Peter e sua raposa são inseparáveis desde que ele a resgatou, órfã, ainda filhote. Um dia, o inimaginável acontece: o pai do menino vai servir na guerra, e o obriga a devolver Pax à natureza. Ao chegar à distante casa do avô, onde passará a morar, Peter reconhece que não está onde deveria: seu verdadeiro lugar é ao lado de Pax. Movido por amor, lealdade e culpa, ele parte em uma jornada solitária de quase quinhentos quilômetros para reencontrar sua raposa, apesar da guerra que se aproxima. Enquanto isso, mesmo sem desistir de esperar por seu menino, Pax embarca em suas próprias aventuras e descobertas. Alternando perspectivas para mostrar os caminhos paralelos dos dois personagens centrais, Pax expõe o desenvolvimento do menino em sua tentativa de enfrentar a ferocidade herdada pelo pai, enquanto a raposa, domesticada, segue o caminho contrário, de explorar sua natureza selvagem. Um romance atemporal e para todas as idades, que aborda relações familiares, a relação do homem com o ambiente e os perigos que carregamos dentro de nós mesmos. Pax emociona o leitor desde a primeira página. Um mundo repleto de sentimentos em que natureza e humanidade se encontram numa história que celebra a lealdade e o amor.
Editora: Intrínseca l 288 Páginas l Juvenil • Drama l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Pax é o tipo de leitura que encanta, ensina e emociona. Nunca imaginei que iria amar um livro narrado – mesmo que parcialmente – por uma raposa, mas assim como todas as histórias com animais fofos e amorosos, acabei apaixonada por Pax e por sua história sobre confiança e amor sem medida. A trama traz uma narrativa direta e fluida que, sob o olhar de um garotinho e de sua raposa de estimação, descrevem as complicações da vida adulta com uma delicadeza que acerta em cheio o coração do leitor. Ao falar sobre amizade, relações familiares, recomeços e as dolorosas consequências deixadas pela guerra, Sara Pennypacker criou uma história única e extremamente especial.
Uma nova guerra começou e, por causa dos perigos e do novo trabalho do pai, Peter precisará de um novo lar. Seu convívio com o pai nunca foi o dos melhores, mas Peter sente a dor de perdê-lo para a guerra enquanto vai morar com o avô. E o pior de tudo não é a mudança de casa, mas sim o abandono. Ao que parece todos os homens da família são fechados e não suportam gastar tempo com bobagens sentimentais, por isso o garotinho precisou deixar para trás uma parte do seu coração: Pax, sua raposa, seu melhor amigo desde a morte da mãe. Desolado com a separação, Peter decide voltar para a casa antiga – um local que já está sendo dominado pela guerra – em busca do seu melhor amigo. Enquanto isso, Pax – uma raposa que nunca viveu na natureza – segue seu caminho sentindo saudades do melhor amigo, dor por ter sido deixado e, principalmente, medo de precisar encontrar um novo e solitário lar. E pergunta principal é: será que esses dois amigos conseguirão se reencontrar?
“Os corvos encolheram os ombros, eriçaram as penas, sacudiram e baixaram o bico. A agitação deles deixou Pax com os nervos à flor da pele. Tumulto. Prestou mais atenção, e o que sentiu o alarmou. Tentou descrever: ar engasgado de morte. Fogo e fumaça. Sangue em um rio, a água correndo vermelha, a terra encharcada de sangue. Caos. Está tudo se desfazendo. As fibras das árvores, as nuvens, até o ar está se desfazendo. Sim. Guerra. Onde?”
A narrativa é intercalada entre Peter e Pax. Assim, conseguimos acompanhar a vida dos dois e a esperança que os guia a um possível reencontro. Peter é um garoto corajoso e muito amoroso. Foi incrível ver os sacrifícios que ele faz em nome da amizade, mas foi ainda mais bonito ver que durante sua jornada ele encontra pessoas dispostas a ajudá-lo. Tanto é que no meio do caminho ele descobre uma mulher marcada pela guerra e, mesmo sem querer, ela assume um papel muito importante na história, mostrando o outro lado da guerra, o lado que separa famílias, que mata jovens inocentes, que rouba a fé e a esperança, e que deixa sequelas mentais e físicas para ao resto da vida. Aqui, entre adulto e criança, conseguimos sentir a guerra de uma maneira cruel e dolorosa; e eu amei isso, amei esses personagens e o laço que surge entre eles, e amei ainda mais o fato das páginas serem carregadas de sentimento e de reflexão. Em contra partida a narrativa de Pax consegue ser ainda mais emocionante. Imagine você: abandonado por seu melhor amigo em um lugar desconhecido, com fome, medo, e rodeado de perigos – como coiotes e homens maldosos. Seria assustador, não é mesmo? Essa raposinha está perdida e solitária, mas logo encontra semelhantes que ajudam na compreensão do que é a guerra e porque ela separou Pax do seu garoto. E isso é tão lindo! Ver esses animais mostrando que são os homens, através da ganância por poder, que complicam e destroem vidas. Além disso, novas amizades são construídas ao longo dessa jornada, mostrando também como podemos ser solidários e fraternos.
“Foi quando percebi: embora ele fosse homem, embora fosse branco, embora fosse de outro país, talvez tivéssemos muitas coisas em comum. Coisas importantes, mais importantes que o Exército que nos convocou. Dois, mas não dois.”
Além de trazer uma bela jornada de reencontro e falar sobre temas complexos como a guerra, o livro também traz belíssimas lições de amadurecimento, perdão e recomeço. E tudo isso com uma narrativa leve e envolvente. De fato, o que me surpreendeu mais nessa leitura foi a delicadeza das palavras usadas e o sentimento por trás de cada uma delas. Trata-se de uma história que você pode ler com o seu filho e que também pode dar de presente para homens e mulheres de qualquer idade. Trata-se de uma história real, emocionante e que traz uma amizade que supera as barreiras e as imposições da guerra. Amei, muito. Impossível não essa história tão bela e marcante.
Beijos!
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