Vingança, violência, sexo e amor. O que pode acontecer quando você junta dinheiro, poder e uma enorme sede de vingança? Obviamente nada de bom. André é um milionário obcecado por fazer justiça pelas próprias mãos. Um dia, encontra aquela que será a vítima de seu plano maquiavélico. Como um jogador de xadrez, ele cria estratégias para enlouquecê-la. Para isso, passa a seguir, hora agradando e hora apavorando, 7 colegas de trabalho e, assim, desvia a atenção de quem é o seu verdadeiro foco. Porém, quando as peças são seres humanos, nem sempre elas obedecerão aos comandos do jogador e ele pode perder o controle do jogo.
Editora: Lumen Juris l 300 Páginas l Suspense • Romance Dark l Compare & Compre: Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Se precisasse definir Obsessão em uma palavra, com certeza, usaria loucura. Fazia tempo que não lia algo tão controverso e digno das inconstâncias da mente humana. Com uma narrativa cruel e real, Mônica Ribeiro apresenta ao leitor personagens corrompidos pela ganância, cheios de falhas de caráter, e repletos de segredos e desejos obscuros. Além disso, somos incitados a mergulhar em um jogo de xadrez dominado pela vingança. Dos dois lados desse tabuleiro vemos os oponentes encurralados por seus sentimentos – hora de dor, indignação e asco, hora de paixão e sedução. E o ponto é que, independente do resultado da partida, ninguém sairá vencedor.
André quer vingança. Por isso, inicia um jogo de perseguição com sete professoras (e/ou funcionárias) da Universidade Federal de Uberlândia: Hanna, Veridiana, Elaine, Pérola, Aline, Rita e Liliane. Na intenção de enganá-las, André brinca com os nervos dessas mulheres – em alguns momentos enviando presentes caríssimos, em outros preparando emboscadas, ameaças e perseguições. Enquanto umas desfrutam dos presentes, outras questionam as motivações desse admirador secreto. Contudo, o que elas custam a entender é que estão nas mãos de um homem perturbado pelo passado. Uma delas é o alvo do magnata. Ele quer vê-la sofrer, chorar e ficar completamente impotente – exatamente como, anos atrás, ela o deixou. Outra é uma espiã pronta para jogar ao lado desse estranho manipulador. E as cinco restantes são peões que ele controlará, mesmo contra a vontade delas. Todas sofrerão, mas apenas uma entre elas acabará presa em um quarto escuro à mercê dos caprichos e acessos de raiva desse agressor.
O mais impressionante do livro é que ele traz uma narrativa que brinca com a mente do leitor: várias pistas são inseridas ao longo dos capítulos, todas na intenção de confundir o leitor tanto sobre quem é o verdadeiro alvo do André, quanto sobre o papel – sincero ou não – que as outras mulheres desempenham nessa história. E mesmo quando a principal charada é revelada e entendemos quem está na mira de André, muitas outras perguntas ficam girando na mente do leitor: – O que ela fez para ele? O que o futuro reserva para essa pobre mulher? E, principalmente, até onde André será capaz de ir em nome da vingança? Gostei do jogo de cão e gato que a autora criou. Todos os segredos que a trama carrega, e as teorias mirabolantes que o leitor cria para desvendar tais mistérios, fazem a leitura ser frenética. Sem brincadeira, devorei as trezentas páginas em questão de horas, obviamente na intenção de descobrir os verdadeiros planos de André.
Além disso, achei bacana o fato da relação entre as sete protagonistas ir se aprofundando conforme elas percebem o risco que correm – aqui, apesar das diferenças e dos defeitos, elas se unem para lutar por suas vidas. Também adorei que a narrativa tem a voz ativa (daquele tipo que fala diretamente com o leitor) de alguém que trabalha na Universidade e observa todos os fatos em primeira mão. Maria é a faxineira, considerada por muitos uma Maria ninguém, que vê e escuta tudo e que, aproveitando sua língua afiada que não gosta de fazer fofocas, vive dando pitaco na história. Contudo, o grande chamariz da obra está no passado que une André e sua vítima. E não apenas porque queremos descobrir o segredo que esses personagens carregam, mas sim porque o presente que constroem juntos confunde e brinca com a mente do leitor: rapto, prisão em cárcere privado, abuso sexual, violência e, inexplicavelmente, paixão. André e seu objeto de vingança mergulharam em uma relação que assusta, afinal ele ofende e espanca essa mulher, mas ao invés de dor e medo, ele incita nela um sentimento abusivo de ciúme e dependência. Tudo o que André quer é acabar emocionalmente com sua vítima e, em dúvida, é o que ele consegue: uma mulher que apanha, chora, grita e luta contra a dor, mas que no fundo anseia por mais.
O livro traz assuntos muito complexos: vingança, Síndrome de Estocolmo (apesar de ele entrar na trama como um assunto hipotético) , dependência, abuso sexual e emocional, suicídio… E, apesar de dar asco e confundir constantemente o leitor, a obra tem um desfecho que faz tudo vale a pena. Não suporto livros com relacionamentos abusivos, então foi muito difícil engolir as atitudes de André e a passividade de sua vítima, porém o desfecho da história mostrou que a autora, ao contrário de muitas outras que vejo por aí, não optou pelo caminho mais fácil. Aqui, não temos romantização dos fatos ou banalização dos sofrimentos descritos – as cenas de abuso são dolorosas, porque sofremos ao lado da protagonista ao mesmo tempo em que queremos estapeá-la por torna-se emocionalmente ligada ao seu agressor. Fora que tudo no livro é incerto e doentio demais; apenas na última página conseguimos nos sentir aliviados pelas escolhas da personagem principal.
Portanto, eis um livro complexo, instigante, doloroso de ler em alguns momentos, e que mostra as falhas da mente humana; ao decorrer da história percebemos que o homem é capaz de tudo em nome de sentimentos que ele nem ao menos sabe descrever – e isso dói, ainda mais quando não sabemos o que as últimas páginas do livro carregam. Vale a pena dar uma chance para quem gosta de livros que fogem do comum tanto em narrativa quanto em assunto.
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