vezes você já ouviu ou leu a frase “final
de ano, tempo de reflexão…”? Várias, tenho certeza. De fato, o final do
ano representa isso, um período no qual criamos novas metas utilizando como
base os sucessos e as falhas do ano que se passou. Pensando nisso, hoje, ao ser
pega de surpresa com a queda da minha estante (- sim, ela desmontou; fui almoçar e ao entrar no meu quarto me
deparei com todos os meus livros no chão) me vi avaliando os livros que li em
2012, relembrando os que me marcaram, aqueles de que mais gostei e alguns que
me decepcionaram. Enquanto isso as frases que comumente surgiam em minha mente
eram: “-Li tantos elogios sobre esse
livro”; “- Me falaram que esse livro
era tão bom;” “- Desse eu sem dúvida,
iria gostar, afinal fulano caiu de
amores por ele”, discursos que se resumidos em apenas uma palavra são
perfeitamente definidos como expectativas¹.
fundada em promessas, viabilidades ou probabilidades: a expectativa de um bom
negócio. Ansiedade, esperança: estar na expectativa de …” (Fonte).
diga, qual é o leitor que não cria algumas expectativas em seu primeiro contato
com um livro que parece ter o poder de envolvê-lo? É comum nos apaixonarmos a
primeira vista pela capa de uma obra, ou nos deixarmos influenciar por
comentários (comerciais ou não) feitos sobre a mesma, isso sem comentar as
associações que realizamos entre novos livros que se parecem ou se baseiam em
nossos livros preferidos. Por exemplo, quando me apaixonei por Jogos Vorazes, eu passei a ver a emoção que a trilogia gerou em mim em todas as outras
distopias que foram lançadas conseguintes a essa trama, de fato, acabei
comprando outros livros dessa classe esperando
que eles fossem tão bons quanto a história escrita por Suzanne Collins. É claro
que gostei de outros livros do gênero distópico que li, mas nenhum deles pode
ser comparado diretamente com o fervor criado por Jogos Vorazes, assim, seria
impensável da minha parte confrontá-los, mas não foi exatamente isso que me
incentivou a lê-los? A comparação, a busca por semelhanças? Então, eu poderia
reclamar das eventuais decepções se foi exatamente eu, e mais ninguém, que exigi muito desses livros?
sobre isso não consegui parar de pensar no quanto é negativo a criação de expectativas. Graças a esse sentimento
deixamos de avaliar um livro por sua essência e passamos a julgá-lo com base em
nossas perspectivas, se imaginamos um final para determinado livro e a
realidade se mostra distinta disso, muitas vezes não conseguimos avaliá-lo sem
deixar de levar em conta nossas esperanças e anseios. Indo ao estremo, do ponto
de vista de um leitor, o quanto é favorável para a leitura de uma determinada
obra a leitura prévia de resenhas sobre a mesma? E olha que sou blogueira, amo
resenhar livros, mas mesmo assim, me peguei pensando, será essa a melhor forma
de falar sobre uma história?
geral, existem dois lados da moeda. A exposição de determinados livros, tanto
via resenhas, comentários ou posts de caixinhas
de correio nos deixam cientes da infinidade de obras literárias que temos
ao nosso dispor, informações que alimentam nossa curiosidade literária nata. Contudo, quando somos expostos em
demasia a essas informações (levando em conta as que não revelam partes
essenciais da trama) somos incentivados, mesmo que indiretamente, a criarmos expectativas
a respeito de certas obras, e estas esperanças, que são intrínsecas a cada
leitor, quando não supridas podem gerar uma imagem deturpada sobre a real
qualidade de um livro. Ora, se você lê por aí que um livro é emocionante, o
melhor do ano para determinada pessoa, que a mesma não se conteve em choro e
sentimentalismo durante toda a leitura e, quando tem sua própria experiência
com a leitura não vive nada disso,
pode criticar o livro, não porque ele não te agradou, mas porque ele não fez
jus ao que você esperava dele com base na experiência de outro leitor.
me pergunto: Qual o melhor caminho para
não criar tantas expectativas com relação aos livros? No meio em que vivo é
impossível ficar alheia a chuva de informações literárias ao meu redor, mas ando
trabalhando em métodos que possam me ajudar a ficar quase “imune” a esse tipo
de decepção (a que é baseada nas minhas expectativas pessoais). E foi essa a
conclusão que cheguei ao ver meus livros espalhados pelo meu quarto. Desde o
começo do ano evolui como leitora e principalmente como compradora compulsiva
de livros (Lembra que já falamos sobre isso aqui
no blog?). No geral ando mais atenta aos meus gostos e predileções, evitando
empolgações momentâneas e passageiras. Isso me faz evitar a criação de certas expectativas,
mas não me deixa indiferente a elas.
que vou continuar a criar expectativas, que vou continuar a me decepcionar por
causa delas, contudo, me vejo uma leitora diferente por estar ciente disso, por
compreender que a avaliação final de um livro deve estar longe do que eu espero
dele. De fato, o que deve importar é a mensagem transmitida pelo autor e como a
mesma me tocou. Tenho tentado transmitir isso em minhas últimas resenhas e
mais, tenho me permitido avaliar as obras sem considerar o que já li sobre
elas. Isso anda me fazendo muito bem, já que acabo me surpreendendo mais com os
livros lidos. Se fim de ano é tempo de reflexão e autoaprendizagem, esse é um
amadurecimento e um desejo que levo para 2013: – “Nada de expectativas literárias para mim, por favor!”.
só falta um vídeo com minhas maiores expectativas do ano, quem curte?
Comente via Facebook