Karen tem má fama na cidade. Envolvida com corridas de cavalo, dívidas que podem levá-la à falência e uma vida afetiva que segue a regra dos três encontros e nunca mais, ela não pode fracassar. No seu encalço, dois fazendeiros ambicionando tomarem-lhe a propriedade. Com a vida em risco e sozinha num lugar hostil, ela tenta sobreviver e cuidar da avó e do filho. Se for preciso, seduzirá o delegado de polícia de Matarana para protegê-la – um caubói da lei que se comporta como um xerife durão do velho-oeste americano. Mas Karen não é a única mulher em apuros. A jornalista Nova Monteiro investiga um latifundiário suspeito de aliciar trabalhadores. Abandonou o sudeste para ficar ao lado do homem que ama desde a infância. Um amor que tem tudo para não se concretizar. O que Nova não sabe, porém, é que, segundo boatos, a chuva de cinzas na estação do estio não é somente das queimadas, mas também dos corpos dos forasteiros que se metem com os poderosos da região. Assim, ela faz duas descobertas: que luta pela causa errada e que o amor verdadeiro é um sentimento bruto que pode nascer do medo. Matarana, a cidade das aparências, onde nem sempre o mocinho é bom e o vilão, mau. Um faroeste moderno com mulheres fortes, homens destemidos, pistoleiros, matadores de aluguel e paixões devastadoras. A humanidade posta à prova em situações-limite.
Editora: Multifoco l 284 páginas l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
Paixão à primeira vista. Assim que descrevo meu encanto imediato com o livro “Terra Ardente”. A capa, a sinopse e os trechos disponibilizados pela autora em seu blog me deixaram totalmente curiosa, além do fato de que, desde que passei a ler romances de banca criei um apreço especial por livros de faroeste, o que só colaborou para aumentar a minha ansiedade em ler o livro em questão. Sendo assim, criei muitas expectativas e esperei muito da leitura de “Terra Ardente”, confesso que minha estima por tal obra era tão grande, que no fundo, sabia que as chances de me decepcionar com a mesma eram grandes, não por não acreditar na capacidade da autora, mas por saber que quando se trata de um livro, as expectativas tendem a ser traiçoeiras. Contudo, para minha alegria, “Terra Ardente” foi muito além do esperado, deixando-me extasiada não só com a história, mas também, com os personagens, com o cenário e principalmente, com a escrita da autora.
“- Sabe doutor, o patrão uma vez me disse uma coisa sobre o povo desta cidade que descreve direitinho como as coisas são por aqui. Ele disse que Matarana é um vespeiro envenenado. Só que quando a gente é picado não morre por causa do ferrão; a gente se torna outra vespa e passa também a espalhar o veneno.”
Sob o sol quente de Matarana, faroeste moderno localizado no interior do Brasil, somos apresentados a duas mulheres fortes e determinadas, que em meio a intrigas e guerras de poder, trilham caminhos perigosos que podem levá-las a situações de perda e muita dor. Afinal, Karen está no meio de uma batalha territorial encabeçada pelos dois maiores fazendeiros da região, que em busca do domínio total da cidade visam (independente dos meios necessários para isso), reclamar para si sua propriedade, uma estalagem localizada em um lugar estratégico da cidade, ao mesmo passo que Nova Monteiro, jornalista que há pouco tempo chegou a Matarana, corre perigo ao insistir em investigar os meios duvidosos utilizados por um destes fazendeiros na contratação de mão de obra.
Desta forma a autora nos apresenta ao cenário incomum e intrigante de Matarana, uma cidade dominada por dois homens obstinados e poderosos, que não medem esforços para atingir seus objetivos e que por isso, ditam o ritmo da cidade. Logo de início é fácil se entregar a narrativa da autora, que não priva detalhes com relação às características da cidade, seus costumes e hierarquias sociais criadas e mantidas pelos detentores de poder, contudo a narrativa realmente flui quando Karen e Nova se envolvem de forma ativa em meio à guerra por poder que domina Matarana.
Nova e Karen representam muito bem o reflexo da mulher moderna. Elas não se deixam amedrontar facilmente e mesmo diante de ameaças e afrontas, lutam em busca da felicidade. Nova, é uma personagem que amadurece seus objetivos no decorrer da história, aos poucos ela percebe o que quer e então, passa a lutar contra suas dúvidas e medos. Já Karen é incrível, sua personalidade arredia a faz parecer os heróis com os quais estamos acostumados a lidar, sabe aqueles mocinhos que com medo de se machucar, fogem de relações que envolvem sentimentos? Pois bem, Karen é assim, sua verdadeira personalidade é amigável e bondosa, mas sua atitude com os homens a rotula com uma fama negativa, com a qual ela faz questão de não se importar.
Além de personagens femininas fortes, “Terra ardente” nos presenteia com caubóis muito envolventes, personalidades difíceis, dramas familiares, marcas e traumas do passado, são personagens tão ricos que nos perdemos entre a linha do certo e errado, de forma que aqueles que a princípio nos parecem príncipes encantados, correm o risco de perder facilmente o encanto. Entre os personagens masculinos, meu preferido, com certeza é o delegado Rodrigo, em meio à guerra de poder não declarada que aflige Matarana ele tenta proteger a cidade, e por isso tem um papel de mediador muito importante na história. Contudo, Rodrigo não nos envolve somente por fazer o papel de moço da lei, mas sim, por deixar transparecer seus sentimentos, por ser forte quando deve, mas abusar da compaixão, do carinho e do amor quando menos se espera, ele é o tipo de personagem que nos faz pensar – Cara, onde estão os homens assim?
“Ali, estava o abismo, diante dele e dormindo na sua cama, chamando-o para pular. De todas as mulheres de Matarana, a única que tinha chance de atingi-lo era a menos adequada para tal missão. Esboçou um sorriso fraco, do tipo que os lascados – sabendo-se nessa condição, sorriam. – Durma bem, perigo. – murmurou resignado…”
Além do cenário e dos personagens, a autora media as batalhas que envolvem os grandes fazendeiros de Matarana com amor. Quando Karen e Nova se vêem em apuros, elas descobrem com quem podem, verdadeiramente contar, e quando menos esperam são bombardeadas pela força do amor, que as enlaça em sentimentos complicados e, para alguns, improváveis.
“Por que está chorando? A pergunta a pegou de surpresa, e ela lutou para não desabar. – Porque não tenho ninguém. – falou, enquanto engolia uma lágrima. – Já estou chegando. – disse para acalmá-la. Ele, que quase a expulsara de sua vida. – Não demora. – pediu num gemido. Ela, que temera morrer em suas mãos.”
Ação, romance, bom humor, tudo na narrativa de “Terra Ardente” se complementa, envolvendo-nos a trama de uma forma gostosa, na qual o ritmo da leitura nos encanta com a mistura de sentimentos presentes em cada página da história. Um aspecto do livro muito positivo é a flexibilidade do tempo da narrativa. Em alguns momentos os fatos ocorrem de forma acelerada, fazendo-nos devorar as páginas do livro, ansiosos pelo desfecho da trama, em outros, as cenas são narradas com uma calma e uma riqueza de detalhes que nos envolve ainda mais em cada pormenor da trama.
Saliento também que me surpreendi com a forma da autora escrever, ela utiliza o português de uma forma rica, o que nos fascina e encanta ainda mais. Outro ponto é o final, mesmo o livro fazendo parte de uma série, “Terra Ardente” tem um desfecho suficiente para nos preencher como leitores, ao mesmo passo que, sentimos que novas batalhas surgiram nos próximos livros.
Para concluir, só posso dizer que, para aqueles que apreciam romances repletos de personagens fortes e muita ação, “Terra Ardente” é uma ótima escolha de leitura. E eu, super indico a obra. Também aproveito para agradecer à autora pela oportunidade de participar desse Book Tour, com o qual tive a oportunidade de me encantar e surpreender com seu livro.
E para todos aqueles que comentarem na resenha, fiquem atentos, pois vou sortear um Kit de marcadores contendo um marcador lindo do livro autografado pela autora!
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