No passado, a desengonçada Maggie Herbert vivia às turras com os meninos, entre os quais o futuro duque de Rawlings, mas tudo se resumia a provocações e brigas. Agora adultos, eles se reencontram. Porém tudo parece conspirar contra a paixão recém-descoberta. Será que os jovens conseguirão vencer preconceitos – dos outros e os próprios – em nome do amor? (Rawlings 2).
Editora Record l 378 Páginas l Romance Histórico Adulto l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Retrato do Meu Coração, obra de Patricia Cabot (assinatura utilizada pela Meg Cabot em seus romances históricos), é o segundo e último livro da série Rawlings, que como o nome enfatiza narra a história dos Rawlings – os teimosos e obstinados duques de Rawlings. O primeiro livro da série, o “A Rosa do Inverno”, já foi resenhado aqui no blog e é um dos meus livros preferidos assinados sob o nome da Patricia Cabot. Divertido e sensual, o livro me ganhou logo em suas primeiras páginas, fato que também ocorreu com a história conseguinte dessa série. Ressalto que a obra Retrato do Meu Coração pode ser lida sem se fazer necessário e/ou obrigatório a leitura do primeiro livro da série, isso porque ambos livros narram histórias com início, meio e fim. Entretanto, a ligação familiar existente entre essas histórias é fundamental para uma compreensão total da narrativa, por isso, levando em conta a qualidade dos livros, eu recomendo uma leitura sequencial.
A história em destaque nos apresenta a Jeremy, futuro duque de Rawlings. Jovem e mimado, ele sabe aproveitar as regalias geradas por seu título, contudo sua personalidade determinada e teimosa (em parte incentivada pela criação de sua tia Pegeen, em parte oriunda da família do seu pai) é o que prevalece em suas atitudes. Por incrível que pareça seu futuro é incerto, a sua única ocupação é ser o “futuro duque” e o peso dessa obrigação o leva por caminhos tortuosos. No geral o que Jeremy precisa é amadurecer, mas quem disse que essa tarefa é fácil? Ele representa o papel exato da imaturidade juvenil, ele quer, ele deseja e apenas por isso acredita que deve ter. Contudo, quando seu coração é tomado por uma paixão impossível ele assume que precisa de mais, que precisa ser merecedor desse sentimento e para isso toma uma decisão fundamental para a construção do seu futuro.
Maggie, amiga de infância de Jeremy, não pode ser considerada uma perfeita “jovem dama”. Seu espírito livre e artista almeja por uma realização profissional quase impossível para a época, e diferentemente de suas irmãs, sua prioridade não é casar e ter filhos, mas sim, seguir seu sonho e lutar por ele. Temos aqui mais uma mocinha que foge dos padrões sociais de sua época, entretanto essa “fuga” não é fácil. Pela primeira vez vi que não tivemos uma grande suavização dos fatos. Quando Maggie opta por lutar por seus sonhos ela enfrenta a rejeição, a perda de laços familiares e sociais, de forma que muitas vezes, ao longo da narrativa, nos emocionamos com sua aflição e nos surpreendemos com sua descrição detalhada das lutas e medos pelos quais passou em nome do seu sonho. De fato, por bem menos que isso, me encantei com a personagem. Simples, sincera, forte e batalhadora, ela nos envolve em sua história, isso sem mencionar seu bom humor e a sua língua afiada que nos reservam boas risadas.
O livro pode ser resumido em duas partes. A primeira delas datada da juventude de Maggie e Jeremy, do reencontro desastroso dos dois que antes estavam afastados pelos estudos do jovem duque. Nesse momento as brincadeiras infantis são substituídas por sentimentos desconhecidos, e a amizade sede lugar ao desejo. Separados pelo destino eles se encontram alguns anos depois, mais maduros e , momento em que o leitor é apresentado a segunda parte da trama. Ponto para a autora! Só posso tecer elogios sobre a sua escrita, as idas e vindas da narrativa entre o presente e o passado são deliciosas, e só nos fazem torcer ainda mais pelo casal. Outro ponto positivo que reparei é que não foram feitas muitas mudanças no texto, a tradução seguiu uma linha natural, o que chegou a me espantar quando li a utilização de um palavrão no texto da Meg/Patricia, isso porque quando de trata dos livros da autora esse tipo de palavra geralmente é substituída, então, agradeço a editora por não censurar a integridade do texto.
“Todo o seu trabalho daquela noite, a socialização com os convidados, os sorrisos… para quê? Para nada, porque Jeremy Rawlings, aquele patife brigão e arrogante, aquele maldito filho da puta – sim, era o que ele era, um filho da puta -, arruinara tudo!”
A evolução dos acontecimentos narrados segue um roteiro predeterminado, mas como de costume, a autora nos surpreende acrescentando à história doses de ação e pitadas de suspense. Como já li alguns livros da Meg/Patricia nesse estilo, sei que seus finais são previsíveis quando se trata da evolução da narrativa, mas isso se tornou um detalhe mínimo perto das intrigas familiares e da superação dos personagens principais descritos neste livro. Eu amo isso, personagens que evoluem durante a história, que erram e se machucam, mas que aprendem com as falhas, personagens imperfeitos como nós, leitores, e esse elemento acrescentado a problemas familiares, mesmo que mínimos, é tudo o que espero de um livro.
O romance só vem a acrescentar, é tão lindo, um sentimento jovem e imaturo e ao mesmo tempo, complexo e sólido. A autora acertou nos personagens, suas características se completam com a delicadeza de um elefante, ou seja, eles brigam, discutem, teimam um com o outro, mas se amam, quer coisa melhor?
Sou suspeita para falar porque amo esse gênero literário, mas adorei o livro e sem dúvida o favoritei. Não sei dizer se gosto mais desse do que do primeiro livro da série, mas sei que ambos alegraram meu coração com a leveza do romance e com a intensidade de seus personagens. Uma leitura simples e gostosa, perfeita para quem quer se aproveitar de uma boa dose de emoções conflitantes.
Quotes Preferidos
“Não acha que ela serva para mim?. Calmamente, Edward começou a vestir o paletó. – Pelo contrário – respondeu, num tom gentil que contrastava com as palavras duras que pronunciou. – Maggie seria uma esplêndida duquesa. É você, meu rapaz, que não serve para ela. (…). Não, você não merece Maggie, ou qualquer outra mulher decente, porque não passa de um vadio”
“-Você tem ideia do quanto é difícil – perguntou ele, com dentes cerrados – pedir em casamento uma garota que acabou de chamá-lo de idiota miserável?”
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