    21 dezembro, 2016

    Fiquei muito curiosa com esse livro. Melissa parece ser uma grande personagens, daquelas com quem vamos sempre nos lembrar – ainda mais por seu crescimento na trama-, como também achei incrível o fato da autora abordar temas como o preconceito, ELA e o câncer. Parece ser uma leitura e tanta! Me interessei muito, e fiquei ainda mais feliz por saber que é um livro nacional 🙂
    Beijos Pah.

  • Patricia Ferreira
    20 dezembro, 2016

    Oi Pah amei a resenha!
    A capa do livro já é maravilhosa, achando que ele era daqueles romances previsíveis famoso água com açúcar eu já me interessei (amo romance até os previsíveis rs). Agora que sei que faz a linha tapa na cara + choro + amor…simplesmente preciso!

  • Lara Cardoso
    16 dezembro, 2016

    É a primeira que leio dessa obra e só confirmou as minhas suspeitas: o livro é ótimo! Mas, vou confessar, fiquei com um belo pé atrás quanto a protagonista. Imagino que ela cresça e amadureça no decorrer, mas esses preconceitos dela são bem mesquinhos, e o fato de ela ser a narradora complica mais a situação. Espero não me irritar com ela como já me imagino me irritando hahaha.

  • Nicolas Bernardo Matos
    12 dezembro, 2016

    Nossa que história, lembra duma que li ano passado o menino gostava de tocar piano e era focado nisso depois ele conhece a menina e fica divido entre o que fazer. Sempre bom ter novos escritores nacionais e bons, ver se acho na livraria

  • sara
    12 dezembro, 2016

    isso que tu falou da personagem ser arrogante, etc. me fez lembrar da Darcy, de Presentes da Vida (Emily Griffin). por mais que eu entenda que a autora quis passar a mensagem de ~todos nós podemos mudar para melhor~ ela me irritou de um jeito tão forte, tão forte; que mesmo ela aprendendo com os erros e sendo uma pessoa melhor, eu continuei detestando ela. huauhaahha eu n consigo.
    eu me interessei por esse livro. principalmente pelo fato de que tu falou que te surpreendeu. eu, pela capa/título talvez iria passar longe (por mais que seja uma fofura essa capa *u*), mas pela tua resenha fiquei interessada pela história.
    beijucas

  • Leticia Golz
    08 dezembro, 2016

    Oi, Pah
    Confesso que também julguei esse livro pela capa, mas diferente de você ainda não li para me surpreender com a história.
    Protagonistas mimadas sempre me desagradam, mas parece que isso que tornou o livro ótimo, por seu amadurecimento. Nunca imaginei que esse livro pudesse ser assim tão emocionante como descreveu. Fiquei ainda mais curiosa, Pah, ótima dica.

  • Adriana Holanda Tavares
    08 dezembro, 2016

    adorei a resenha! É a primeira que leio dessa obra e só confirmou as minhas suspeitas: o livro é ótimo! Mas, vou confessar, fiquei com um belo pé atrás quanto a protagonista. Imagino que ela cresça e amadureça no decorrer, mas esses preconceitos dela são bem mesquinhos, e o fato de ela ser a narradora complica mais a situação. Espero não me irritar com ela como já me imagino me irritando hahaha.

  • Maria Fernanda Medeiros
    06 dezembro, 2016

    Não sei se esse romance me convenceu muito. Parece fofo, mas sei lá… tô meio cansada dessas protagonistas que começam o livro fúteis :/

  • Eduarda Rozemberg
    06 dezembro, 2016

    Tento não fazer um pré-julgamento dos livros também, mas é quase impossível não acontecer. Aliás, realmente, pela capa parece mesmo o que você disse. No entanto, que ótimo que você se surpreendeu com a leitura. Gosto muito quando os personagens passam por uma jornada de amadurecimento, dá um ar de realidade.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/
    Participe dos SORTEIOS de Natal que estão rolando lá no blog!

  • Márcia Saltão
    05 dezembro, 2016

    Olá!
    Parabéns pela resenha, sempre muito bem elaborada!
    Esse livro está na minha lista de desejados já faz um tempinho e espero ler em breve.
    Estou bem curiosa para conhecer os personagens! E já estou preparando os lencinhos.
    Beijos.

  • suzana cariri
    05 dezembro, 2016

    Oi!
    Adorei a capa desse livro que logo me conquistou, e achei a historia interessante, com certeza lendo a sinopse também achei que logo conhecia a historia, mas lendo a resenha deu para ver que é o tipo de livro que no surpreendeu, se tiver oportunidade quero muito ler esse livro !!

  • Lara Melo
    05 dezembro, 2016

    Olá! Adorei a resenha, você escreve muito bem! A capa do livro já tinha me interessado, mas a história nem tanto assim… Suas palavras me convenceram a dar uma chance para ele!

    https://whoisllara.blogspot.com.br/

  • Izabela Fernandes
    04 dezembro, 2016

    Paola, tudo bem?
    Adorei a resenha, menina! E é tão bom nós vermos autoras nacionais destruindo nossos corações hahahaha
    Coloquei o livro na listinha, apesar de já ter ficado com o pé atrás por conta de Melissa. É duro ter de aguentar as protagonistas fúteis, ainda mais quando a narração é em primeira pessoa e nossa própria personalidade entra em conflito com a cabeça na qual estamos no momento.

    Beijos, Iza
    http://livrosontemhojeesempre.blogspot.com.br/

  • Priscila Tavares
    04 dezembro, 2016

    Oi Paola, sei bem como é ter preconceito com um livro quando logo de cara imaginamos saber o final da história, eu tive essa impressão quando li a sinopse e espero estar enganada quanto a isso assim como você descobriu estar. Gosto de livros que abordem os temas de preconceito racial e em relação as pessoas que precisam de cuidados especiais. A leitura nos enriquece e é por meio dela que aprendemos a refletir sobre certos assuntos.
    Espero gostar do livro.
    Beijos
    Quanto Mais Livros Melhor

  • Theresa Cavalcanti
    04 dezembro, 2016

    Já tinha visto esse livro, mas não sabia sobre o que se tratava. Fiquei com vontade de ler!

  • Bruna Lago
    03 dezembro, 2016

    Oi Pah, realmente acontece dessas de julgarmos os livros, seja pra bom ou ruim, e, as vezes, não é o que esperamos.
    Eu já tô vendo muitas resenhas desse livro e todos se encantam com esse romance. Percebo que vai muito além de um clichê, mas ensinamentos que ficam com a gente após o término da leitura.
    Acho lindo o que ele vem trazer pra nós e tenho muita vontade de ler.
    Beijos

  • Anna Mendes
    03 dezembro, 2016

    Oi Paola! Adorei a resenha!
    Eu amei a capa deste livro! Gostei bastante da sinopse também. Acho que nunca li um livro com uma protagonista mimada e egoísta. Achei muito bacana a autora ter tratado do amadurecimento da personagem, mas sem retirar traços da sua personalidade. Parece ser uma leitura envolvente e emocionante. Fiquei muito curiosa para lê-lo 🙂
    Bjos!

  • RUDYNALVA
    03 dezembro, 2016

    Pah!
    Fui lendo sua resenha e achando mesmo que era uma dos livros da Collen…kkkkk
    Nossa! Fiquei até com pena da Melissa, muito sofrimento…mas, mesmo assim, nada justifica ela ser antipática, né?
    Fico feliz em saber que ela amadurece durante o livro.
    “Que os sinos natalícios anunciem as boas novas e te tragam um natal abençoado. Boas Festas!”
    (Priscilla Rodighiero)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de DEZEMBRO ESPECIAL livros + BRINDES e 4 ganhadores, participem!

  • Gislaine Motti
    02 dezembro, 2016

    Eu não sabia do que se tratava o livro, mas o título sempre chamou minha atenção! Não sei se faz o meu estilo, mas eu certamente daria uma chance.
    Gislaine | Paraíso da Leitura