Nimona é uma metamorfa sem limites nem papas na língua, cujo maior sonho é ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro, o maior vilão que já existiu. Mas ela não sabia que seu herói possuía escrúpulos. Menos ainda uma deliberada missão. Até conhecer Nimona, Ballister fazia planos que jamais davam certo. Felizmente, a garota tem muitas sugestões para reverter esse quadro. Infelizmente, a maioria envolve explosões, sangue e mortes. Agora, Coração-Negro não só tem que enfrentar seu arqui-inimigo e ex-amigo, o célebre e heroico Sir Ambrosius Ouropelvis, mas também impedir que a fiel comparsa destrua todo o reino ao tentar ajudá-lo. Uma história subversiva e irreverente que mistura magia, ciência, ação e muito humor sobre camadas e mais camadas de reflexão – entre uma batalha e outra, é claro.
Editora: Intrínseca l 272 Páginas l Fantasia l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Minha relação com Nimona foi completamente platônica: desde a primeira vez que vi o livro, muito antes dele ser publicado no Brasil, apaixonei-me pela proposta da autora e por seu traço belo e cativante. A obra conta com aventura, suspense, emoção, bom-humor (do tipo ácido e com pitadas de ironia) e dois protagonistas que fogem dos estereótipos trabalhados na maioria dos livros de fantasia medieval. Aqui, ao invés da típica batalha de bem versus mal, encontramos dois vilões assumindo a árdua tarefa de salvar o mundo. Eles são malvados, matam, mentem e não se importam com ninguém, mas ainda assim terão que lutar por um reino justo e digno de respeito. O que significa que, além de fantasia e aventura, encontramos na leitura importantes reflexões sobre preconceito social e pré-julgamentos. E é óbvio que isso só me fez amar ainda mais esse livro que, de forma divertida e despretensiosa, nos mostra que as boas ações surgem dos corações mais humildes e sábios – e não dos mais belos como nossa sociedade teima em pregar.
Nimona é uma metamorfa completamente apaixonada pelo trabalho do vilão Ballister Coração-Negro. Lorde Ballister é conhecido como um homem inteligente e manipulador, por isso tudo o que Nimona quer é a oportunidade de trabalhar ao lado dele – e é exatamente por esse motivo que ela vai importuná-lo até que o coitado a aceite como comparsa. Só que o problema é que esse emprego dos sonhos vai ser bem diferente do que Nimona imaginou. Apesar do codinome coração-nego, Ballister é um homem justo que não gosta de causar caos e mortes desnecessárias. No fundo, tudo o que ele realmente quer é se vingar das pessoas que o rejeitaram e mutilaram (ele perdeu a mão injustamente na época em que trabalhava para o reino) e, de quebra, provar que os poderosos que governam o reino é que são os verdadeiros vilões. Claro que Nimona não ficou nenhum pouco feliz com essas descobertas. Ansiando por destruição e sangue, a jovem metamorfa encontrará em Ballister uma vida pacata e justa. E graças a esse exemplo, descobrirá o que realmente significa ser o mocinho, e não o vilão, de sua própria história.
Sem dúvida o que mais gostei na leitura é a reflexão que ela traz. Claro que é clichê dizer que quem vê cara não vê coração, mas por mais óbvio que essa frase seja o fato é que ainda nos deixamos levar por julgamentos embasados apenas na aparência ou na popularidade de alguém. E, por mais que a história de Nimona contenha muita aventura e fantasia, sua essência está na abordagem dos verdadeiros conceitos de bem e mal. Amei o fato da autora ter criado vilões e mocinhos às avessas, principalmente porque é através desses termos que ela incita o leitor a refletir sobre seus pré-julgamentos. Além disso, também amei como seus protagonistas fogem dos padrões. Nimona e Ballister são reais e imperfeitos e, assim como nós, também mentem, erram e fazem escolhas ruins. Contudo, isso não significa que eles não possuam um coração bondoso e fraterno. Tanto é que, confesso, me apaixonei perdidamente por Ballister. Ele é amoroso, forte e cuida de Nimona como se ele fosse uma filha. Fiquei encantada pelo carinho que ele demonstra e por quanto tenta salvá-la. Já Nimona é uma vilã perfeita que foi magoada pelo passado, mas que ao lado de Ballister começa a descobrir novos caminhos. Resumindo: é simplesmente impossível não amar essa dupla.
Nimona carrega uma pitada de tudo o que mais importa nesse estilo literário: narrativa rápida e cativante, personagens envolventes e divertidos, uma pitadinha de emoção e reflexão, e um final digno mas que deixa pontas soltas para uma possível – e esperada! – continuação. Amei os desenhos, amei Nimona e Ballister, amei o fato da amizade ser o centro da história, e amei ainda mais as reflexões geradas pela leitura. Vale a pena dar uma chance, ainda mais se você gosta de livros rápidos e divertidos.
Beijos!
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