A Internet é realmente um dos maiores veículos de comunicação já criados na atualidade. Nela podemos ser o que queremos, fugindo assim do mundo real, criando um mundo paralelo, onde figuramos de anjos a demônios, podendo até alimentar o ódio de não ser aceito pela sociedade no mundo real. Assim começa a elaboração de uma teia nociva, permissiva e a falsa impressão de se conseguir tudo o que se quer, pela lei do menor esforço. Pessoas emocionalmente vulneráveis, de alma fraca, que transitam do mundo real ao virtual, na busca das soluções para seus problemas ou do sucesso pessoal, como, por exemplo, ser bem sucedida, como a invejada prima, sem nenhum esforço, acabar com a depressão, por ser um astro de rock e não saber lidar com o sucesso e a fama, ou alcançar a felicidade, estabilidade financeira e ser aceito como homossexual, no seio de uma família com valores que não aceitam esse comportamento, ou até mesmo, indo mais além, aos olhos da crença de uma ex –atleta, a palavra de Deus é distorcida e usada para se libertar e “libertar” a alma do seu marido, onde, na verdade só há o desejo de vingança. Afinal, a indução ao ódio é possível? Devemos ou não libertar os nossos demônios? Tudo é possível, quando se deixa cair e se prender a uma TEIA VIRTUAL doentia criada por um ser humano com uma inteligência fora do comum, mas renegado pela sociedade.
Editora: Literata l 260 páginas l Compre aqui: Amazon l Classificação: 3,5/5
Como um bom livro do gênero policial, Teia Virtual é repleto de ação. A narrativa simples e direta do autor foi capaz de descrever de forma concisa um cenário comum e atual, voltado especificamente para o mundo virtual e a influência negativa que ele pode exercer sobre as pessoas.
Sob esse contexto, a história nos apresenta a Alexandre, um promotor da área criminal, que por motivos pessoais e também profissionais, aprendeu a trabalhar com o lado concreto e objetivo dos fatos, elemento que para ele, garante seus bons resultados como promotor de acusação. Contudo, nos últimos casos de homicídio em que ele está trabalhando, todos os acusados alegaram sofrer a influência de um amigo virtual, alguém que os induziu ao crime. Esse fato faz com que Alexandre se questione sobre até que ponto as provas concretas podem definir ou não, os verdadeiros culpados de um crime, mas, não é prova suficiente para que ele acredite que essas pessoas não são culpadas, afinal, elas mataram a sangue frio, amigos, parentes e conhecidos, verdadeiramente motivados pela ganância ou pela inveja.
O ponto de vista de Alexandre começa a mudar quando, ao lado de sua colega advogada Beth e da jornalista Helena, sua ex-namorada, ele se torna parte ativa de uma teia de acontecimentos irreais, em que o mundo virtual se faz presente na realidade física, incentivando os três a se unirem em busca de alguém que não deixa pistas suficientes para garantir que é real. Inicia-se então, uma caçada policial, um jogo de dicas que torna a narrativa rápida, capaz de incitar nossa mente a trabalhar no ritmo estipulado pelo autor.
O gostoso do livro é que ele não se limita ao enredo policial, de forma que lemos também, pitadas de romance, drama e comédia, tudo ao mergulharmos na vida de Alexandre, um homem que sofre com sua solidão e com as feridas não curadas se seu coração, mas que se acha forte o suficiente para viver como se essas mágoas não existissem. Os relacionamentos conturbados de Alexandre (tanto amorosos, quanto familiares), se unem a sua busca profissional e quando ele menos espera, percebe que a pessoa que procura está bem mais próxima do que ele poderia imaginar.
O que mais gostei do livro foi a mensagem embutida na história. O advento da internet gerou evolução, mas também, fez com que as pessoas se distanciassem umas das outras, afinal, desde que as redes sociais se tornaram populares, quantas pessoas se limitam a falar com seus amigos apenas virtualmente, esquecendo da importância de um telefonema, ou até mesmo, de um abraço? Com destreza, o autor salienta a importância do afeto, da amizade, do amor, da família, escrevendo sobre como a internet pode colaborar de forma negativa para que as pessoas se esqueçam da importância desses sentimentos.
“O Mundo real é o mundo do toque, do cheiro, do andar de mãos dadas pela praia ou de chegar em casa, se reunir na sala de estar e conversar com a nossa família sobre como foi o dia. São valores que a humanidade está perdendo, ficando vidradas em uma TV, sonhando com histórias surreais, perdendo tempo com reality show ou plantada de frente a um monitor de um computador, esquecendo de sua própria vida e história”
Ao contrário da impressão que tive ao ler algumas resenhas desse livro, a história é ótima. O enredo foi muito bem elaborado, e a meu ver, daria um bom filme. Entretanto, existem elementos relacionados com a formatação do texto que prejudicam o fluxo da leitura. O principal deles é a falta de separação entre um narrador e outro, como no decorrer da história personagens diferentes narram os acontecimentos, deveria existir uma forma de separar o momento em que a narração de um determinado personagem termina, e consequentemente, a de outro se inicia. A falta dessa identificação do sujeito principal me confundiu em diversos pontos, pois frequentemente precisava retomar a leitura para compreender sob a ótica de qual personagem a história estava sendo descrita.
Contudo, independente dos pontos negativos, a história é rica e bem desenvolvida. Além do clima constante de ação, os personagens são fortes e divertidos (existem várias sacadas irônicas ao longo do texto, e eu adoro isso), e a mensagem que o livro transmite é capaz de nos fazer refletir sobre nossas prioridades, e principalmente, sobre os caminhos pelos quais nossa sociedade está trilhando.
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