Em A Culpa é das Estrelas, Hazel é uma paciente terminal de 16 anos que tem câncer desde os 13. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante — o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos —, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.
Editora: Intrínseca l 283 Páginas l Jovem Adulto l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5 ♥
“Às vezes, um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí tem livros como (…), do qual você não consegue falar – livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição.”
É incrivelmente satisfatório começar essa resenha dizendo o quanto me surpreendi com a leitura de “A culpa é das Estrelas”. Depois de inúmeras resenhas lidas e muitos comentários positivos sobre tal história concluí que me emocionaria e me apaixonaria por ela, entretanto, por já saber demais da trama, imaginei que não me surpreenderia ao decorrer da narrativa, o que, é claro, é um ledo engano. O fato é que, quando paramos para pensar no tema central do desenvolvimento da história, o câncer, inconscientemente pré-estabelecemos quais serão os tópicos essenciais da narrativa, é quase impossível não imaginar a comoção constante, as perdas descritas, as dores e emoções vivenciadas e a previsível romantização da doença. Por favor, não me interpretem mal, adoro livros assim, que tornam belos até mesmo os momentos mais difíceis e incompreensíveis da vida, contudo, foi gratificante saber que John Green não seguiu por esse caminho, que além de toda a poesia natural existente entre os extremos da vida e da morte, ele mostrou a escuridão e a dor iminente presente no câncer, mas sem deixar de lado a juventude e o bom humor dos personagens, e claro, me ganhou completamente com isso.
Hazel, 16 anos, com câncer desde os 13 é um exemplo de vida. Não pelos motivos comuns, ou seja, pela força na luta contra o câncer ou por um coração caridoso que se predetermina que pessoas em tal situação tenham, mas por sua humanidade, por sua juventude, por sua visão objetiva e direta das coisas, pela forma, até certo ponto natural, com a qual ela lida com sua doença. Durante toda a narrativa a admirei como pessoa. Ela não exalta sua doença, deixando que tal situação domine completamente sua vida, entretanto, não age como se não soubesse do seu futuro, como se não doesse pensar no limite finito de suas experiências e dias de vida. Além de tudo ela é inteligente e bem humorada, sua ironia é um marco essencial para a leveza inusitada presente na história, elemento esse que cresce consideravelmente com a aparição do jovem Augustus.
Gus, 17 anos, um ano e meio livre do câncer, dono de um meio sorriso encantador, é simplesmente incrível, o definiria como a luz em pessoa, mesmo em suas dúvidas, imperfeições e medos ele irradia simplicidade, verdade, esperança. Seu espírito livre, jovem e apaixonado é comovente e engraçado, e por isso, de certa forma, equilibra a narrativa. Quando Hazel e Gus se encontram em uma reunião de apoio para crianças e jovens com câncer tudo muda, a história cresce, se desenvolve, mostrando o passado de cada um desses jovens e levando-os por um mesmo caminho, para que construam um presente, e porque não, um futuro juntos.
Diferentemente do que pode parecer a relação entre Hazel e Gus não é em nenhum momento forçada, muito pelo contrário, ela é natural e simples, mesmas palavras que podemos usar para caracterizar a narrativa do autor. O romance e o companheirismo que surge entre o casal, desde o primeiro momento, ganha o papel principal, e mesmo sendo o câncer a uni-los, não é ele que molda a paixão dos dois. E é isso que nos faz suspirar, que comove nossos corações, que enche nossos olhos de lágrimas, o amor em sua forma mais simplória, sem cobranças, sem rancores, sem anulações, só complementações.
A emoção vivida por esses jovens, seus medos, dores, perdas, superações é incrível, e o romance então é completamente envolvente, mas o que torna o livro categoricamente único é a forma como isso tudo é apresentado, as palavras são mensuráveis, as emoções palpáveis, e o drama absolutamente concreto, ou seja, não temos nada de “efeitos cinematográficos”. Li comentários de blogueiros dizendo que não entendiam o motivo de tanto alvoroço sobre o livro, que ele não era “extraordinariamente” comovente, mas eu senti o contrário, ele é extraordinário sim, extraordinário em sua simplicidade e por isso, comovente.
Com “A culpa é das estrelas” vibrei, chorei, me apaixonei, me surpreendi, me diverti e no final, compreendi a imensidão dos valores presentes na trama. – “John Green está tudo ok, finalmente compreendi a verdadeira culpa das estrelas nisso tudo. Muito obrigada por essa história, obrigada pelo Gus e pela Hazel, eles fazem parte de mim, e sem dúvida, como o Gus queria, não irei esquecê-los”.
Quotes Preferidos
”Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas.”
“Eu sou uma granada e, em algum momento, vou explodir, e gostaria de diminuir a quantidade de vítimas (…)”
“Alguns infinitos são maiores que outros. […]. Queria mais números do que provavelmente vou ter… Mas, (…), meu amor, você não imagina o tamanho da minha gratidão pelo nosso pequeno infinito. Eu não o trocaria por nada nesse mundo. Você me deu uma eternidade dentro dos nossos dias numerados…”
Comente via Facebook