Isabel Townsend não é exatamente o que se espera da filha de um conde. Apesar de ter a pele delicada e de saber se portar como uma dama quando necessário, a jovem também monta a cavalo, conserta telhados, administra a propriedade e cria o irmão caçula desde que a mãe faleceu – tudo isso sem despertar a menor suspeita de que não há um homem sequer para cuidar de sua família.Para o pai dela, que só queria se divertir e gastar dinheiro em jogatinas, pouco importava o que ela fizesse. Porém, quando ele morre, Isabel se vê sem recursos e precisa defender os direitos do irmão, ameaçados pela chegada iminente de um tutor. Assim, não lhe resta saída senão vender sua coleção de estátuas de mármore, o único bem que herdou. Para sorte sua, um especialista em antiguidades acaba de chegar ao condado. Inteligente e sensual, lorde Nicholas St. John é um solteiro convicto que deixou Londres para se livrar das jovens que passaram a persegui-lo desde que foi eleito um dos melhores partidos da cidade.Em poucos dias, fica claro para Nick que Isabel é a mulher mais obstinada e misteriosa – além da mais interessante – que já cruzou seu caminho. Ao mesmo tempo, ao conhecê-lo melhor, a independente Isabel percebe que há homens em que vale a pena confiar. Enquanto eles põem de lado suas antigas convicções, seus corações se abrem para dar uma chance ao amor.
Editora: Arqueiro l 352 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Eis um fato: a Sarah MacLean nunca me decepciona. Mesmo que inicialmente suas histórias pareçam clichês ou excessivamente romantizadas, me conforta saber que sempre encontrarei nelas protagonistas femininas que fogem dos padrões – sejam os impostos pela sociedade inglesa do século XIX ou até mesmo aqueles que vemos na literatura atual. Comumente encontramos protagonistas extremamente inseguras ou devastadoramente independentes. E eu amo o fato da Sarah fugir desse estereótipo e criar personagens com as quais posso me identificar; mulheres que carregam suas cotas de insegurança, mas que nem por isso deixam de correr atrás dos seus sonhos. Tanto é que em Dez formas de fazer um coração se derreter, apesar do romance divertido e cativante, o foco está na jornada de uma mulher que luta para salvar outras jovens da ruína, acolhendo aquelas que foram repudiadas pela sociedade por terem confiado no homem errado. Assim, misturando romance, bom-humor e superação, Sarah McLean criou uma história atual e sincera sobre empoderamento feminino.
Isabel é filha de um conde, mais precisamente do Conde Perdulário. Como um bom apostador, ele já perdeu bens, riqueza, a dignidade que lhe restava, e até mesmo o respeito da filha. A ausência e o descaso do pai, fizeram de Isabel uma jovem independente e determinada a lutar contra os padrões sociais que permitem que os homens façam tudo que lhes vem à mente sem medir as consequências de seus atos – como, por exemplo, um conde que abandona a família e que gasta todo o dinheiro que deveria prover o sustento de seu lar. E é exatamente por isso que anos atrás ela resolveu abrigar em casa mulheres que precisavam de ajuda: que sofreram abusos dos maridos, que foram abandonadas pelos pais, que engravidaram e precisaram fugir, ou que simplesmente foram renegadas do convívio social. Juntas, essas mulheres dividem as funções da casa e levam uma vida simples, corrida e calma. Porém, o dinheiro está cada vez mais escasso e na intenção de manter seu lar e o sustento dessas jovens mulheres, Isabel terá que tomar uma decisão drástica e vender sua antiga coleção de estátuas gregas – as quais ela ama com todo seu coração. Para acelerar a venda Isabel recorrerá ao melhor avaliador de peças históricas, o Lorde Nicholas, um dos solteiros mais cobiçados de Londres. Depois de ter seu nome listado como um bom partido e ser seguido por todo canto por mães casamenteiras, Nicholas aceita de bom grado o desafio de ficar no interior e ajudar Isabel a vender sua bela coleção. Contudo, a cada dia que passa ao lado desta jovem ele descobre mais sobre os segredos que ela esconde e, sem querer, acaba tomando para si a causa de provar que nem todos os homens são ruins e irresponsáveis. No fundo, ele quer conquistar a confiança dessa mulher e, quem sabe, até mesmo seu coração.
O que mais gostei na leitura, sem dúvida, foi da causa por trás das escolhas de Isabel. Ela criou um lar para mulheres desamparadas e, mesmo sem o dinheiro necessário para tal empreitada, nunca mediu esforços para ajudá-las. Amo livros de época que focam no romance, contudo amo ainda mais quando essas histórias nos mostram parte da dureza desse período histórico: a pobreza, a guerra, o preconceito e a altíssima disparidade social e, principalmente, a subjugação feminina. Isabel é o tipo de personagem que já sofreu por ser mulher. Mesmo detendo título e status social, a jovem cresceu sob os caprichos de um pai que gastava mais do que tinha, que não ligava para a família, e que vivia apostando a filha em casas de jogos. Por isso, ela pega para si a tarefa de ajudar outras mulheres – com título ou não – que sofrem da mesma forma. E é óbvio que eu amei isso. Amei ver a força de Isabel e seu coração entregue e bondoso, amei ver o lar que ela construiu com ajuda das mulheres que salvou, e amei ainda mais o fato dessas jovens representarem muito bem o que somos: determinadas, resistentes e independentes. Aqui, quando a sociedade grita ou diz que não aceita uma mulher, elas se unem e constroem um novo futuro.
Além da mensagem por trás do livro e da força de Isabel, também adorei o romance. O enlace entre Isabel e Nicholas é bem previsível e clichê, contudo é simplesmente impossível não se apaixonar por esse casal e pela maneira que eles cuidam – mesmo sem querer – um do outro. Fora que, assim como todos os livros da Sarah, o romance é carregado de bom-humor e sensualidade, o que deixa a trama ainda mais cativante e gostosa de ler. Confesso que não achei esse o casal mais arrebatador ou carismático entre os criados pela autora, mas não nego que a história de Isabel e Nicholas me divertiu, emocionou, e ganhou um pedacinho do meu coração. Indico o livro, a série, e todos os romances escritos por essa talentosíssima autora.
Sobre a Série
Dez formas de fazer um coração se derreter é o segundo volume da trilogia Os Números do amor. Cada livro é protagonizado por um casal diferente, entretanto é importante lê-los na ordem de publicação (pois os casais estão interligados).
Beijos!
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